Just the Little Enid

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Pov Wednesday

Seu toque ainda era o mesmo, quente e suave, contudo, diferente. A ponta do indicador deslizou suavemente sobre minhas linhas de expressão e eu franzi o cenho, escutando sua risada travessa.

Despertei-me do sono de forma abrupta, piscando consecutivas vezes, por conta da claridade. Com a visão ainda turva, desviei minha atenção para, o que devia ser, o pequeno bebê sob minha guarda, todavia, meu corpo entrou em estado de paralisia.

Meu peito se encheu em emoção, quando fitei meus amados azuis com seus detalhes maduros.

- Wendy? -sua voz melodiosa e doce me chamou depois de longos segundos, buscando por minha reação.

- Enid? -murmurei baixo, levando a mão para a tocar, entretanto, não fazendo de fato.

A lupina notou minha insegurança, então, somente sorriu e aproximou seu rosto de minha palma, depositando seus dedos por cima dos meus.

Eu não consegui controlar as poucas lágrimas que deslizaram por minhas bochechas, sem qualquer permissão.

Como uma necessidade espontânea e sufocante, ela avançou em meu abraço e eu a apertei com ternura, me certificando de que aquilo não era minha mente me alucinando.

Meu coração batia forte contra minha caixa torácica, no mesmo compasso do de Sinclair, e eu aproveitei o momento em que a garota escondeu sua face em meu pescoço, para afogar a minha em seus fios loiros, sentindo seu perfume.

- Obrigada -sussurrou chorosa, afastando-se minimamente.

Penso que estava tão abalada, que meu raciocínio lógico era inconfiavel. A maior pareceu perceber e riu baixo, por conta da minha confusão.

- Por ter cuidado de mim -explicou e eu ergui as sobrancelhas em surpresa- eu me lembro de tudo Addams, inclusive da coleira! -alegou com um biquinho desgostoso, repleto de manha.

Permaneci alguns instantes em silêncio, admirando sua postura orgulhosa, refletindo sobre o quanto me fez falta.

- Eu te amo -sentenciei, desfazendo seu drama.

Minha namorada corou envergonhada, porém, satisfeita e voltou a se aconchegar em mim.

- Wendy, você tem um gênio forte e teimoso, um humor razoavelmente duvidoso e muito ácido -cantarolou, tocando seu dedo na ponta do meu nariz.

- Obrigada? -resmunguei irônica, perante as qualidades.

- Deixe-me terminar! -soou em um riso e eu assenti- ainda assim, eu te amo! Amo muito! E você é a única pessoa com quem eu anseio dividir o resto da minha vida -concluiu e meu sorriso apaixonado, revelando as covinhas, as quais eram privilégio exclusivo de minha lobinha, foi inevitável.

- Pretende se casar comigo, Sinclair? -provoquei, principiando uma tortura em seu pescoço, e ela concordou.

- E ter filhos, agora que tenho ciência que você não os mataria -retrucou e eu lhe mordi a clavícula, demonstrando não estar contente- Wendy! -repreendeu, enquanto eu compensava a saudade que havia sentido de minha namorada, apertando-lhe com vontade, apreciando suas arfadas.

Me afastei para lhe admirar, ocasionando algum tempo de mudez no ambiente e lábios comprimidos em confusão.

- Minha pequena Enid -sussurrei sem fôlego, tomando sua boca para mim com paixão.

Nosso beijo começou calmo, todavia, não demorou a se tornar desesperado e afoito. Seu gosto era incomparável, nada no mundo me deixaria em tamanho êxtase, e nosso encaixe, não podia ser definido de outra forma que não fosse perfeito.

- Amor -gemeu com manha, combustionando meu interior por completo.

Inverti nossas posições, disposta, a lhe fazer minha, contudo, cessei qualquer movimento quando nosso quarto foi invadido indelicadamente.

- Seu prazo de duas semanas acabou senhorita Addams! E qualquer submissão de sua parte não vai me fazer mudar de ideia! Eu soube sobre o senhor Thorpe e acredite, nunca pensei que conseguiria, mais uma vez, superar sua capacidade de me enlouquecer! -a voz rude e dura de Weems se fez presente, com seus passos pesados.

- Eu diria que o problema foi resolvido -murmurei sem vontade, a deixando ver Enid, que deu um aceno constrangido.

A mulher enfim notou a cena desconcertante em que estava e ruborizou fortemente.

- Vamos ter esta conversa mais tarde Wednesday! -afirmou sem jeito se retirando- ao menos tranque a porta -pediu, enfim, nos deixando a sós.

Troquei um olhar com a lupina e comecei a rir, recebendo leves tapas reprendedores, para, por fim, lhe puxar para mais um beijo.