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Sofia Belmonte Pov’

Faziam mais ou menos dez minutos que eu estava sentada na cama, enquanto observava a mais velha dormir como se sua mente estivesse totalmente repleta de paz. Suas costas desnudas expunham os arranhões que eu havia deixado e eu não pude evitar sorrir.

Apoiei o rosto em meus joelhos que estavam erguidos e suspirei admirando o seu belo rosto e o jeito que um biquinho sempre estava presente quando ela dormia. Seu cabelo estava espalhado no travesseiro apenas do lado esquerdo, enquanto sua cabeça estava apoiada em seu braço virada para o lado direito onde eu estava sentada, deixando-me admirá-la.

Noite passada Claire disse claramente e com todas as letras que me amava, o que me deixou totalmente caida por ela. Saber que ela sentia algo tão genuíno assim por mim apenas fazia com que meu coração se desmanchasse feito uma gelatina.

Nunca imaginei que uma mulher como Claire poderia se interessar por mim, muito menos me amar da forma na qual ela fazia. Quando eu era mais nova, sempre fui aquela esquisita que ninguém nunca prestava atenção ou convidava para um simples café, e isso me magoava de uma forma que eu não sei nem descrever. 

Quando chegavam em mim era pra perguntar se alguma amiga minha estava solteira e por Deus, eu apenas queria ser aquela na qual os outros pensavam em perguntar se estava solteira.

Talvez por isso eu tenha me apaixonado perdidamente por Pietro. Ele foi aquele que me enxergou no meio daquela multidão interessante. Ele olhou através da beleza ou do que eu tinha, e eu me encantei por isso. A forma na qual ele se esforçou para me conquistar foi o que mais me chamou a atenção, então quando eu me entreguei foi assim, intenso.

Saber que Claire também me enxerga dessa mesma forma e que lutou três anos contra o que sentia apenas porque eu pedi me fazia afogar em amor. 

Claire era um enorme mar agitado, transbordando amor e carinho, tudo o que eu sempre quis e por isso eu era apenas uma mulher no meio do seu mar, sem saber nadar e sendo coberta pelas ondas que me arrastavam cada vez mais para o fundo. 

Eu não tinha medo de me afogar nessas ondas, pois eu tenho certeza que quanto mais fundo eu for, mais fácil ficará de ver as sereias e eu quero vê-las. Quero ver as incríveis sereias que habitam nesse mar chamado Claire Annesley. 

— Bom dia, minha linda dorminhoca – Falei baixinho quando a mais velha abriu lentamente os olhos

— Acordou faz muito tempo? – Bocejou e eu sorri, passando o polegar por sua bochecha

— Faz um tempinho sim 

Mordi o lábio inferior quando ela coçou o olho. Como ela conseguia ser tão linda sendo que acabou de acordar? 

— Não gosto da ideia de você me observando 

— E porque não? 

— Vai que eu fico estranha quando durmo e isso faça você se desencantar de mim 

Deixei uma risada cortar minha garganta, vendo-a sorrir de lado e tornando a fechar os olhos. Deitei por cima de suas costas e ela soltou um riso quando eu beijei sua nuca.

— Ah é, você ronca igual um caminhão – Brinquei e ela riu, puxando minha mão para depositar um beijo

— Eu poderia me acostumar a viver em um barco e acordar sempre assim com você

— Vamos dar uma de Adam Sandler e Drew Barrymore? – Sorri ao ver o seu próprio sorriso

— Eu amo esse filme – Admitiu – E se você também se esquecesse de tudo, eu faria igual ele e te lembraria todos os dias do quanto eu te amo e do quanto somos felizes.

Cartas para BelmonteOnde histórias criam vida. Descubra agora