Cap 12 - O Corsha

330 62 9
                                    

Um martelar de metal fazia a cabeça de Beomgyu doer, quando acordou de um sono conturbado não sabia identificar onde estava. Olhou em volta e percebeu que estava preso à uma cadeira, seus braços e pernas amarrados com cordas pretas, pareciam cobras, mas, para seu alívio, não se mexiam. Ele estava em um lugar muito frio e escuro, tinham pilastras enormes e compridas que iam até um teto que não se podia ver, alguns animais medonhos passavam de um lado para o outro, olhavam para Beomgyu e voltavam para seu caminho.

Tentou se soltar, mas as cordas apenas apertavam mais, grunhiu de dor quando ouviu um som alto de metal, sua cabeça doía muito. Olhou para si mesmo e viu que tinha um corte em sua coxa, uma mancha de sangue sujava sua calça, mas o machucado não sangrava mais. Ele também estava todo sujo.

—Merda. — reclamou. — E agora, o que faço?

Quando não tinha mais nada para tentar se salvar sentiu algo se mexer em seu colete, ao mesmo tempo ouviu sons de sinos pequenos. Sorriu vendo a fada do Soobin sair de suas roupas, ela parecia assustada e confusa, ela olhou em volta e voltou para observa-lo, se assustou com seu machucado.

—Como se escondeu em minhas roupas? — Beomgyu se lembrou que não conseguia entender o que ela falava. — Tente me soltar.

A fada voou até as cortas, mas eram encantadas e não soltaram, apenas apertaram cada vez mais fazendo Beomgyu reclamar de dor novamente. A pequena voadora não arriscou tentar novamente.

—Eu não tenho como sair daqui assim. — era difícil pensar com a cabeça doendo. — Saia daqui, avise aos meninos onde estou. Consegue fazer isso? não seja vista.

Ela pareceu apreensiva, mas confirmou com a cabeça antes de girar em torno de si e parar de brilhar, ela agora era praticamente invisível naquela lugar escuro. Beomgyu não viu para onde ela foi depois de voar alguns metros e se esconder na pilastra mais próxima.

—Tem que haver uma forma de me soltar dessas cordas. — ele tentou alcançar a corda que prendia seus braços com a mão, mas estava muito longe.

—Não há, por mais que tente. — Beom se assustou com uma voz grossa que surgiu.

Levantou o olhar quando viu pés se aproximando, um homem, que devia ter menos que quarenta anos, parou em sua frente. Ele tinha orelhas redondas e uma barba escura, usava uma capa de pela que encostava no chão, e suas roupas eram escuras. Beomgyu se arrependeu no instante em que seus olhos encontraram os dele, os olhos eram completamente pretos, apenas uma venda branca os dividia no meio, como um felino.

Ele tinha mãos compridas e finas, com garras pontiagudas. Ele observou Beomgyu atentamente dos pés a cabeça, seu olhar de desaprovação era evidente, ele balançou as mãos levemente e voltou a falar:

—Meu convidado finalmente acordou. — ele sorriu, era assustador.

—Quem é você? — ele perguntou, cauteloso.

—Depois de todos esses dias aqui não ouviu falar de mim? — a voz dele era arrastada, e meio rouca. — Assim eu me sinto ofendido.

Beomgyu não acreditava que era realmente ele, ou não queria acreditar.

—Corsha? — ele sorriu mais abertamente.

—Bem melhor, tinha certeza de que sabia meu nome. — ele aproximou o rosto de Beomgyu, que tentou se afastar. — Você é bem novo, não?

—O que quer de mim?

—De você nada. — ele se afastou deixando o garoto confuso. — Mas dos amigos que logo virão tentar salva-lo, isso sim é algo interressante.

Beomgyu o olhou assustado, como tinha tanta certeza de que iriam tentar salva-lo? pensou.

—Você é jovem, mas não deve ser burro. Eu vi sua fada saindo.

—O que quer com eles?

—Você pergunta muito. — o Corsha reclamou. — Não está óbvio? Quando aquele principezinho aparecer aqui vou ter todo o reino em minhas mãos. A rainha faria qualquer coisa para não ver o filho ser morto.

—Ele não vai vir.

—Como pode ter tanta certeza? — Beomgyu não respondeu, até porque nem ele acreditava naquilo. — Da última vez estavam todos juntos atrás do tesouro de Pandora.

Mais uma martelada fez a cabeça de Beomgyu latejar, já não aguentava mais aquela dor.

—Farei todo esse mundo sofrer, com a sua ajuda. — ele segurou o queixo de Beomgyu, que quase mordeu seus dedos. — Ei, não me morda cachorrinho bravo. Vai me agradecer quando esse povo estiver sofrendo do mesmo jeito que nosso mundo sofre.

Beomgyu olhou bem para a expressão de satisfação do homem a sua frente, como ele realmente acreditava que tudo aquilo serviria de alguma forma como vingança. Sua visão cega de que a culpa de nosso mundo ser do jeito que é era dos seres mágicos, por terem uma vida sem tudo de ruim que os humanos tinham.

—Você sabe que isso que está planejando fazer não vai servir de nada.

—Claro que vai, eles poderão sentir o que eu senti a vida toda. — a voz dele estava cheia de ódio. — Eles tem tudo o que precisam e nos deixam sofrer com todas as coisas ruins. A vida perfeita fica para eles, e nós?

Eles quase gritava.

—Você por acaso tinha uma vida perfeita, garoto?! Não percebe que eles nem sequer se importam com o que passamos lá? — as fendas de seus olhos dilataram. — E ao invés de nos ajudar só serviram para sonharmos com seu mundo, e nos iludimos pensando que um dia chegaríamos perto disso aqui. Eles podem viajar entre mundos, só não querem.

Um gnomo medonho chegou perto deles logo depois. Ele segurava um machado afiado.

—Mestre, necessitamos de sua presença. — a voz do gnomo era muito rouca.

—Deixarei você agora. — o Corsha falou para Beomgyu. — Poderá pensar bem nos contos de fada que já acreditou e em todos os seres mágicos que não se importaram com o quão miserável nosso mundo é.

Eles se dirigiram à uma porta grande de ferro, e desapareceram em um cômodo ainda mais escuro. Beomgyu se desesperou pensando em quando a fada trouxesse os outros, seriam mortos, ou torturados, e ele não poderia fazer nada para impedi-los. As cordas em seu pulso apertaram mais e mais até que ele gritasse de dor, elas afrouxavam e apertavam novamente, Beom sabia que era o Corsha que estava fazendo aquilo.

—AHHHHHHH! — gritou quando sentiu as cordas subirem em sua perna como serpentes e apertarem sua coxa machucada.

Sua visão fraquejava de vez em quando e os sons de metais batendo faziam sua cabeça doer cada vez mais. Ele gritou, e gritou, chamou pelo nome de todos os outros que estavam longe demais para escutar. Ele xingou o Corsha, xingou os motivos terríveis de tudo o que ele fazia, xingou as cordas e o Corsha novamente.

—AHHHHHHRRG! — gritou uma última vez antes de receber um soco na têmpora e desmaiar.

O gnomo que o acertou saiu de perto, aliviado que os gritos do humanos tinham cessado. Beomgyu não acordou por um bom tempo.

Fairytale | TaegyuOnde histórias criam vida. Descubra agora