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Carolyna só viu Priscila ficar daquele jeito quando a mesma empurrou ela no chão e uns dias atrás.. Respirou fundo e as duas ficaram se encarando. Priscila largou a bicicleta no chão de novo e começou a chorar, a morena foi rapidamente até ela e a envolveu em seus braços em um abraço apertado.

- Calma, ruivinha.- Deu um beijo no topo de sua
cabeça enquanto a ruiva soluçava em seu pescoço.

Ela odiava quando a Priscila chorava, prefira mil
vezes ver aquele sorriso lindo.

- Carol, eu não quero que você desista de mim
igual aos outros.- A ruiva falou entre soluços.-
Desculpa por machucar seu joelho e desculpa por gritar com você. Eu só queria ter equilíbrio na bicicleta e acabei nos machucando.
- Foi um acidente, tá bem? Acidentes acontecem.- Falou calmamente fazendo carinho em suas
costas.- Quero que olhe pra mim, prica.- A ruiva
olhou em seus olhos em meio a outro soluço.-
Não importa o que fizer, eu NÃO vou desistir de
você. Eu prometo que nunca vou fazer isso, então nunca mais pense que um dia eu possa desistir de uma pessoa tão perfeita quanto você. Está me entendendo? Quem desistiu de você é idiota e sem dúvidas devem estar arrepen...- Priscila colocou as
mãos no rosto de Carolyna e beijou seus lábios com ternura, sentindo a morena suspirar em sua boca e a abraçar mais apertado.

- Você disse que eu sou perfeita mas eu estou longe de ser isso, pra mim você que é e sem dúvidas não existe pessoa melhor que essa lyna aqui.- Tocou de leve a ponta do nariz de Carolyna, que sorriu boba e lhe roubou um selinho.
- Eu nem sei o que responder.- A morena falou
sorrindo olhando nos olhos castanhos de Priscila.
- Você sem ter o que dizer?- Debochou rindo.-
Devemos realmente ir embora antes que chova.
- Você está muito engracadinha - Carolyna  falou fingindo estar irritada.- Podemos ficar aqui ao invés de ir no Ibirapuera.
- Também acho. Não tem ninguém aqui mesmo e você machucou o joelho.- Carolyna juntou a bicicleta do chão e as duas andaram pra sentar embaixo de uma árvore, a morena apoiou a bicicleta ali e sentou no chão com cuidado pra não machucar mais o joelho.

- Senta aqui, ruivinha.- Bateu de leve em suas
coxas, fazendo Priscila sorrir e sentar de lado em seu colo. ela queria deixar a ruiva confortável pra se abrir com ela.
- lyna, eu...- Sorriu sem graça.- Eu nunca falei com. ninguém sobre isso.- Sentiu um nó na garganta.
- Você pode falar tudo pra mim, prica.- Fez um
carinho na bochecha da ruiva.- Se sente que não está preparada tudo bem, podemos ficar aqui curtindo uma a outra.- Sorriu de lado.- Eu não sei o que aconteceu, mas talvez falar sobre isso pode ajudar você a se sentir melhor.- Priscila respirou fundo e estava tentando não chorar, mas falar sobre Gabriel era mais difícil do que ela imaginava. olhou pro lado e ficou fitando o enorme gramado de futebol por alguns segundos até tomar coragem.

- Eu perdi meu irmão gêmeo.- Falou deixando uma lágrima escapar.- Ele era meu melhor amigo.- olhou nos olhos de Carolyna.- Era nosso aniversário ano passado e íamos comemorar com nossos amigos na cabana do lago, nunca fizemos isso antes, era a primeira vez e meu irmão só queria ficar em casa, mas eu insisti. Carolyna, eu nunca iria imaginar que no caminho pra cabana o carro ia capotar, foi a coisa mais assustadora da minha
vida.- Priscila suspirou em meio às lágrimas.- Tudo aconteceu porque eu fiz ele desviar de um cachorro na estrada, eu fiz a vida de todo mundo dentro daquele carro ficar por um triz e fiz meu irmão morrer. Eu nunca quis tanto morrer quanto naquele dia. Todos os dias fico pensando que ele deveria ter sobrevivido, e não eu. A culpa foi minha por esse desastre todo. Gabriel sempre foi tão gentil e querido com todo mundo, todos gostavam dele e meu irmão não merecia isso. Nós fazíamos tudo juntos, era como se precisássemos um do outro pra viver e quando ele faleceu foi como se eu tivesse perdido meu ar. Eu sinto tanta falta dele, todos os dias eu queria que isso fosse um pesadelo e eu fosse acordar e ter meu irmão de volta. Era ele quem me dava conselhos, ele que estava sempre do meu lado defendendo
quando as pessoas me zoavam, eu o amo tanto. Você não sabe o quanto doi saber que nunca mais vou abraçar ele. Eu deveria ter ido no lugar dele.- Priscila terminou de falar e se encolheu chorando no peito de Carolyna, que a abraçou apertado, sentindo tanta tristeza por saber que aquilo tudo estava acontecendo com aquela garota tão amável.

-prica, eu sinto muito por seu irmão.- Falou a
abraçando.- Não imagino a falta que você está
sentindo nesse momento.
- Eu fiz ele morrer, Carolyna. Meu irmão morreu por minha causa.- Priscila estava inconsolável nos braços da morena.- Ele não merecia isso.
- Você não pode se culpar pelo que aconteceu.-
Beijou o topo de sua cabeça.- Você não tem culpa de nada.- Priscila olhou nos olhos dela e Carolyna limpou as lágrimas da ruiva, que estava com o rostinho e os olhos vermelhos.
O coração de Carolyna parecia estar despedaçado por ver a ruiva daquele jeito.

- Meus amigos e meu ex namorado desistiram de mim, eles me deixaram porque eu não queria comer,não queria falar com eles, não queria ver mais ninguém na minha frente, nem os meus pais. eu me vejo sozinha, sem ninguém e meu irmão
não está do meu lado pra me ajudar a superar isso, Carolyna. Meus pais tentaram fazer de tudo pra me ajudar e nada deu certo. Eu simplesmente perdi a vontade de comer, de existir, falar, Viver. Tentei inúmeras vezes tirar minha própria vida mas nunca deu certo, durante três meses minha vida era só casa e hospital porque eu não conseguia ficar um minuto sequer sem pensar em acabar com a minha dor de não ter ele por perto.

Carolyna  estava Completamente triste e agora tudo fazia sentido. Priscila tinha depressão e por isso age desse jeito. Por isso os cortes na perna e por isso que ela a atirou no chão quando sentou na cama ao lado. O que
mais chocava a morena, era o fato das pessoas e até o próprio namorado deixar a ruiva em uma
situação dessas, essas pessoas são uns monstros.

- Você me tem agora. Não está mais sozinha e
quero que saiba que não irei deixar você por nada nesse mundo. Estarei do seu lado sempre, tá bem?- Priscila assentiu chorosa com a cabeça.- Se você sentir vontade se machucar, não faça isso, me chama correndo que eu vou ficar com você até a vontade passar.
- Obrigada, lyna.- Abraçou forte a morena.-
Obrigada por ter entrado na minha vida.
- Não quero que se culpe pelo que aconteceu.-
Carolyna falou fazendo carinho nela.- Você é um anjo e não tem culpa de nada.
- Eu não consigo me controlar.- Pegou a mão da morena e entrelaçou seus dedos.- Não consigo pensar "Priscila, não faça isso", apenas faço e depois. me arrependo. Esses dias eu empurrei a minha mãe, você acredita?- Começou a sentir o nó na garganta de novo.- Ela é tão querida, e amorosa, veio me abraçar e eu empurrei ela porque estava com raiva. Eu me senti tão horrível por isso e imaginar que magoei ela profundamente. Tenho medo que eles também cansem em mim.
- Eles não vão cansar de você, está na cara que te amam mais que tudo. Mostra pra eles que você está mudando, Priscila. Olha, estamos aqui eu e você, você está falando pra mim o que sente, como se sente. Você precisa se abrir com eles também, precisa dizer o que está sentindo.
- Eu não consigo.- Suspirou voltando a olhar o campo.- Eu já tentei me expressar e não consigo.
- Consegue sim.- Carolyna pegou delicadamente no queixo da ruiva e a fez olhar em seus olhos.- eu vou estar lá com você.

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sumi mas apareci, beijo

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trust me - capri Onde histórias criam vida. Descubra agora