CAPÍTULO 09

26 4 12
                                    

Maio de 1835 – Reino das chamas.
              Darren.

    Depois que Maya aceitou o laço de parceria, eu estava nas nuvens. Meu destino a partir de agora era ser rei e me casar com a mulher mais linda do reino.

Eu era dois anos mais velho que Maya, aos olhos da minha mãe isso seria completamente errado, mas meu pai me apoiaria até se tivéssemos 10 anos de diferença, ele só queria me ver feliz logo.
  
Quando nos beijamos, senti uma ardência, foi como uma corrente elétrica percorrendo meu corpo. Principalmente ali em baixo.
    
Pensei em levá-la para seu castelo, mas eu tinha coisas mais importantes para fazer. Como por exemplo: ir falar com a mãe dela.
     
Procurei a rainha alguns dias atrás lhe fazendo uma proposta, a manipulei para que me ajudasse a forçar um laço para Maya e para mim.

De início ela recusou, pois seu marido havia ido embora por conta disso. Falei que não seria tão descuidado, seria melhor eu sendo o parceiro dela do que qualquer ralé dos outros reinos, ou até mesmo o órfão de Brishighet, ele era mais velho, de qualquer jeito a rainha não deixaria.

Ela me encarou por alguns segundos, fez algumas caretas mas finalmente cedeu. Maya seria minha. O que mais eu iria querer? Ah sim, eu queria tudo, queria que tudo fosse meu. Mas ninguém poderia saber, e eu estava fazendo esse papel muito bem.
    
Entrei na floresta e esperei pela rainha, que não demorou muito a chegar. Trouxe com ela uma tigela e  alguns colares e fios de cabelo de Maya, para que fizéssemos o feitiço.
 
  –Eu não tinha como pegar sangue dela sem lhe contar o motivo – disse ela.
   
–Tudo bem, senhora. O importante é que dê certo.
   
–Vai dar sim. Coloque sua mão aqui – disse apontando para cima da tigela que colocou em um pedaço de tronco de árvore.
  
–Isso vai doer – disse e cortou minha mão, fazendo jorrar sangue dentro da tigela. Quando tinha a quantia suficiente, amarrou com força um tecido em volta do ferimento.
    
–E agora?
 
   –Agora mexemos bem os pertences de Maya com seu sangue, eu digo algumas palavras, coloco esse anel que você dará a ela amanhã e despejo o sangue na terra.

    Me afastei e olhei a bruxa fazer seu feitiço.
     –Deos noctes rogo, ut harum creaturarum unionem recipias, ut pacem confirmes.  Has duas animas fac simul, unam faciens.  Do tibi hunc anulum, ut amuletum illius amoris utaris.
    
Caralho, isso é latim?

    Vi um raio no céu escuro, me tremi na hora. Ela espalhou meu sangue pelo chão, os colares de Maya e os fios de cabelo ela os enterrou bem fundo. O anel ela limpou com a água de uma jarra, até não ter mais nenhum sangue.
  
  –Agora eu tenho que dar esse anel a Maya, e será feito?
   
–Sim.
  
  –Não está com a consciência pesada, rainha?
   
–Nunca mais falaremos sobre isso, entendeu? Essa noite foi a última que falamos sobre esse assunto.
     
Sorri e assenti. Agora Maya seria legitimamente minha. Sem rodeios. Isso a faria nunca encontrar seu verdadeiro parceiro? Sim, com certeza. Mas era exatamente isso que eu queria.

Eu vou ser o rei do reino das chamas, vou ser a pessoa da qual todos terão medo. Mas com certeza seria um bom marido, não poderia perder aquela mulher que Maya se tornaria em breve.
    
Sai da floresta disfarçando, sem sorrir ou algo assim. A rainha saiu por outro lugar, um que dava passagem direta ao castelo. Não tínhamos sido vistos juntos, até então.
   
Fui em direção a tenda que dormia alguns garotos e eu. Estavam todos dormindo, por incrível que pareça. É compreensível, já que o treino havia sido puxado dessa vez.

Coroa de Sangue: Uma Vingança | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora