15º Capítulo

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Maria P.O.V

Já tinha-mos chegada ao jardim, mas ambos continuava-mos de costas voltadas sem nos falar-mos. Só conseguia ouvir o som pesado da rua respiração a dissipar-se no ar tal e qual como todos os gases.

-Maria conta-me lá o que se passa?

Finalmente voltou-se para mim e encarou-me de frente.

-James já te disse que não é nada.

-Maria não voltes a mentir-me por favor, não gosto disso.

-Porra já te disse que não se passa nada.

- Estas a mentir!

-Como podes ter tanta certeza à cerca disso. Tu nem me conheces.

-Aí é que estas enganada. Eu conheço-te melhor do que tu pensas.

- Pára por favor já disse que não é nada.

- Mentes tão mal. O que tu dizes está a contrariar o que tu deixas passar com esse olhar. Algo te esta a perturbar e a magoar. Por favor conta-me o que é.

-James! Desculpa eu não consigo mesmo.

Acabei por fugir dali para fora a correr como se tivesse a ser perseguida. Não queria desabafar com ninguém. Nunca o fiz, porque é que agora seria diferente. Eu só quero que me deixem em paz, que me deixem sozinha como sempre estive. Não preciso de ninguém que venha desestabilizar tudo o que eu criei sozinha.

As aulas da manhã passaram a correr. Estava tão distraída nos meus pensamentos que nem dei pelo tempo passar. Acabou por tocar para o almoço e como eu estava sem fome acabei por mandar mensagem ao John a dizer que iria almoçar na escola e assim ele não precisaria de me vir buscar. Em vez de ir para a cantina como a maioria dos alunos estava a fazer fui para o balneário do ginásio visto que seria a minha próxima aula. O Zayn disse-me na última aula que hoje seria Voleibol por isso não me importava de fazer a aula. Primeiro limitei-me a sentar-me nos banco do mesmo com os fones nos ouvidos a ouvir música enquanto contemplava o tecto. Passado alguns momentos decidi equipar-me e foi aí que a maioria da minha turma entrou para se equipar também. Fui a última a vestir-me por isso cheguei muito mais tarde que elas.

Quando finalmente entrei no ginásio não encontrei o Zayn por isso dirigi-me a um professor que se encontrava no outro lado do ginásio. Quando o alcancei perguntei logo de seguida:

-O Zayn?

-Desculpe??

-O Zayn?

-O professor Zayn está doente e não poderá dar a aula de hoje.

-Mas ele ontem estava muito bem.

-Como sabes que ele estava se nem vieste á aula?

Ouvi um voz por tras de mim e vi logo quem era. Aquele otário não se cansa de se por nos problemas dos outros.

-Harry ninguém te perguntou nada.

-Boa! já sabes quem sou só pela voz.

-Desaparece otário.

- Calma flor. Só te queria dizer o que vamos fazer hoje nesta aula?

-Eu sei muito bem o que vamos fazer hoje.

-Ai sabes? Então o que é ?

-Voleibol. Eu ontem falei como Zayn e ele disse-me.

-Errado! Tenta outra vez miss inteligência rara.

- Se não é voleibol é o quê?

- Então afinal não sabes tudo... ah, ah,ah

-Diz lá de uma vez trengo!

-Só se pedires com cuidado.

-Diz!

-P-a-t-i-n-a-g-e-m A-r-t-i-s-t-i-c-a!

Ele fez questão de quase soletrar a palavra para que eu a ouvisse e a entendesse bem. Ele sabia que eu e a patinagem já não tinha-mos uma ligação e pelo rosto dele estava a dar-lhe um grande gozo ver a minha reacção.

-Então não te vais embora como fazes sempre ó galinha. Cócoro co co...

Ele estava a gozar e eu não lhe ia dar esse gostinho é que nem pensar.

-Não me confundas contigo!

Acabei por virar costa e fui directa aos bancos para calçar os patins. Ia mostrar aquele idiota que não sou nenhuma galinha e que não vou fugir mais daquele ringue. No final de apertar os patins levantei o olhar e olhei directamente para o ringue. Lentamente enquanto inspirava e expirava dirigi-me para ele tentando ganhar coragem suficiente para entrar nele.Cheguei perto da porta e no momento em que ia a por um patim no ringue foi como se tivesse visto um flash de memórias que me fez abrandar e relembrar de todo o meu passado. Foi como se algo me tivesse atingido no peito com tamanha força que me fez recuar.Calmamente pé ante pé comecei a recuar. Senti algo gelado a escorrer-me pela face congelando cada parte da minha face que esta tocava. Descalcei rapidamente os patins já nao aguentava estar em cima deles. Sentia que a qualquer momento os joelhos cederiam e acabaria por cair e mostrar a minha fragilidade perante toda aquela gente. Não eu não podia voltar a ir a baixo por causa disto. Mas já não aguentava mais estava a doer tanto o meu peito. Parecia que tinha uma faca lá espetada e que alguem estava a enterra-la cada vez mais fundo, mais fundo sem dó nem piedade. Sentia que o ar me estava a faltar que a qualquer momento cairia para o lado. Continuei a andas para trás sem nunca tirar os olhos daquele ringue que só me trazia más recordações. No meio daquele terror todo ouvi reconheci mais uma vez a voz dele. Aposto que ele estava a adorar isto tudo.

-Então, Maria, Onde foi parar a tua coragem toda? Então galinha depenada ah, ah,ah que fraca.

Custou tanto ouvir isto daquele otário de merda. Mas a verdade é que ele tinha razão. Não passava disso mesmo. De uma fraca, de uma medrosa sem coragem para entrar num estúpido ringue. Eu mereci cada palavra que ele disse. Antes de conseguir ir embora olhei para ele e desatei a chorar o que só mostrou a minha fraqueza. Ele tinha vencido e eu tinha derrota estampada na minha cara. Saí daquele ginásio rendida sem nada a dizer. Mal reparei que ninguém me consegui observar desatei a correr desenfreadamente por entre os corredores daquela escola. Não sabia por onde estava a ir. Corria que nem uma desalmada sem um destino fixo. Acabei por me cansar quando cheguei perto de uma sala que estava vazia. Entrei e deixei-me escorregar pela parede até ficar sentada naquele chão gelado e ali fiquei a chorar tudo o que tinha para chorar. Deixei-me ali ficar agarrada aos meus joelhos com a cabeça apoiada neles. Não sabia o que pensar nem o que havia de fazer. Foi horrível aquele momento todo. Só queria desaparecer.

De um momento para o outro senti alguem a abraçar-me com tanta força como se tivesse medo que eu fugisse.

A pessoa passado alguns segundos afastou-me e eu fiquei um bocado espantada por ele estar aqui. Limitei-me a olhar para ele. Aqueles olhos transmitiam pena e aconchego. Estava tão fraca que desatei a chorar e lancei-me para os seus braços outra vez. Eu estava a precisar daquilo. Ele limitou-se a ficar em silêncio enquanto me acariciava os cabelos com aquela sua mão tão delicada. Eu sabia que ele iria fazer perguntas mas eu não sabia se estaria pronta para lhe responder. Tenho a cabeça a mil e não me consigo acalmar mas a verdade é que estar nos seus braços me faz sentir segura e que posso confiar nele.

-Maria que se passou

Deixei-me estar como estava sem sequer mexer um único dedo.

-Maria tu podes confiar em mim. Fala comigo por favor...

The Last Time . . .Onde histórias criam vida. Descubra agora