19. Despedida... 2.2

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Sião (Tailândia), 1872

             O homem cavalga pelas ruas de pedras da província ainda sob o impacto da notícia. Kinn seu tio e Pitchaya, seu jovem e amado Chay, tinham sido mortos à traição no campo de batalha.

            Para Theeran Kimham, é triste e pessoal saber que dois nobres soldados do Reino que foram servir com sua honra e destemor ao país em uma missão especial de segurança internacional,  tombaram pelas mãos de dois traidores.  Mas eles marcaram sua sorte. Eles jamais verão um dia de  luz surgir sobre suas cabeças. Seus corpos foram amontoados com as sujeiras dos seus cavalariços, em irreconhecíveis multiplos pedaços.

         Foi com prazer que ele triturou osso por osso dos dois homens que além de matar dois agentes do Rei, expôs sua situação ao serviço secreto.  Sua missão agora é encontrar o oficial responsável pelas correspondência e trocar  a mensagem dos traidores.  O problema é que ele está dois dias atrás de tudo. Os acontecimentos se deram quando ele estava resolvendo outras questões.

           Com o fim de Julian e Topper ele têm a vantagem de não ter mais o testemunho deles em caso de algum julgamento interno. Os anos que serve ao Exército e ao Rei faz com que ele conheça bem os acontecimentos secretos que regem a política e que até a Casa Real desconhece.  Os traidores contavam exatamente com os serviços de outros  crápulas iguais a eles e que trabalham contra o representante de Buda na terra.

            Não lhe interessa os meios que usou para arrancar a verdade daqueles imundos. Seres como eles não merecem respeito ou humanidade.  E ter ao seu lado Ngeā Mrņa o ajudou em sua missão especial. Desde que Vhay morreu, o Sombra Noturna é seu ombro amigo e consolo.  Ter ao seu serviço um alto oficial especialista em dar fim a traidores foi de suma importância para dar continuidade ao seu plano.

            Quando a conversa chegou à taberna da mulher que ele protege e de quem é o único a conhecer a verdadeira identidade, o destino dos ex-oficiais Topper e Julian foi traçado.  Yok Tou Yang ouviu a história de seus bêbados e soube o que dar para prostá-los até o amigo chegar ao seu estabelecimento. E foi com prazer que ela recebeu os dois oficiais com rosto de criança e almas de demônio. Yok odeia traidores e mesmo que poucos saibam quem são Kimham e Ngeā e desconheçam a força mortal que os rege, ela tem como os acionar.  Ela que já esteve entre eles, que foi a terceira espada do Rei Siamês. Um chamado singelo e uma oferta erótica que ninguém entende o sinal secreto,  os trouxe até ela.

          Kimham esperava traição de Tawan, mas foi ele quem deu sinal para a mulher ouvir o que ele descobriu. Ele que também esteve na França,  na mesma missão secreta,  mas que no dia que os dois oficiais morreram, estava no acampamento, sendo cuidado pelos oficiais médicos por causa de uma queda de cavalo.

           Queda do cavalo que certa conversa mais íntima e dolorosa com os dois covardes traidores  mostrou ser provocada justamente para tirar o oficial do apoio aos seus superiores e dar fim à sua própria vida. Tawan ao ouvir a confissão de Julian e descobrir que sua deficiência era originada por essa maldade, teve o prazer de enfiar sua espada na coxa do infeliz e lesionar ele mesmo seu nervo. Se ele resistisse ao tratamento do oficial Kimham e de seu fiel amigo Pete, viria mancando até ele na próxima oportunidade e ele mesmo o mataria.

         Entretanto, Tawan sabe que os dois oficiais são amigos íntimos do maior fantasma vivo das Forças Reais Siamesas, os sargentos Kimham e Pete são amigos de Ngeā Mrņa e isso não é segredo entre os demais. Poucos homens, além do Rei, conhece seu rosto e Tawan não se importa de não ser um dos que conhecem o mal encarnado. Dizem que foi ele quem eliminou os que traíram a Terceira Espada .

           Foi por isso que ele deu sinal à mulher. Dizem que ela além da amizade com os dois nobres oficiais, foi íntima do terceiro deles. Tawan a tem apreço pela estranha e bela mulher,  assim como tinha pelos dois oficiais traídos no campo de batalha, mas antes de tudo ele tem compromisso consigo mesmo.  No entanto,  diferente do que ele sabe que pensam sobre si, traição e covardia ele não faria nem por poder,  nem mesmo por sua vida. Não deixaria a desonra ferir seus projetos,  mas garante com suas manobras, seu sucesso na Guarda Real.

Não era amor...  #TemMacauOnde histórias criam vida. Descubra agora