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Ouvi o toque alto de meu celular e despertei assustada, o pegando rapidamente para não acordar Claire no meio da madrugada. Aceitei a ligação sem nem ao menos olhar quem era, sentindo meu coração gelar ao ouvir aquela pergunta que eu não ouvia há anos.

“Um detento da penitenciária de San Quentin deseja entrar em contato. Você deseja aceitar essa ligação?”

Desliguei aquele celular e o joguei longe, como se ele tivesse algum tipo de demonio dentro dele e de fato tinha. Me desvencilhei de Claire e rapidamente me levantei, colocando minha camiseta e indo em direção do banheiro.

Parei frente o espelho e obervei meu reflexo ali, notando que eu estava mais branca do que o normal. Fechei os olhos e lavei o rosto, sentindo meu coração começar a acelerar e minhas mãos começarem seu habitual tremor. 

— Por favor, agora não… – Senti uma lagrima escorrer por meu rosto e logo a limpei – Deus não faz isso comigo agora.

Ja era tarde para mim. Minhas lagrimas começaram a trilhar caminho por meu rosto em uma velocidade absurda, fazendo-me sentar no chão gelado do banheiro.

Meu peito subia e descia brutalmente por conta de minha respiração desregulada, meus batimentos cardiacos macetavam minha caixa torácica sem dó e aquilo me destruia.

Porque aquela ligação foi feita logo hoje? Eu me odiava por me deixar abalar por isso mas que escolha eu tinha? 

Ter uma crise de ansiedade em uma noite que foi maravilhosa não estava em meus planos, mas aqui estou eu sentada no chão desse banheiro feito uma estupida. 

Comecei a coçar meus braços com força tentando de alguma forma buscar alivio, deixando varios rastros vermelhos em minha pele. Meu choro ecoou pelo banheiro e eu tapei minha propria boca para que Claire não escutasse. 

Massageei com a mão espalmada o meio de meu peito, tentando falhamente acalmar meu coração idiota. As mãos trêmulas começaram o seu formigamento de sempre e aquilo era horrivel.

Me deitei no chão e abracei meu próprio corpo enquanto as lagrimas rolavam. Eu sentia como se fosse morrer ali mesmo enquanto sentia a dor absurda que meu coração me causava. 

Observei entre minhas lagrimas a porta do banheiro se abrir e logo uma Claire vestida tambem apenas com sua camiseta se aproximou preocupada. 

— Ei, o que aconteceu? – Ela puxou meu corpo para que eu voltasse a me sentar e me abraçou com força

— Eu n-não consigo r-respirar…

— Vai ficar tudo bem, okay? – Ela puxou meu rosto e grudou sua testa na minha enquanto segurava minhas mãos entre as suas – Eu estou com você e não irei sair do seu lado

Senti ela acariciar meus braços e logo suas mãos vieram para o meu rosto, secando minhas lagrimas que insistiam em sair.

— Respire comigo, tudo bem? – Balancei com a cabeça positivamente e ela beijou minha testa para voltar a grudá-la na sua

Claire passou a ditar o ritmo da respiração, me dizendo quando inspirar e expirar. Suas mãos voltaram-se para as minhas, massageando devagar e aquilo estava me ajudando.

Eu sempre lido com minhas crises sozinhas e ter alguém me ajudando com isso sem me chamar de louca e dramatica era uma novidade para mim. Uma bela novidade que eu nunca esperaria. 

Fechei meus olhos depois de longos minutos ouvindo a respiração de Claire e imitando-a. Minhas mãos foram parar em sua camiseta, apertando-a entre meus dedos e logo suas próprias mãos foram parar em meu pescoço, acariciando minha mandíbula com os polegares. 

Cartas para BelmonteOnde histórias criam vida. Descubra agora