Capítulo 25 - O adeus do homem chamado Bisão

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O sonho vívido me fez acordar tremendo

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O sonho vívido me fez acordar tremendo. Meu corpo todo parecia uma vara verde ao vento. Meu último ano em Mukantagara era uma memória encravada na minha pele e no meu coração. Eu tentava ser otimista por fora, mas eu tinha medo. Medo de que a tristeza me consumisse.

Havia todo tipo de pessoa no mundo. E principalmente haviam aqueles que levantavam bandeiras sobre seus próprios ideais. Eu nunca tive ideais. Eu sempre apenas quis viver uma vida tranquila, talvez porque minha vida havia sido tudo, menos tranquila. Porém, agora, tudo que eu mais queria era fugir da tranquilidade. O barulho de espadas e o suor do campo de batalha eram o que iriam me fazer relaxar. Me encontrar no mar de sangue e violência que me era familiar.

Me levantei e tentei me focar em algo diferente, preparando minhas poucas coisas para a partida a Passalus. Eu me perguntava se eu deveria sentir pena de mim, mas me recusava quando ninguém mais sentia. Ninguém à minha volta estava vivendo o melhor dos mundos.

Houve um tempo em que eu achava que nobres e reis viviam vidas privilegiadas, mas agora mesmo os nobres e reis que eu conheci viviam vidas deprimentes. Mas como poderia eu sentir pena deles quando eu tinha a mim mesmo para resgatar. Resgatar do buraco escuro em que fui jogado e da solidão que cresceu em mim como uma erva daninha.

Talvez as coisas melhorassem quando eu me encontrasse com Leslie...

Após o desjejum, encontrei Issachar absorto em um treino solo de tiro ao alvo. Era cedo, mas ele parecia estar de pé antes do sol nascer. Estava suado e sem camisa, o que denunciava que talvez já tivesse feito também outros treinos.

— Por que arco e flecha? — Perguntei, me aproximando. Ele não tirou o olho do alvo e soltou a flecha, acertando em cheio. Ele poderia ter sido um excelente arqueiro.

— Me ajuda a pensar... — Ele disse, antes de virar o rosto para mim e relaxar seu arco. — Bom dia, Bisonte.

— Bom dia...

— Já está de partida?

Eu fiz sim com a cabeça. Esperava vê-lo de novo em breve. Fitei minhas unhas, cutucando-as com um nervosismo que nem eu sabia o porquê.

— O que foi? — Issachar, quis saber, enquanto vestia novamente sua camisa sobre uma camada de suor e recolhia o equipamento.

— Eu quero me unir às campanhas.

— As campanhas contra os nortenhos? Por quê?

Parei um pouco no lugar. Cheguei a me perguntar se ele me julgaria, mas decidi falar mesmo assim.

— Não consigo desligar...

— Desligar? — Issachar franziu as sobrancelhas.

— A mente... Não consigo desligar.

Issachar me fitou em silêncio, como se pensasse. Eu não sabia bem em quê, mas ele chegou em alguma conclusão quando disse:

— Você sabe que pode morrer, não sabe?

A Guerra dos Impérios - Volume III: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora