2 . Não era amor

235 33 66
                                    

Macau Theerapanyakul

         Macau Theerapanyakul 

         Trabalhar não o cansa o suficiente. Macau tenta de tudo para se reerguer. As tarefas do hospital são executadas rapidamente. As visitas aos pacientes é sempre a mesmice. Estar triste e ser responsável pela CTI Infantil   não era minimamente aceitável. Perder tantos seres inocentes  ao longo dos dias o deprimiu mais.  Ver a face da morte  assombrar aquelas criaturinhas indefesa estava enfraquecendo-o.

           Seu suporte era Tem. Um abrigo inesperado.  Todas as vezes que ouvia Macau chorar,  invadia o quarto e o consolava. Aos poucos as conversas à mesa não eram centradas nas dores do jovem médico. Eram casos de Vegas e Tem na caserna. Eles que estudaram juntos a infância e adolescência toda,  também serviram ao Exército na mesma época e as histórias eram hilárias.  O contrabando de comida civil para o quartel. Os superiores confundindo os gêmeos travessos que saiam escondidos para namorar. Fora de casa a vida seguia sem novidades.

        Os dias foram passando e Macau pouco a pouco melhorava. Ainda se sentia perdido. Ainda chorava à noite. Ainda dormia com Tem.

         O trabalho no consultório,  diferente do que imaginava, não era cansativo o suficiente. Em alguns dias nem mesmo tinha pacientes.  Tentava ler ou ouvir músicas,  mas tudo o que era atividade individual o levava para o fundo do poço. 

          Não conseguia entender porque sentia tanto.  Foi escolha dele deixar Top. Foi escolha dele ir para Phuket.  Foi escolha dele ficar com o clínico geral e não dormir com ele. Foi escolha dele ir morar com Tem. Ele só não escolheu sofrer. E todas as suas escolhas levaram a isso. 

          Vegas liga e ele finge uma felicidade que não sente. Pretexta plantões longos toda vez que o irmão ameaça vir vê-lo. Sabe que não virá só. E vindo Tankhun, vem Top e ele sentirá tudo de novo. Fugir dessa dor tem sido uma batalha inglória. O médico volta  e meia o chama nas redes e ele vive de bloquear seus contatos. 

          Para seu desespero uma enfermeira se diz apaixonada por ele e por mais que ele insiste em se declarar comprometido, ela o persegue. Desde Phuket ele evita declarar sua sexualidade. Não quer encontrar nenhum novo problema.  O que o  salva é uma das médicas que o ajuda. Na verdade, ele conhece Sammy desde a graduação.  Mais velha que ele, eles cursaram algumas disciplinas juntos e ela sabe muito sobre ele,  por isso sempre o protege da sonsa que o persegue.

          Na verdade, Macau desconfia que a tal mulher está seguindo-o e quase falou com Tem,  mas tem receio de ser criticado,  afinal todos acham a moça um anjo. Um dos diretores chegou a mostrar apoio ao pretenso relacionamento que a mulher insiste em desejar.

          As únicas horas em que ele pensa em ter o irmão por perto é quando a mulher se aproxima. Pete lhe  daria um corretivo rapidinho. Fugir do assédio de Top lhe tirou esses prazeres. Ficar longe do irmão. Não brincar e nem  paparicar Venice e Nuea. Não receber o amor de Pete. Não ver os três primos amados. Kim foi o que mais sentiu sua ausência.  Ele também é o único que sabe do passado de Macau com Top. 

            Na verdade, ele decidiu viver e namorar em Phuket porque Kimham desconfiava que ele ainda gostava de Top e quis contar tudo para Tankhun. Namorou Wishian e fez questão de apresentá-lo ao  primo. As desconfianças de Kim fizeram Shian acreditar que o primo o amava e o cirurgião foi muito atencioso na frente dele e isso serviu bem aos propósitos de Cau.

Não era amor...  #TemMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora