3. Não era amor

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Temtram Piangvanic  Saengtham

           O não beijo que trocaram minutos antes no portão da casa mexeu miseravelmente com ele. Sentiu-se um adolescente desesperado para transformar aquela performance em um encontro real. Não conseguiu desprender-se de Macau nem mesmo quando seus corpos estavam separados por um andar inteiro. Por um instante se recriminou por não sair por aí com qualquer um só para descarregar a energia sexual acumulada.  Porque era isso. Desde que Macau entrou em sua vida o tornou consciente de sua pobreza e de sua infantilidade de só se deitar com alguém por sentimentos.

         Ter Macau tão entregue em seus braços momentos antes o desestabilizou e ele só não ia sair para correr na praia e fugir de seus desejos porque eles precisavam conversar sobre essa tal perseguição.

           Vegas confia que ele vai proteger o seu irmão e ele está ali sonhando em levar o rapaz para a cama. Tenta conseguir o equilíbrio e senta-se no sofá, esperando pelo jovem.

          Algum tempo depois, Macau desceu. Parece que a missão do jovem é lhe desestabilizar. Seu pijama de frajola é tudo, menos inocente. Seu corpo fica levemente desenhado e os gomos de seu abdômen brigam com o tecido leve de seda. A cor, vinho velho, brinca com a pele,  dando um toque brilhante e rosado. Os passos leve moldam o tecido, delineando as coxas firmes do jovem.

           Tem fecha os olhos. Engole em seco,  temendo que seu desejo seja mais latente do que imagina.

           O rapaz sorri doce. Os olhos deles, de uns dias para cá, já não estão mais  sempre tristes. O choro noturno diminuiu e ele puxa assunto e conversa leve. Diferente do início que para conseguir alguma interação com ele era necessário o uso  de escavadeira e foice.

          -   Tem, você conheceu Sammy Coates quando trabalhava no hospital?

          -  Não. Mas sei quem é. Ela é prima da Son, amiga do Kinn.

           -  Hum... Son? Aquela que fingia ser namorada do Kinn a pedido do Porsche?

           -   Sim. Ela são bem próximas. Son agora é da unidade central de Phuket.

            A conversa foi acalmando os desejos secretos de Tem e ele foi seguindo o fluxo.

            -  Por  que você perguntou da dra. Coates?

            -   Ela me disse algo estranho sobre a enfermeira. Algo sobre ela e Pete.

            Tem desconversou. O que Cherry estava fazendo no hospital de sua família?  Vegas se divertiu muito quando descobriu que a tal cobrinha sem veneno pretendia ficar com ele e para isso iria destruir seu casamento com Pete. Ao ouvir Kinn e Vegas rirem da história de Son,  Pete sorriu estranho.  Quem viu a cena sabe que o destino de Cherry não seria doce. Enquanto gostava do marido dele sem  o tocar, sem forçar intimidade ou planejar ameaçar a estabilidade do relacionamento deles, Pete relevava. Se alguém ali tinha que ter ciúmes de mulher era o Theerapanyakul, afinal Saengtham é bi, Vegas não. Mas se ameaçasse o lar deles, Pete não alimentava inimigo, ele atira para matar. E Cherry soube disso.

          Agora saber que ela estava cercando Macau, significa apenas que sua intenção de passar incógnito foi descoberta. Cherry não ama pessoas,  ama sobrenomes. Ela também não respeita a orientação sexual de ninguém. Seu pequeno Macau corre risco.

         -  Pequeno,  você quer que Pete venha aqui?

         -   Não sei ainda. Você sabe que Tankhun viria com ele...

         Não há nada que Tem possa sugerir. E isso o estressa. Também não quer voltar a trabalhar no hospital.  Sua carreira como escritor nem lhe permitiria isso.

Não era amor...  #TemMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora