Não era amor

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Macau et Tem

         Macau desistiu de P'Top quando percebeu que para ele era apenas uma novidade. O nong bonitinho com corpo de adulto e rosto de anjo que o seguiria pelo resto da vida.

         Percebeu que Khun amava P'Top e o aceitava com suas leviandades quase ingênuas. Não queria ser o responsável pela infelicidade do primo que tinha aberto mão de sua vida para cuidar dos irmãos no lugar do pai e que só agora pensava em si. Ele deixaria isso para trás e mudaria sua vida. Foi assim que ele acabou ali em frente a bela casa desconhecida.

         Ir para a ilha e cuidar de crianças desprotegidas supriria sua necessidade de amor. Ele ouvia o tio dizer que o pai dizia que quando se doa amor, o coração se aquece. Estava satisfeito, na medida do possível, claro. 

         Até que descobriu que tinha que ser hóspede de Tem. 

         Tem é um Pi amigo de seus primos e meljor amigo de seu irmão, mas ele nunca prestou atenção no homem. Está esperando para conhecer alguém como Tay ou Pete, mas ninguém assim surgiu em frente a imensa casa branca e amarela em que estacionou o carro recém-comprado ali mesmo  na ilha.

          Vegas explicou que é o melhor meio para se locomover naquele lugar. Depois ele pode se desfazer do automóvel ou pedir para alguém buscar. Mas nos próximos meses ele vai ter que dirigir para si mesmo e organizar sua própria vida sozinho. 

           Pensar no irmão o oprime um pouco. É a primeira vez na vida que eles ficarão separados. Mas ser apenas Macau Kornowit, o estagiário, é uma opção sua. Quer ser julgado por seus conhecimentos e não pelo sobrenome que carrega. Tudo bem que tenha que aceitar as condições do irmão para tentar sua independência. Hospedar-se ali era uma pequena interferência de Vegas em seus novos planos, mas ele entende o irmão que sempre o amou e o protege.

         O som de alguém falando seu nome o despertou de seu devaneio. 

         -   Nong Macau… N'Macau?

        Ele ergueu a cabeça do volante e voltou os olhos para o homem parado ao lado do carro.

         -   P'Tem?

         -   Olá, meu guri. Sou sim, sou o Tem. Desculpe não estar em casa. Como pensei que seu vôo  chegaria mais tarde, fui fazer algumas compras.

        Macau sorriu cansado. 

         -   Bem, vou abrir o portão. Estacione ao lado da van, por favor. 

          Macau entrou no quintal florido e seguiu as indicações de Tem até à garagem. Estacionou e fez uma prece de agradecimento antes de sair do carro.

         Abriu o porta-malas pelo painel e saiu do veículo para pegar sua bagagem. 

          Tem surgiu mais uma vez perto dele e Macau sorriu com o próprio susto. Seus pensamentos tinham o poder de amortecer a aproximação do outro. 

         -   Espere por ajuda, pequeno Macau. 

          "Ora, estou tentando ser independente, grandão." - pensou Macau, ainda disfarçando o susto com o sorriso. 

         Tem tirou as duas bags grandes dos ombros do mais jovem e sorrindo também pediu que o seguisse.

          Macau estava admirado com a beleza da casa. Muito menor que as de sua família, mas ainda assim grande, a casa era linda e aconchegante. 

         Bem cuidada e os jardins bem ordenados, parecia um cenário de filme.  Subiu as escadas, seguindo Tem e mesmo elas eram um charme. Os balaústres que protegem a escadaria lembram esculturas de pequenos dragões. As figuras em alto relevo parecem vivas e prontas para seguir quem transita por ali. 

Não era amor...  #TemMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora