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Como eu esperava, não tive nenhuma resposta dela.

- Você acha que ano que vem a escola vai ser melhor? - Escuto Alexia perguntar e eu suspiro, desligando o celular aberto na conversa de Stephanie.

- Eu espero que sim. - Eu digo e Lexi se senta ao meu lado.

- Ela ainda não disse nada? - Ela pergunta e eu balanço a cabeça negativamente, já faziam dois dias desde que enviei aquele áudio - Sabe Ce, eu acho que tá na hora de você esquecer a Stephanie. Isso só vai te machucar.

Lexi coloca a mão em meu ombro e eu suspiro pesado levantando da cama irritada.

- Eu disse pra você Lexi, eu tô bem, eu não tô machucada. Sei que Stephanie tem os motivos dela pra agir desse jeito e consigo perceber que ela sente alguma coisa por mim.

- Cecília, eu entendo. Mas como você tem essa certeza? E se você só estiver se iludindo?

Eu bufo e cubro meu rosto.

- Não quero falar disso, Alexia. Tô cansada.

Ela levanta e segura sua bolsa.

- Bem, já que estamos de férias, vamos sair. Tomar um café. Sei lá, qualquer coisa. - Lexi diz e eu concordo.

- Abriu um Starbucks aqui perto, quer ir? É o olho da cara mas pelo menos é algo diferente. - Lexi dá de ombros e saímos de casa rumo ao Starbucks. Alexia estava evitando falar sobre Naithan, eu percebia que ela estava querendo esquecer tudo que havia acontecido e eu estava apoiando nessa decisão. Como um recomeço.

[...]

Estar no Starbucks me faz ter a sensação de que estou dentro de uma fanfic adolescente de BTS onde me encontro com um coque frouxo e um moletom aleatório calçando um vans, sem julgamentos, a pré-adolescência pode ser sombria.

- Acho que vou pedir um Frappuccino- Alexia diz e eu arqueio uma sobrancelha.

- Você sabe o gosto disso? - Eu pergunto.

- Não, mas tem a primeira vez pra tudo.

Eu rio e observo o cardápio, decido provar um chá preto qualquer. Pegamos nossos pedidos e fomos em direção à uma mesinha, observando o Starbucks, percebo várias pessoas de aparência riquinha. Bem, pelos notebooks e pessoas de terno naquele lugar, essa observação parece óbvia.

- Gostou? - Eu pergunto vendo Lexi beber.

- É bom, mas acho que deve enjoar com o tempo. - Ela diz e eu bebo o meu.

- Nossa - Eu digo e olho pro copo - isso aqui é muito bom.

- Deixa eu provar! - Eu dou o copo pra ela e ela bebe um pouco, fazendo uma expressão surpresa - Uau, achei que por ser misturado com limonada e Blueberry fosse ser ruim.

- É maravilhoso, eu amei. - Eu bebo mais.

- Ai me recuso, vou pegar um desse também. - Lexi se levanta e antes que eu possa avisar, ela esbarra em um garoto e derruba um pouco do café nele.

- Puta merda. - Eu solto e cubro a boca observando a expressão irritada do menino ao ver sua camisa manchada.

- Aí cacete, desculpa, eu juro que não te vi. - Lexi começa a dizer e o menino a encara, sua expressão parece se suavizar um pouco e ele revira os olhos ajeitando a case de guitarra em suas costas, Lexi parecia acuada - Se quiser eu te pago um café, eu...

- Tudo bem. - A voz dele era grossa - Não precisa me pagar um café, só me dar seu número.

- Isso é sério?! - Eu solto e vejo os dois me encararem, eu me calo e seguro meu copo bebendo meu chá preto quieta observando a cena de fanfic que eu tinha imaginado antes de virmos, ele só não era um membro do BTS.

Lexi volta a encara-lo, ela estava corada e meio sem jeito.

- Eu não sei se é uma boa ideia, eu não...

O garoto de cabelos tingidos de vermelho segura a mão de Lexi, colocando o celular dele em cima da mesma.

- Só quero seu número porque você vai me pagar uma nova camisa, café mancha e a minha camisa é branca. - Vejo Lexi ficar mais vermelha ainda.

Ela segura o celular do garoto colocando seu número ali.

- Vou te mandar mensagem depois. - Ele pega o celular de volta.

- C-Como eu salvo seu contato? - Lexi pergunta meio envergonhada antes que ele se vá.

- Daniel. - Ele diz e se vira, indo em direção à saída.

Lexi se senta novamente, tentando ignorar os olhares das outras mesas, com minha bebida já no fim, eu coloco o copo de lado e cruzo os braços olhando pra mesma.

- Sério, o que foi isso? - Eu digo.

- Eu fazendo merda. - Ela responde e eu reviro os olhos.

- Não isso, mas tô falando do jeito que ele te olhou! Aquele lance de você comprar outra blusa foi desculpinha só pra ter seu número, certeza! - Dessa vez é ela que revira os olhos com meu comentário.

- Cecília, você costuma ver coisa demais em olhares. O garoto parece um bad boy deve procurar alguma menina rebelde ou já ter namorada, sei lá, e eu não quero me relacionar com ninguém no momento. - Lexi bebe o restinho do café que permaneceu no copo de vidro que felizmente ela não deixou cair.

- Bem, ele era bonito. - Ela assente meio pensativa.

Pedimos algo para comer e um tempinho depois fomos embora. Me despedi de Lexi no meio do caminho e fui em direção à minha casa com as mãos no bolso do casaco que eu usava, meio cansada. Meus planos pra essa tarde seriam simplesmente maratonar alguns doramas da minha lista enquanto acabo com aquele sorvete de iogurte e frutas vermelhas que me esperava na geladeira, e isso teria acontecido se Stephanie não estivesse em frente a porta de casa.

Eu paro na rua observando sua figura meio insegura se tocava a campainha ou não, o que acho verdadeiramente fofo. Ela parece desistir e se vira, me flagrando observando a mesma.

- Oi.

Eu sou a primeira a dizer, ela desvia o olhar fitando o chão sem jeito.

- Oi...

Ela responde baixo e eu me aproximo mais, mantendo uma distância segura.

- O que veio fazer aqui?

Eu pergunto, meio ansiosa e meio com medo da resposta. Stephanie era instável, eu sabia disso. E, por enquanto, eu precisaria ter cuidado com o que dizia perto dela, não quero forçar nada para não assusta-la e nem mesmo fazer com que ela se sinta desconfortável perguntando sobre aquela ligação, ou se ela está bem, já que pelo o que parece, ela não gosta nem um pouco dessa pergunta.

- Eu... - Ela demora, pensativa - Eu vim perguntar se...você, bem, queria sair comigo.

Eu travo com a pergunta, isso poderia significar tanta coisa. Por acaso seria um encontro?

- Sair? - Eu digo e minha voz sai mais surpresa do que eu imaginava.

- É, dar um passeio. Conversar. - Ela me encara por alguns segundos antes de desviar o olhar para o chão novamente, suspirando.

Eu não sabia exatamente o que aquilo significava, mas sabia que se eu não fosse, eu me arrependeria muito.

- Claro, pra onde vamos?

Eu odeio amar você.Onde histórias criam vida. Descubra agora