Capítulo 6 - Uma grande coincidência

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O cheiro do oceano, de peixes e de madeira molhada

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O cheiro do oceano, de peixes e de madeira molhada. Meu estômago nauseado depois de estar de volta ao mar. Após escapar novamente pelas rotas mais seguras do Norte, eu me sentia estranhamente vazio.

Havia mandado notícia às vilas para que se preparassem caso os Caçadores Brancos não se contentassem em atacar apenas a capital de Tiror, mas eu sabia bem que lutar contra fantasmas da neve no território gelado era uma missão impossível para pessoas comuns.

Minha última esperança era de que Issachar continuasse a ser bom para conosco, fornecendo homens mahins que pudessem rivalizar com os terríveis fantasmas.

Após semanas no mar, a visão da Vila da Emboscada me encheu de uma estranha nostalgia. Me lembrei de quando estive ali da última vez, trabalhando para Jolly John e roubando da Caçadora Escarlate. Minha vida realmente havia mudado muito desde aquela época.

Decidi fazer um esforço para me manter silencioso e passar despercebido na ilha até o dia seguinte, onde pegaria um navio diretamente para a costa de Zalim. Jolly John provavelmente já havia ouvido a respeito da minha participação em afundar o navio de Ossos no ano anterior, e podia ter algum rancor que em nada me ajudaria naquela situação.

Em um lugar com tantos foras da lei, e com minha crescente fama no Norte, era fácil que eu acabasse sendo percebido e isso dificultasse minha viagem. Afinal, a Emboscada nunca fora um lugar fácil.

Quando a manhã caía, me uni a fila de viajantes que tomavam o galeão, em busca de irem para o Leste. Mesmo com as notícias da invasão nortenha, o leste continuava sendo o destino favorito de muitos refugiados e pobres em busca de uma vida melhor. Especialmente no último ano, após uma guerra ter se iniciado no Oeste e os dragões terem atacado muitas cidades. Antar era o único país conhecido por não apenas ter sobrevivido ao ataque de um dragão, como ter matado um.

A história ainda se espalhava sobre como se podia ver os ossos do dragão na colina da capital de Passalus. Pessoas que tiveram suas vilas queimadas ou que perderam tudo, viam em Antar uma luz para procurar refúgio.

Desci até o deque inferior do navio e me sentei no chão de madeira, amontoado com vários outros passageiros clandestinos. Me encolhi debaixo do capuz quando notei o olhar de uma criança sobre mim. Era um moleque de pele escura como a de Bisonte e cabelos cacheados. Não devia ter mais que seus sete ou oito anos, mas era alto e franzino. Deu um sorriso tímido quando percebeu que eu o olhava de volta e se encolheu junto a mulher que o acompanhava.

Era uma mulher bonita, da pele dourada, cabelo negro como a noite e cheio de tranças, e um corpo curvílineo que chamava atenção por si só. Devia receber muita atenção dos homens por onde quer que fosse, mas sua expressão dura demonstrava que não tinha tido uma vida fácil. Talvez eu estivesse entediado, mas me vi me perguntando porque eles estariam indo para Zalim.

Quando os marujos fecharam o alçapão para o deque, as lanternas se apagaram e ficamos todos no escuro. Não podíamos esperar muita humanidade em um navio clandestino afinal. As frestas na madeira permitiam que a luz do Sol entrasse, e às vezes um pouco de água do mar também.

A Guerra dos Impérios - Volume III: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora