Sem medos...e sem Máscaras - Prologo II 🍭

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Maraisa sempre soube que o retorno aos palcos seria um desafio. A ansiedade vinha em ondas, especialmente nas semanas que antecederam o primeiro show após sua recuperação. Ela temia a reação do público, se perguntava se os fãs, que sempre a viram como uma estrela em ascensão, estariam prontos para aceitar a nova versão dela: mais frágil, mais humana, mais real.

A volta aos shows, no entanto, foi cuidadosamente planejada. Maiara, Gustavo, e até Marília estiveram ao seu lado em cada detalhe, oferecendo apoio constante. O plano era simples: não esconder nada. Maraisa queria ser honesta com seus fãs, queria que eles soubessem o que tinha acontecido, a batalha que ela enfrentou internamente. Desde o início do processo de terapia e acompanhamento com o fonoaudiólogo, os fãs tinham sido atualizados com delicadeza sobre sua saúde, e essa transparência criou uma ponte de empatia.

Naquela noite, enquanto ela se preparava no camarim, o coração batia acelerado. O nervosismo estava presente, mas de uma forma diferente. Havia medo, sim, mas também esperança. Maraisa sabia que essa seria a prova de que todo o seu esforço valera a pena. Ela estava prestes a enfrentar seu maior medo: ser vulnerável diante de milhares de pessoas.

Maiara, sempre atenta, percebeu a tensão da irmã. Ela olhava Maraisa se maquiar em silêncio, os olhos concentrados no reflexo do espelho, e lembrou-se de todas as noites em que havia se preocupado com ela. Por tanto tempo, Maiara achou que se Maraisa buscasse tratamento ou aceitasse suas vulnerabilidades, isso a faria perder o encanto aos olhos do público. Temia que as pessoas não a compreendessem, que não aceitassem uma estrela tão humana e imperfeita.

- Você está linda – disse Maiara, quebrando o silêncio, com um sorriso carinhoso. Maraisa desviou o olhar do espelho e retribuiu o sorriso, embora tímida.

-Eu tô nervosa – Maraisa confessou, colocando as mãos sobre o colo. – E se eles não me aceitarem mais?

Maiara se aproximou e se ajoelhou ao lado da cadeira de Maraisa, segurando suas mãos.

- Eles te amam, Isa. Eles sempre amaram. E, se há uma coisa que aprendi nos últimos meses, é que o que você tem a oferecer agora é muito maior do que qualquer perfeição que eles esperavam de você. Eles vão te amar ainda mais por isso.

Maraisa assentiu, tentando acreditar nas palavras da irmã. Ela sabia que Maiara sempre dizia a verdade, mas ainda havia uma parte dela que temia não ser suficiente. A vulnerabilidade que tinha descoberto em si mesma era nova, e ela ainda estava aprendendo a lidar com ela.

Finalmente, o momento chegou. O palco estava pronto, e os fãs aguardavam ansiosos. A energia no estádio era palpável, uma mistura de expectativa e carinho. O retorno de Maraisa havia sido aguardado com muita antecipação, e as redes sociais estavam repletas de mensagens de apoio, amor e compreensão. As pessoas sabiam o que ela tinha passado e, mais do que nunca, queriam mostrar que estavam ali para apoiá-la.

Quando as luzes baixaram e os primeiros acordes ecoaram pelo estádio, Maraisa entrou no palco. O som da multidão a saudando foi ensurdecedor, e por um momento, ela parou, tentando absorver tudo. Lágrimas de emoção encheram seus olhos. Não era apenas o barulho ou a energia do público que a comoveu, mas o amor sincero que emanava deles.

Ela olhou para Maiara, que estava um pouco mais à frente no palco, também sorrindo. Maiara havia temido que sua irmã fosse julgada, que as pessoas não entendessem sua luta. Mas agora, vendo aquela multidão vibrar com o retorno de Maraisa, ela percebeu o quanto seus medos eram infundados. Os fãs não queriam uma Maraisa perfeita. Queriam a verdadeira Maraisa, com todas as suas cicatrizes, sua força e sua vulnerabilidade.

A primeira música começou e, ao soltar a voz, Maraisa sentiu um alívio imediato. Ela estava de volta. Não a Maraisa de antes, que carregava o peso de ser uma estrela impecável, mas uma Maraisa que havia aprendido a abraçar suas imperfeições. Havia algo libertador em se permitir ser quem realmente era, sem as máscaras que a fama impunha.

Entre as músicas, ela tomou coragem para falar com o público. Pegou o microfone e respirou fundo, olhando para aquelas milhares de pessoas que, por tanto tempo, tinham sido sua maior razão para continuar.

- Eu... – começou, sua voz um pouco embargada pela emoção. – Eu queria dizer o quanto vocês são importantes pra mim. Esses últimos meses foram os mais difíceis da minha vida, e houve momentos em que eu achei que nunca mais estaria aqui. Mas... vocês me ajudaram a voltar. O apoio de vocês, o carinho, as mensagens... tudo isso me trouxe até aqui. E eu só quero agradecer, do fundo do meu coração, por não desistirem de mim.

A resposta do público foi imediata. Gritos de apoio, aplausos ensurdecedores, e, entre a multidão, cartazes com mensagens de amor e força. Maraisa olhou para tudo aquilo com os olhos marejados, e soube, naquele instante, que não havia mais razão para temer. Ela estava onde sempre deveria estar: conectada com as pessoas que a amavam, exatamente como era.

Maiara, que observava de perto, também se emocionou. Ela finalmente entendeu que o que mais importava não era esconder as dificuldades de Maraisa, mas sim permitir que ela se curasse e mostrasse ao mundo a pessoa forte que havia se tornado. O medo de que Maraisa fosse julgada ou rejeitada pelos fãs agora parecia ridículo. A verdade era que as pessoas a amavam ainda mais por sua honestidade, por sua luta, e por sua coragem de voltar ao palco.

Naquela noite, enquanto as últimas notas ressoavam pelo estádio e as luzes se apagavam, Maraisa sentiu uma paz que não sentia há muito tempo. Ela havia conseguido. Não apenas retornar aos palcos, mas voltar sendo verdadeira consigo mesma. Maiara se aproximou e a abraçou, ambas sem precisar dizer uma palavra. Sabiam que aquele momento marcava o começo de uma nova fase. Não havia mais medo, nem máscaras. Apenas elas, suas vozes, e a certeza de que eram amadas exatamente como eram.

E, dessa vez, Maraisa estava pronta para continuar.

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