memorias

129 8 27
                                    

Flynn não gostava de incomodar a amiga com coisas que sabe que doem nela, não gostava de reclamar sobre esse jeito novo dela ou algo assim mas dessa vez, ela tinha que fazer isso, ela tinha que fazer por Reggie.

Ela caminhou até o quarto de Julie juntamente com Alex, que já sabia toda a história por Flynn, e bateu na porta vendo uma garota sonolenta abrir a mesma confusa.

— Oque foi? tô atrasada pra aula? — Perguntou coçando os olhos, flynn e Alex só entraram no quarto e se sentaram — Ok, já sei que vem problema.

— Você tem que conversar com ao Reggie— Flynn falou e Alex concordou, Julie olhou pra eles sem saber do que exatamente ela estava falando.

—Mas eu e o Reg estamos bem, porque a gente tem que ter uma conversa?— Ela perguntou e Flynn revirou os olhos.

— Vocês precisam conversar sobre oque aconteceu a dois anos atrás— Flynn se levantou parando em frente a amiga — Eu sei que você não gosta de falar disso mas você precisa.

— Flynn, eu não vou falar disso, tá fora de questão, porque eu tenho que falar? as coisas estão ótimas como estão— Julie se recusava a falar, ela não queria mexer nisso.

—Julie, a Flynn tá adoçando as coisas — Alex falou e as amigas o olharam — Se você não for falar com o Reggie, o mais rápido possível, você vai perder ele.

— Eu vou... oque?— Julie perguntou virando o olhar pra Flynn — Oque você sabe que eu não sei?

— Reggie foi atrás de mim, uma semana atrás ou coisa assim — Flynn falou sem graça — Ele disse que não merecia ser feliz por conta do que ele fez e que você deve odiar ele no fundo, ele acha que não merece estar aqui e bem.

—Por isso as drogas e o álcool...— As coisas começaram a fazer sentido pra Julie— Olha, me deixem sozinha, só um pouco, eu vou lá, eu prometo mas eu preciso ficar sozinha.

Assim que os amigos sairam do quarto, Julie andou de um lado pro outro, ela não sabia como falar com Reggie, ela não fazia oque fazer, ela criou essa personalidade perfeita pra se esconder , ela queria esconder o medo e as memórias daquele dia.

Julie tirou a blusa e encarou a cicatriz em suas costas, as lágrimas escorreram pelo rosto da garota e quando ela deu por si, ela não conseguia respirar, era como se a garganta dela tivesse se fechado e o ar não passasse, ela não sabia como se livrar disso.

"Consumindo todo o ar dos meus pulmões, arrancando toda a pele dos meus ossos"

Como alguém podia simplesmente perder a capacidade de respirar? Como que alguém não consegue fazer nada além de chorar, ela não consegue gritar por ajuda, ela só sente o corpo começar a ficar mais pesado, cada vez mais e o desespero só aumenta e a sensação de que vai morrer, ela volta mais uma vez.

"Oh, por favor, tenha piedade de mim"

Julie estava prestes a apagar, tudo estava embaçado em sua frente e então ele conseguiu ver Luke pulando a janela e indo correndo ao seu encontro.

— Juls, você tá me escutando? — Ele perguntou segurando a garota nos braços, ela estava tão indefesa, sua expressão era de desespero— Olha só, eu tô aqui, eu tô aqui, olha pra mim, olha nos meus olhos, olha.

Julie não conseguia falar nada, apenas olhou pra Luke, ele começou a falar com ela, ensinava ela a respirar e aos poucos, bem lentamente, ela voltou ao normal. Assim que conseguiu respirar, Julie abraçou o garoto em sua frente e ele retribuiu, ela não sabia mas no momento em que ele viu que ela não estava bem pela janela, ele ficou em desespero.

— Quer me contar oque houve?— Perguntou assim que Julie soltou ele — Se não quiser, tudo bem mas eu vou continuar aqui.

— Flynn e Alex vieram conversar comigo sobre meu irmão e eu percebi que pra ajudar ele, vou ter que mexer com um assunto que eu não queria— Ela disse, sem explicações e Luke não iria cobrar, só tentava fazer ela se sentir tranquila.

— Conversar é bom, mesmo que não queira— Ele deu de ombros, puxando a garota pra se deitar na cama com ele — Quando meu pai morreu, Alex ficou com medo de eu e minha mãe mandarmos ele de volta para a mãe biológica dele, ele ficou mal por dias e só depois de conversar, ele entendeu que ele é meu irmão e filho da Emily, assim como eu.

—Perai, o Alex não é seu irmão de sangue?— Julie levantou o rosto pra ele sem entender.

— Alex é filho de um caso do meu pai, ele é o filho da amante— Julie ficou completamente abismada com a história — Só que minha mãe só aceitou meu pai de volta, se ele trouxesse o Alex, já que a mãe dele maltratava ele e tal — Ele parecia não querer mexer no assunto e Julie só concordou.

— Eu preciso conversar com Reggie sobre oque rolou dois anos atrás...

Flashback on

Julie estava sentada na garagem ensaiando sozinha pra peça que teria em alguns meses, era o final das férias e os irmãos Molinas estavam ansiosos para voltar pra escola, do lado de fora da garagem, Reggie que jurava estar sozinho, decidiu experimentar um cigarro que seus amigos tanto falavam ser bom.

Ele acendeu o cigarro e o colocou na boca, fazendo ele começar a tossir e sentir um gosto ruim na garganta mas mesmo assim ele continuou, acreditou estar fazendo errado, então tentava acertas mas o carro dos seus pais se aproximava e ele jogou aquele cigarro acesso pra trás com medo que seus pais vissem e brigassem com ele.

O que o garoto não imaginava é que aonde ele jogou estava coberto de gasolina, seu pai estava mexendo no carro horas antes, o fogo começou no momento exato em que o cigarro encontrou a gasolina, quando Reggie viu, ele saiu correndo gritando pelos seus pais que logo saíram do carro correndo, oque Reggie não esperava é que Julie não estava com eles.

—Pai, cadê a Juls?— ele perguntou e foi quando a ficha de Ray e Rose caiu, saindo correndo em direção a garagem, torcendo pra garota ter ido sem avisar para casa de Flynn.

— ALGUÉM ME AJUDA— Julie gritou alto de dentro da garagem, dentro do local o fogo se alastrou rapidamente, Julie estava presa em um canto que ainda não pegava fofo mas esse canto, não tinha porta.

A garota chorava desesperadamente, ela tentava achar saídas mas não encontrava de jeito nenhum, ela não sabia como sair daquele lugar, o fogo cada vez chegava mais perto e ali ela tinha a certeza que ela iria morrer e então um pedaço do teto caiu.

—PAI, ME DEIXA IR, FOI CULPA MINHA, ME DEIXA SALVAR A JULIE — Reggie gritava desesperado com Ray segurando seus braços e no momento em que ouviram o estouro Reggie conseguiu se soltar das mãos do pai mas antes que conseguisse entrar os bombeiros que haviam chego, o parou.

Os pulmões de Julie já não aguentavam mais, a quantidade de fumaça, estava apagando ela cada vez mais, ela acabou caindo no chão sem forças, oque foi um ponto positivo, já que a fumaça subia e o chão era o melhor lugar pra respirar mas mesmo assim, era tarde demais e ela acabou desmaiando.

— LEVEM ELE PRA DENTRO, TODO MUNDO SE AFASTA — O bombeiro gritou e aí ele entrou.

Julie já estava desacordada por conta da fumaça inalada, ninguém sabe explicar como que o fogo não pegou na garota mas as costas dela, tinha uma queimadura enorme, assim que o bombeiro tirou a garota de dentro da garagem, ela foi levada ao hospital.

Reggie se enfiou no quarto e não queria sair, tudo que se repetia na mente dele é que a irmã dele, o bebezinho dele, a bonequinha linda dele, podia morrer, ele pode ter acabado com a vida da pessoa que ele mais ama no mundo inteiro.

Flashback off

—Deixa eu ver?— Luke perguntou e Julie entendeu de primeira, virando de costas pra Luke, ela já estava sem blusa por estar se olhando.

Luke passou os dedos sobre a cicatriz, como se estivesse a desenhando, cada detalhe, ele se aproximou e deu um beijo no local onde se encontrava a cicatriz.

—Você é linda, Julie e forte mas eles estão certos, você precisa falar com o Reggie, o mais rápido possível.

Window boy - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora