Você não me conhece

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POV Carolyna

Depois de brincar, desenhar, cantar e contar histórias para as crianças, decido ir embora.

- Vamos? - digo à Priscila depois de me
despedir das crianças.

- Sim! - se limita a dizer.

Olho no relógio. Já eram 6 da tarde. Fiquei
praticamente o dia todo com as crianças.
Sempre vinha visitá-las. Eu amava essas
crianças. Todos podem não acreditar que
uma garota mimada, fútil e vazia, como
todos julgam ser, goste de estar entre pessoas simples. Mas eu realmente não importo. Eu amava estar ali. Entro no carro e Priscila faz o mesmo ainda em silêncio.

- Pode me levar direto para casa.

Ela apenas assente. Ela estava estranha.

- Priscila? - ela me encara. – Você está bem? - arqueio a sobrancelha.

- Sim! - encolhe os ombros.

Franzo o cenho, mas dou de ombros e olho as luzes da cidade passarem rapidamente pela janela do carro.

- Não sabia que ia àquele orfanato. - diz
quebrando o silêncio que se instalara.

Dou um sorriso de canto.

- Eu amo aquelas crianças!

Ela sorri e balança a cabeça negativamente.

- O que foi?

- É que eu não imaginava que uma garota
como você ia à um lugar como aquele.

- Uma garota como eu? - arqueio a
sobrancelha, cruzando os braços.

Ela dá de ombros e ri.

- Sim, tão... Mimada e egoísta.

Dou uma risada irônica.

- Você não me conhece, Priscila Caliari! -
digo e saio do carro quando ela estaciona em frente ao meu prédio.

Entro no meu apartamento e me jogo no sofá. Tiro meus sapatos, mas antes que eu possa fazer qualquer outra coisa, meu celular toca. Reviro os olhos e o atendo sem ao menos ver de quem se tratava.

- Alô?

- Filha? - sorrio.

- Oi, pai!

- Como você está?

- Bem e o senhor?

Ele ri.

- Senhor não, minha filha! Não estou tão
velho assim! - rio. - E como está lhe dando
com Priscila?

Reviro os olhos.

- Ela é uma idiota! - meu pai ri. - Por que
contratou ela, uma mulher, pai?

- Ela é uma das melhores dos EUA, filha.

- Sei!

- Mas sabia que iriam se dar bem. – eu riviro o olho. – Você vai a festa dos de lucas, não é?

- Eu não sei, pai! Sabe que odeio festas e
lugares cheios. - resmungo.

– Eu sei, filha, mas sabe que o senhor de lucas conta com nossa presença.- suspiro.

- Tudo bem, pai! Eu vou!

- Certo! Lembre-se de levar Priscila junto com você!

- Sério? - resmungo.

- Sim! - ele ri. – Até mais, querida!

– Até, pai! – resmungo e desligo a chamada.

Respiro fundo. Eu realmente não queria
ir à festa dos de lucas. Mesmo convivendo
diariamente com pessoas ricas e poderosas,
eu sabia que não fazia parte daquilo.
Mimada e egoísta. As palavras de Priscila vêem em minha mente e eu sorrio. Era sempre assim. As pessoas achavam que eu era como minha madrasta ou como minha meio irmã.

Mas Priscila não me conhecia e eu iria mostrar à ela que eu era diferente.
Deixo esses pensamentos de lado e vou tomar um banho.

[...]

O senhor de lucas era dono de uma fundação e era um grande amigo da família, por isso meu pai insistira tanto na minha presença em sua festa. E agora, me olhando no espelho, eu sabia que qualquer pessoa notaria que eu não queria estar naquela festa. Termino de fazer meu cabelo e começo a fazer a maquiagem. Minha convivência com Priscila tem se tornado
cada vez mais impossível, o que não deixa de ser hilário na maioria das vezes. Ela sempre com aquele sorriso debochado e jeito que ela me protegia, me dá nos nervos.

Termino de me maquiar. Delineado preto nos olhos e na boca um batom nude. Deslizo meu vestido em meu corpo. Ele era
preto, tomara que caia. Coloco um colar,
pulseira é anel, acompanhado pelos brincos. Coloco meus saltos pretos e pego minha pequena bolsa. Dou mais um rápida olhada no espelho respiro fundo. Pelo menos Kelvin estaria na festa. Sorrio. Ouço batidas frenéticas na porta e reviro os
olhos. Priscila.

Abro a porta e arqueio minha sobrancelha ao notar a sua beleza formalmente em um terno preto. Tudo bem, não vou negar, Priscila conseguia ser muito atraente quando queria. Ela passa seus olhos por todo meu corpo e sinto o calor estranhamente tomar conta.

- Você está linda, Borges! – ela sorri.

E que sorriso!

- Obrigada! Você também não está nada mal! - dou de ombros e ela ri.

Fecho a porta do apartamento.

- Vamos? - pergunto.

POV Priscila

- Vamos? - ela pergunta.

Assinto.

Ela anda em minha frente e aproveito a deixa para admira-la. Como queria tocar todas essas curvas! Franzo o cenho. Que droga eu estava pensando?

Entro no elevador e as portas do mesmo, se
fecham no mesmo instante. Me pego mais
uma vez observando seu corpo.

O que eu não faria com ela?

Admiro seu rosto.

Seus cabelos, seus olhos pretos e sua boca
convidativa deixava qualquer homem e
mulher à sua mercê. Mas infelizmente ela estava presa naquele babaca, vulgo Bill. Bufo.

- Priscila? - ouço sua voz e saio dos meus
devaneios. - Vamos?

Percebo que as portas do elevador já estavam abertas. Assinto e saio do mesmo.
O perfume doce e agradável de Carolyna
entram pelas minhas narinas assim que
entramos no carro. Logo dou partida no
mesmo. Tudo bem, eu tinha que parar de pensar em Carolyna e simplesmente fazer o meu trabalho.

Depois de alguns poucos minutos, estaciono
em frente à grande casa do senhor de lucas.
Olho para Carolyna e percebo o quanto ela
parecia nervosa, pois apertava suas mãos
uma contra a outra e as vezes as passavam
sobre sua coxa.

- Nervosa? - pergunto quebrando o silêncio.
Ela me encara e sorri fraco.

- Não, eu... - ela suspira. - Eu não queria estar aqui. Isso tudo não faz parte de mim. Eu... Não sou como eles.

Franzo o cenho.

- Pensei que... - ela me interrompe.

- Só por que minha família é cercada de
pessoas importantes não quer dizer que eu
seja como eles, Priscila!

Balanço a cabeça negativamente.

- Melhor entramos! - ela diz e sai do carro.
Suspiro e a avompanho.

Meu porto seguro - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora