Dois dias haviam se passado desde que Sofia descobriu sobre aquele enorme fato que estava a tirando do sério. Não fazia ideia do que fazer e estava com medo de como tudo seria daqui pra frente.
Estava com medo em partes da gravidez em si, não poderia negar estar assustada por ter que gerar uma criança e se virar com ela no futuro, mas o seu maior medo era da reação de Claire quando Sofia a contasse.
Belmonte sabia que a mais velha adorava crianças, mas isso poderia mudar quando ela soubesse que a mulher que ama está grávida de um filho da puta que ela odeia. Sofia estava morrendo de medo de Claire dizer que não a quer mais e que ela deverá caçar o seu rumo sozinha, ou pior, com Pietro.
Sofia também não contou para Pietro e nunca contaria, já que tinha certeza que o rapaz colocaria isso como mais um motivo para mantê-la presa a ele, fora que se ela contasse pra ele e depois dissesse que iria terminar, ele poderia ficar mil vezes violento e ainda sim obrigando-a a ficar.
A mais nova aceitaria tudo, menos deixar sua criança crescer em um ambiente igual ao que ela foi criada. Nunca iria se perdoar se mais um pequeno ser humano tivesse que ser traumatizado com pais agressivos e talvez assassinos. Nunca iria deixar isso acontecer nem que pra isso ela precisasse viver se escondendo por aí.
— O que você acha? – Sofia piscou rapidamente, voltando à realidade ao notar Pietro encarando-a.
Pietro havia chegado de viagem madrugada passada e foi direto para a casa da mais nova, essa que teve que estar ali para recebê-lo.
— O que eu acho sobre o que?
— Está no mundo da lua? – Tentou brincar mas a de olhos negros se manteu seria – Eu perguntei o que você acha de irmos jantar hoje e depois irmos até aquele motel chique que fomos uma vez.
— Oh não, eu não estou no clima pra isso
— Ah qual é? – Pietro que até então estava sorridente fechou a cara na mesma hora – Eu fiquei fora todos esses dias e você não quer fazer o mínimo? Sabe como é ruim ficar sem transar? Fica pior ainda quando eu chego de viagem e a porra da minha namorada quer evitar isso ao maximo
— Eu só não me sinto bem – Sofia encolheu os ombros e suspirou, olhando para suas mãos descansando em seu colo
— Eu não tô nem aí, entendeu? – Pietro agarrou seu rosto e apertou com força, obrigando-a a olhar para ele – Nós vamos sair hoje e vamos ter a porra de uma noite perfeita. Eu quero você toda gostosa para mim e se livre desse seu mau humor, porque essa noite nós vamos foder como nunca.
Belmonte respirou fundo, tentando tirar o rosto do toque apertado do rapaz a sua frente, tendo ele soltando um riso e passando a língua por cima de sua boca, empurrando seu rosto para trás e se levantando.
— Nos vemos à noite e eu acho bom você estar bem arrumada.
Pietro se levantou e pegou suas coisas, deixando Sofia ouvir o barulho da porta abrindo e fechando, podendo enfim deixar algumas lágrimas rolarem por seu rosto.
Nunca iria deixar essa criança ao menos sequer conhecer Pietro e se fosse para proteger a criança, ela arriscaria até colocá-la para adoção, mesmo que isso significasse ter uma metade sua morrendo por dentro.
Secou o rosto e puxou forte sua respiração para seus pulmões, se levantando e não fazendo questão alguma de arrumar aquela bagunça em sua mesa que Pietro havia deixado.
Pietro voltou dessa última viagem muito estranho, pensou Sofia. O rapaz voltou parecendo mais perverso e isso ela pôde perceber assim que seus olhos se cruzaram na madrugada passada. Não gostava nenhum pouco dessa versão ruim que Pietro estava assumindo.

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Cartas para Belmonte
RomansaSofia Belmonte estava no auge de seus 24 anos quando se encontrou no meio de uma grande bagunça. Estava em um círculo que consistia em seu namorado, sua chefe que ela odiava e uma pessoa misteriosa que a mandava cartas expressando o amor que sentia...