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Depois de ficarmos um bom tempo sentadas em um dos bancos do Pier, Claire e eu resolvemos descer para a praia e foi simplesmente mágico.

Brincamos na água feito duas crianças e a forma em que não conseguiamos nos manter separadas era igual um casal de adolescente que recém se apaixonaram. Ter a verdadeira Claire assim para mim era a melhor coisa que um dia eu pude ter o prazer de experimentar.

Ao olhar nos olhos da mais velha eu conseguia ter a plena certeza de que eu estava perdida e ao mesmo tempo a certeza de que eu havia me encontrado. Com Claire eu era a minha melhor versão, a melhor e a verdadeira. 

Ao estar com Claire eu sabia que eu poderia tirar a mascara que eu tambem colocava todos os dias. Eu poderia ser eu mesma sem ter medo algum disso, pois eu tinha certeza que Claire seria aquela que não importa o que, ela me aceitaria de todas as maneiras possíveis. 

— Meu Deus! Olha que coisa mais fofa – Claire apontou animada para um filhote de Husky que passou na calçada 

Estavamos agora no Water Grill, um belo restaurante que nos dava uma bela vista da praia ja que estavamos sentadas em uma das mesas que ficavam ao lado de fora. 

Claire insistiu para almoçarmos no Water e eu me recusei ao maximo por ser um lugar muito caro e eu queria pagar por algo tambem, não deixar só com que ela me bancasse. 

Expliquei para Claire que eu não iria conseguir pagar um almoço naquele restaurante para nós duas e ela disse entender, dizendo que se eu quisesse nós poderiamos ir para outro, mas que ela estava morrendo de saudade da comida desse restaurante e então eu não tive como negar suas vontades, não quando ela colocava seus olhos para jogo. 

Deixei claro para ela que o proximo almoço eu quem escolheria o lugar e eu quem pagaria por tudo, tendo-a concordando sem nem pensar duas vezes.

— Você parece gostar muito de cachorros – Comentei vendo-a seguir com o olhar o rapaz e o cachorro que ja se afastaram

— Eu sou apaixonada – Ela sorriu voltando seu olhar para mim – Quando eu era mais nova eu tinha uma vira-lata que era a minha maior paixão. O nome dela era Sandy e eu vivia literalmente só pra brincar com ela. – Soltou um riso e seus olhos brilharam 

— Eu gostei do nome 

— É por causa da Sandy do Bob Esponja. Era e ainda é o meu desenho favorito – Ela riu e eu semicerrei meus olhos em sua direção 

— Você zombou quando eu te coloquei um band-aid do Bob Esponja 

— Eu estava bebada e ainda sem graça por ter que pedir desculpas por ser uma escrota – Disse divertida e eu revirei os olhos em brincadeira

— O que aconteceu com Sandy? 

— Oh não foi nada de horrivel como morte por doença ou coisa do tipo. Ela morreu de velhinha mesmo – Sorriu nostalgica – Ela me acompanhou desde meus cinco anos até os vinte. Ela viveu seus quinze anos e não poderia estar mais ansiosa para descansar, porque eu tenho certeza que ela tinha noção de que foi amada durante todos esses quinze anos em que viveu em nossa casa e que poderia ir em paz

— Eu amo o jeito em que você fala sobre tudo – Sorri e acariciei sua mão que estava por cima da mesa, sendo atacada por suas belas orbes – Depois dela você nunca mais teve algum cachorro? 

— Eu não tive não. Eu comecei a viajar, me focando em meus estudos e quase não parava um mes em casa, não queria pegar um para deixar sozinho. Fora que depois quando conheci Sarah descobri que ela não era muito fã, então acabei nunca adotando outro – Deu de ombros – Você ja teve algum? 

Cartas para BelmonteOnde histórias criam vida. Descubra agora