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Despertei de meu sono e franzi o cenho, esfregando meus olhos com minha mão e parando ao sentir os braços finos rodearem ainda mais minha cintura, deixando-me abrir os olhos e suspirar ao observar a mais nova dormindo serenamente. 

Ter seu corpo nu enroscado ao meu e me aquecendo com o calor do seu corpo é a melhor coisa que um dia eu poderia ter pedido. Estar com Sofia me levava ao extremo de felicidade e isso é maluco, porque eu só senti isso uma vez em toda a minha vida.

Depois que Sarah se foi eu nunca pensei que voltaria a amar alguém e por isso eu buscava conforto em noites de festa e mulheres desconhecidas. Eu queria preencher um buraco não só em meu peito, mas sim em minha alma, mas então Sofia apareceu.

Por Deus, eu me lembro como se fosse hoje de minha mãe entrando nesse apartamento com a garota tímida em seu encalço. Meus olhos cintilaram com a curiosidade repentina que me atingiu em relação a garota com os olhos tomados em uma bela escuridão.

A forma na qual ela me estendeu a mão para um cumprimento parecendo não ter ideia alguma de quem eu era me fez instantaneamente me sentir atraída por ela. Sua beleza era fodidamente chamativa e eu me pegava olhando por vezes mais do que o necessário e eu nunca pude evitar o sorriso que rasgava meu rosto todas as vezes em que eu a observava olhar para o horizonte de cima de minha varanda. 

Sofia era como um enorme portal de luz e a sua simplicidade foi me fazendo gostar dela. A forma como ela não se deixava deslumbrar com as coisas caras que eu sempre tive a oferecer me conquista até hoje sem sombra de dúvidas. 

A mais nova pode estar em um circo inteiramente abandonado, onde antes era motivo de reuniões familiares e risadas, mas se ela começar a apenas falar, o velho circo volta a vida de forma gloriosa, enchendo aquele habitual lugar com as mais puras risadas e o mais puro amor existente.

Fui tirada dos meus pensamentos ao ouvir a mais nova resmungar sobre algo que sonhava, o que me arrancou um sorriso sincero. Adorava ouvir o que ela tinha pra falar mesmo dormindo e adorava a forma em que sua testa ficava fincada mas depois suavizava por conta de um sorriso que nascia em sua boca.

Com cuidado me desenrosquei do abraço de Sofia e calmamente a deixei deitada ainda de bruços, vestindo minha roupa e depositando um beijo em suas costas desnudas. Era uma visão angelical observar a minha garota dormir e eu não poderia me sentir mais honrada por ter essa oportunidade. 

Peguei uma manta que havia nos pés do sofá e cobri o corpo da bela moça que ressonava perfeitamente. Levei a mão até seu rosto e o acarinhei com a ponta do indicador, contornando seus traços para enfim deixar um beijo em sua têmpora e sair daquele escritório.

Caminhei pelo meu apartamento e sorri assim que cheguei na sala e avistei o pequeno cachorro dormir de perna aberta enquanto abraçava sua inseparável tartaruga.

Fiz um rápido carinho em sua barriga e me arrastei até o banheiro para fazer minha higiene, voltando a cozinha e me espreguiçando, sentindo todo o meu corpo estalar, deixando-me sorrir ao lembrar da noite anterior onde Sofia e eu tivemos como sempre o melhor sexo possivel. 

Liguei a máquina do café e franzi o cenho ao ver as horas no relógio da parede, indicando ainda ser antes das 08:00. Minha noite de sono pareceu durar uma eternidade o que me fez pensar estar acordando por volta das 11:00. 

Deixei a máquina fazer o seu belo trabalho e caminhei até a grande área externa, respirando fundo o ar fresco enquanto tinha minha pele agraciada com o sol que já brincava entre as nuvens. 

Me alonguei e me sentei no chão, cruzando minhas pernas em posição de lótus e me focando em minha respiração. Eu precisava meditar ou eu surtaria com algumas dúvidas que começaram a surgir em minha cabeça há uns dias atrás.

Cartas para BelmonteOnde histórias criam vida. Descubra agora