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— Eu posso entrar? 

Indagou ela enquanto mantinha seus olhos brilhantes em meu rosto. Seu rosto estava um pouco vermelho e seu cabelo em um coque mal feito, o que era dificil de se ver ja que ela vivia sempre com o cabelo bem arrumado. Ela andou bebendo. 

— Por favor, Sofia 

Te-la pedindo por favor e me chamando por meu primeiro nome confirmava minhas suspeitas de que ela estava alcoolizada. Eu não poderia deixa-la ali nessa situação e com esse pensamento eu dei um passo para o lado, deixando-a adentrar meu apartamento. 

Claire olhou tudo em volta, analisando cada pedacinho da sala e da cozinha enquanto um quase sorriso ocupava seus lábios. Deixei meus olhos cairem por seu corpo e ela agora usava uma calça jeans e uma camiseta de alguma banda que eu não conhecia. Sorri vendo-a tão despojada assim. 

— Seu apartamento é bonito

— Obrigada, Annesley – Cruzei os braços abaixo dos seios – O que faz aqui, Claire? 

Ousei chama-la dessa forma e na mesma hora ela se virou de frente pra mim, analisando minhas expressões enquanto deitava minimamente sua cabeça para o lado. Observei ela levar a mão esquerda para o rosto, esfregando os olhos e logo franzi o cenho. 

— Você está sangrando – Claire descansou a mão na bochecha, me olhando como quem não havia entendido – Sua mão está sangrando, Annesley 

— Oh – Finalmente parece entender e coloca a mão frente ao rosto para olhar – Não deve ser nada demais. Eu estranhamente sangro demais por pouca coisa

— Sente-se. Eu ja volto 

Pedi e caminhei calmamente até o banheiro, pegando álcool, algodão e band-aid, retornando para o comodo anterior e soltando um riso ao ve-la sentada literalmente em cima da mesa. 

— Porque não a cadeira? – Indaguei chamando sua atenção 

— Sei lá. Gosto de lugares altos – Neguei com a cabeça enquanto deixava as coisas ao seu lado e me colocava entre suas pernas, sendo observada arduamente – Eu vim até aqui para te pedir desculpas, Sofia 

— Oh. Eu definitivamente não esperava por isso – Sorri ao molhar o algodão com álcool – Não precisa se desculpar. Está tudo bem.

— Não, não está – Comecei a passar o algodão em sua mão para limpar o sangue – Eu fui uma idiota com você hoje. Eu estava com muita raiva e acabei direcionando essa raiva muito mal. Eu fui uma completa escrota e eu sinto muito por isso. Eu sei que isso não é desculpa mas eu simplesmente não consigo controlar as vezes.

— É, você realmente consegue ser insuportavel quando quer – Sussurrei e ela riu

— Eu peço desculpa de verdade 

Finalmente limpei aquele sangue e cheguei a raiz do problema e como a mais velha disse, não era nada demais. Apenas um pequeno corte em seu dedo indicador, nada muito fundo mas o suficiente para ter manchado sua mão quase inteira de sangue. 

— Talvez arda um pouquinho – Avisei ao trocar de algodão, passando alcool agora na ferida

— Até que é suportável – Sorriu – Você, Sofia Belmonte, me concede a honra de seu perdão? 

— Você é tão besta – Deixei um risinho escapar por meus labios – Eu perdoo você, Claire Annesley 

A olhei nos olhos e me arrependi por te-los tão perto assim, o que me fez desviar rapidamente. Peguei o band-aid e o abri, colocando delicadamente em seu dedo e ouvindo uma risadinha da mais velha. 

Cartas para BelmonteOnde histórias criam vida. Descubra agora