Minha mãe

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POV Carolyna

Priscila sai do quarto, me deixando sozinha
com ela. Minha mãe. Ela mexia nervosamente nas mãos e não me olhava nos olhos, mas era possível ver dor e arrependimento estampados em sua
expressão.

- Você... - ela pigarreia. - Você é... Tão linda!

Suspiro e digo:

- Meu pai diz que me pareço com você. - ela
me olha e sorri fraco.

Realmente éramos parecidas. A mesma cor
de cabelo. Olhos castanhos e pele branca. O
formato do rosto e até mesmo o sorriso.

- Fi...- ela hesita. - Carolyna, eu... - ela me olha e vejo lágrimas grossas descerem de seus olhos.

Me levanto com dificuldade e me aproximo
dela ainda receosa.

- Carolyna... Me desculpe! - franzo o cenho.

- Pelo o quê?

- Sei que não é fácil para você. Afinal, a
mulher que deveria estar morta, está bem
aqui na sua frente e todo passado veio à tona. - suspira dolorosamente. - Eu só quero que saiba que eu não te abandonei. Eu te amo, minha filha! Muito! Não sabe o quanto desejei esse momento. De poder, finalmente, olhar para a bela mulher que se tornou. Me perdoe! - não impeço que as lágrimas caiam.

- Sei que Kellen me tirou de você quando eu
era apenas uma criança. Eu sei de tudo! Sei
que... Não me abandonaria.

Ela me olha com um brilho nos olhos.

- Po-posso te abraçar?

Sorrio, assentindo.

- Claro! - digo e a abraço apertado.
Suspiro.

Minha mãe!

Eu finalmente tinha alguém para me abraçar e me dar conselhos. Seu abraço era caloroso e aconchegante. Eu sabia que a amava. E tinha certeza, que não era culpa dela o que vivemos. Sei que ela nunca me deixaria.

- Não sabe o quanto esperei por isso! Não
sabe o quanto rezei para que finalmente eu
pudesse te tocar e cuidar de você, minha
menininha.- ela acaricia meus cabelos.- E que não é mais uma menininha.

Rimos.

- Eu te amo, minha filha! - ela soluça. - Hoje é o melhor dia da minha vida.

- Eu também... Te amo... Mãe! - sorrio e ela
chora, me apertando ainda mais em seus
braços.

- Filha? - ouço a voz do meu pai e eu e minha mãe nos afastamos com sorrisos singelos.

- Pai! - o abraço.

Ele sorri, me apertando em seus braços
aconchegantes. Me afasto de seu abraço e só então percebo seu olhar à minha mãe. Sorrio de canto.

- Ela é linda, não é, pai? - provoco.

Ele pigarreia e pela primeira vez, vejo meu
pai corar.

- Si-sim! - ele fala nervoso. - Filha, tem uma
pessoa querendo falar com você. - franzo o
cenho.

- Quem?

- Venha!- meu pai fala a alguém, e depois olha para minha mãe, que assente, se despedindo de mim com um beijo na testa.

Depois dos dois saírem, vejo a dona de
cabelos loiros entrar no quarto.

- O que faz aqui? - rosno.

- Carol...

- Se veio para mais alguma...

- Só...Só me escuta! - pede. - Posso? - aponta
para uma poltrona.

Assinto desconfiada e ela se senta. Arruma a bolsa de couro preta em seu colo e suspira.

- Eu vim... Me desculpar!

Arregalo os olhos, mas não deixo de soltar
uma risada nervosa.

- Vitória...

- Carol, eu não queria nada com ela. - diz
por fim. - Eu só queria te provocar... Como
sempre. Me desculpa! - ela seca uma lágrima de seus olhos. - Sei que tem todos motivos para não acreditar em mim e eu não te culpo por isso. Você tem toda razão. - ela se levanta. - Olha, me desculpa por tudo.
E... Com toda essa bagunça... - balança a
cabeça negativamente e eu me aproximo, a
envolvendo com meus braços.

- Calma!

- Ela é minha mãe, Carol! Eu não acredito
que ela fez isso com você. Com vocês. Ela é um monstro! - chora desesperadamente.

- Por favor! Se acalma! - suspiro. - Olha... Eu te perdôo! - respondo sincera.

- Eu me sinto tão aliviada! Prometo não
me aproximar de Priscila. - diz, depois de se
acalmar.

Rimos.

- Assim espero, irmãzinha! - pisco e ela cora envergonhada.

- Eu conheci alguém. - cora ainda mais e eu
controlo o riso.

- Safadinha! - rio e ela nega, rindo.

- Vitor. - morde o lábio inferior. - É o nome
dele. - suspira. - Ele... Nós...

-Já entendi tudo! - sorrio maliciosa e ela
revira os olhos.

Rimos e ela me olha.

- Nunca pensei que fossemos estar um dia
juntas. Sem discutir e tudo mais. Sempre nos odiamos.

- Você me odiava.

Ela suspira.

- Eu sempre te admirei, mas, minha mãe... -
ela fecha os olhos com força. - Kellen, não me deixava se aproximar de você. Ela sempre enchia minha cabeça de coisas horríveis sobre você e sua mãe. Não vou negar, Carol, eu te odiei. Me desculpe por tudo mesmo. Por cada palavra dita. Por tudo que eu fiz.

- Eu já te perdoei, Vitória!

Ela sorri e volta a me abraçar.

Finalmente tudo se acertaria e eu finalmente viveria em paz?

Na verdade, ainda faltava uma coisa.

Teríamos que encontrar Kellen. Ela era
sinônimo de perigo e com o meu resgate e a
volta da minha mãe para nossas vidas, ela
não descansaria até nos fazer mal.

Meu porto seguro - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora