2 - Irina

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— Eu não tenho dono algum! — Retruquei e ele levantou a mão para me bater. Levantei os olhos e o encarei. Ele tinha olhos negros como a noite, uma cicatriz num dos olhos, mas que não o cegaram.

— Entra logo, vagabunda!

— Não! Eu não vou ser brinquedo de ninguém! Quero falar com o responsável por esse lugar!

Fui pega pelo braço, mas continuei lutando.

Um homem saiu pela porta na qual eu deveria ter entrado. Era um homem de aproximadamente cinquenta anos, meio barrigudo, com um terno que não estava bem nele, mas era de bom material. Isso eu sabia ver, pois meu pai adorava ternos caros.

— O que está havendo? Bote logo a minha mercadoria aqui dentro! — Ele reclamou e o homem de olhos negros me segurou com mais força.

— Não! — Eu continuei e logo senti uma bofetada no meu rosto, que me fez virar a cara.

— Eu paguei caro por você, vadia! E eu vou usar você até eu me cansar, essa noite!

— Não! — Eu continuei. Eles podiam me espancar, mas eu não iria desistir!!

Então, o homem que me segurava pelos braços me pegou pela cintura, mas um barulho atrás dele fez com que ele se virasse e eu vi aquele homem de antes, o grandão com a loira. Ele parecia mais do que irritado.

— O que está havendo aqui? — Ele perguntou numa voz de trovão. Ele estava vestido todo de preto, com um casaco pesado, os cabelos escuros, curtos e os olhos muito azuis. Pareciam olhos de gelo, não só pela cor, mas pela expressão dele — Eu fiz uma pergunta, Ivan!

— Perdão, chefe. Mas essa aqui é arredia!

— É a Karev? — Ele perguntou e o tal Ivan, que me segurava, concordou. Então, o homem de olhos azuis, o "chefe", se aproximou de mim e segurou o meu rosto pelo queixo, apertando. Ele não disse nada por um tempo, apenas me olhou — E qual é o problema, aqui?

Eu fiz força para poder falar e ele afrouxou o aperto.

— Senhor, está havendo algum engano, aqui — Eu comecei, apesar de ter ouvido claramente ele dizer o meu sobrenome. Talvez fosse outra "Karev".

— Um engano, você diz? — Ele perguntou e franziu a testa. Ótimo, eu tinha a atenção dele.

— Sim. Eu não entendo o que está havendo aqui. Uma hora eu estava saindo da faculdade, e em outro momento estou aqui. Eu não entendo. Não tenho qualquer envolvimento com esse... tipo de atividade — Eu disse, olhando em volta. A mulher loira me olhava com desdém.

— Irina Karev? — Ele perguntou num tom neutro.

— Sim, senhor. Meu nome é esse, mas...

— Então não há engano algum — Ele fez sinal para o tal Ivan e este voltou a me erguer e me virar, em direção ao quarto daquele velho asqueroso!

— Não! Por favor! — Eu gritei e bati os pés. Quando o velho se aproximou de mim, eu o chutei no meio das pernas.

— Aaah! Sua...— ele caiu ao chão e Ivan me soltou, virando-me, pronto para me acertar. Eu fechei os olhos dessa vez. Ele era imenso.

— Por favor! Eu não quero isso! — Eu falei e então, nada aconteceu. Eu conseguia ouvir o homem ainda ao chão, choramingando. Belo uso que eu dei para aquele salto de bico fino.

— Levem-na para a outra sala. E Sr. Krakov? Eu o reembolsarei por isso, além de pagamento pelos danos — Eu ouvi o "chefe" falar, antes de ser levada para outra sala, jogada lá e trancada. O que eles fariam comigo?

Fiquei ali por algum tempo, mas não sei quanto, pois não havia relógios por ali. Eu só conseguia pensar no meu pai... ele devia estar super preocupado!

Finalmente, ouvi a porta ser destrancada. O tal Ivan e um outro homem, de cabelos muito loiros, quase brancos, entraram.

— Vamos — Ivan falou, grosseiramente.

— Para onde?

— Não é da sua conta! Obedeça! — Ele levantou a mão — Ou eu vou te deixar uma bela marca nesse rostinho bonito!

Dessa vez eu obedeci. Mas se ele me levasse para outro homem, eu faria um show, de novo. E ele ia poder me bater o quanto quisesse!

Andei por corredores até chegar a uma porta que dava para o lado de fora. Estava um frio infernal! E eu com aquele vestido micro... que tormento! Pelo menos não demorou muito a acabar, pois a porta de um carro imenso foi aberta e eu fui mandada para dentro.

Sentei-me, ouvi a porta se fechar e, ao olhar para frente, vi que o mesmo homem imenso de olhos azuis estava ali, mas a loira, não.

Ele me olhava de maneira intensa e eu senti como se ele pudesse entrar na minha mente, por isso, desviei o olhar.

— O que está havendo aqui? — Eu perguntei. Ele nada respondeu. Mais alguns segundos e nada, então virei o rosto para poder olhá-lo e ele ainda me encarava.

— Já que não quer aquele serviço, terá outro — A voz dele, apesar de sedutora, era também amedrontadora. Grave, forte e tinha um toque de deboche.

— Qual?

Ele sorriu de um jeito sinistro e eu senti o meu corpo todo gelar por dentro. Aquele homem podia ser lindo como um anjo, mas eu sabia que ele era o cão!

Nikolai - Paixão Irresistível - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora