Capítulo 7 - Passos sem volta

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A manhã estava fria e uma névoa envolvia boa parte de Ventosa

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A manhã estava fria e uma névoa envolvia boa parte de Ventosa. Mamãe me entregou a bebida quente e me acenou da porta, enquanto eu me afastava lado a lado com meu cavalo.

Queria poder chegar na capital antes de anoitecer, mas havia dormido demais, pois o tempo estava gostoso para se estar debaixo de uma coberta.

Terminei de virar o líquido num gole longo, que quase queimou minha língua, e guardei meu caneco junto a bagagem no cavalo. Eu já havia me acostumado, mas às vezes mamãe ficava triste com o fato de que eu praticamente vivia na capital agora.

Era estranho... Talvez eu estivesse fugindo. Vivendo como se algo estivesse me perseguindo, quando na verdade eram meus próprios sentimentos confusos que não me deixavam em paz.

Suspirei, e montei o cavalo, o agitando pela estrada que cortava parte da floresta. Agora a estrada estava sempre movimentada e podia ver, mesmo com aquele tempo, alguns passantes pelo caminho, viajando.

A tarde já se estendia nublada quando uma fome bateu. Já estava na metade do caminho, então apenas mordisquei algo que mamãe me mandou e voltei à estrada.

Me surpreendi por um instante quando notei a carruagem cercada por dois cavaleiros. Eu reconhecia bem o veículo e o recém-feito brasão de rosa que agora pertencia ao condado Basten. Minha expressão se fechou imediatamente e me perguntei quais seriam as chances de passar reto por eles sem que os cavaleiros me notassem.

Engoli meu desgosto e me aproximei, alinhando meu cavalo com o de Lipe, um jovem cavaleiro de uma família nobre da capital que fora enviado para Ventosa para servir o Ruivo. Era um homem bonito, como a maioria dos cavaleiros antarianos. Seus cabelos castanhos eram raspados na nuca, mas cheios no topo com ondas adoráveis que lhe formavam uma franja.

O rosto jovial e anguloso estava sempre calmo e quase entediado, mas seus olhos castanhos encaravam a estrada com atenção. Nos dávamos muito bem, talvez porque depois de mim, ele era o cavaleiro mais jovem na Ordem. Ainda assim, ele nem sorriu ao me ver. Se limitou a relaxar a mão que tinha junto a espada quando me ouviu aproximar.

— Ah, Myra... Já está voltando? Não ficou muito tempo dessa vez. — Ele falou de forma relaxada, que me fez sorrir.

Segurei minha vontade de virar o olhar para encarar a carruagem do conde, que era guardada por eles. Ainda assim, do outro lado, sir Tadaroso acenou.

Diferente de Lipe, Tadaroso devia estar por volta de seus quarenta, e por trás da barba negra e bem cortada, e da cicatriz na sobrancelha e olhar atento, se escondia um homem tão afiado quanto uma faca. Ninguém duvidaria que Tadaroso era nobre, pois bastava um olhar para sabê-lo. Eu o respeitava profundamente, mas nunca conversamos muito.

Acenei de volta, mas voltei meu olhar ao rosto bonito e desinteressado de Lipe.

— Soube que fez aniversário há pouco. Meus parabéns.

A Guerra dos Impérios - Volume III: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora