"O amor arranca as máscaras sem as quais temíamos não poder viver e atrás das quais sabemos que somos incapazes de o fazer."
James Baldwin
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Maraisa vive cercada de...
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Gustavo Mioto
- Papai...papai!-Maraisa fala animada pelas besteiras e pela quantidade de açúcar que tinha ingerido.
- O que? Pipoquinha!-Falo rindo e ela toma um grande gole de coca cola de sua mamadeira.
- ...Papai...papai isa vai comprar pilulitos pó papai...e pirulitos vai ser vermeio, porque lá na venda veneno é molango e sua linguinha vai ficar vermeia assim oh!-Maraisa fala tudo isso rápido em um só fôlego me mostrando a língua.
Ri olhando para a bola de energia a minha frente.
- E advinha quem vai colocar ela pra dormir papai?-Maiara pergunta irônica e eu ri.
Ela toma a mamadeira de coca cola e substitui pela de suco fazendo nossa pequena resmungar.
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Ao contrario do que acontecia durante os nossos passeios de carro não fui despertado pela voz de maraisa...
Fui despertado pelo silencio ensurdecedor que a ausência de sua voz doce me causava.
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- Olha filha...onde o papai sempre passava as ferias...- Falo animado tentando tira-la daquele turpor sonolento e quieto em que ela parecia imersa.
- Legal...-Maraisa murmura olhando para a casa com curiosidade.
- Filha de um lago...vai poder brincar nele com a marilia...e comigo...quem sabe não aprende a nadar dessa vez?- Maiara fala também da mesma maneira que eu.
- Isa não sabe se quer...-Ela murmura coçando os olhos.
Era a frase mas longa que ela direcionava a qualquer um de nós desde a sua alta no hospital.
- Por que não Maraisa?- Maiara pergunta rouca e ela se encolhe.
- Por que Isa donaire sumir mamãe...só isso...-Maraisa justifica e eu mordo meus lábios respirando fundo.
Passos de bebê...
Vamos dar passos de bebê.
- Olha lá...-Marilia fala nos salvando de um momento constrangedor nos ajudando com as malas para entrarmos em casa.
- Até que fim!-Henrique fala e eu reviro os olhos o olhando.
César filho, Henrrique, Juliano e João gustavo estavam alargaria no sofá já com cervejas nas mãos mas logo sorriram quando notaram Maraisa atrás de mim.
Ela estava usando um moletom grande que ia até as coxas e um short jeans, as cores tinham ido embora dando lugar a neutralidade do cinza que nem sabíamos que ela tinha no guarda roupa.
Mordisco meu lábio quando vejo que estava. Analisando nem tão discretos quanto pensam e eu sei que essa mudança nítida os assusta tanto quando nos assusta.
- E aí minha sobrinha preferida!-Henrique fala sorrindo para Maraisa rompendo o silêncio. Ele também se sente culpado por não ter notado os sinais que ela demonstrou ou os que ele pensa que ela demonstro quando esteve com ele no dia em que tentou.
- Sou sua única sobrinha...-Maraisa fala franzindo a testa o olhando.
A rouquidão da sua voz era nítida para todos ali e ficaria assim por um tempo, ela tinha sido entubada quando chegou lá da primeira vez mas logo recuperou as funções respiratórias e foi externada disso além da falta de uso de sua voz.
Coisa que eles estavam cientes.
- Então...nosso ritual para o jogo ainda está de pé? No sábado?-Juliano pergunta inquieto pelo silêncio dela.
- Uhm...tanto faz...-Maraisa murmura e eu respiro fundo balançando a cabeça para eles.
Maraisa olha em volta com curiosidade.
- aonde é quartinho de Isa?-Ela pergunta e eu a encaro.
- Vem papai...vai te levar lá!-Falo me aproximando dela mas ela da dois passos para trás.
- Só diz pá isa...onde que é!-Ela responde em um tom de voz baixo.
- Querida...deixa seu pai te levar!-Maiara fala com a voz rouca e quebrada pelo meus tratamento que vem recebendo dela.
- Isa quer ir sozinha!-Maraisa fala baixinho e eu assenti para Maiara.
Era melhor não forçar e não obrigar ela a querer ficar perto da gente por hoje...eu só...era minimamente desconfortante.
Ela ficava calada...
Maraisa não era calada...
Mais eu faria de tudo para tê-la de volta nem que para isso tivesse que dar passos de bebê.
