Capítulo 17 - À caminho das minas

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Quando acordei a noite já havia caído e Anna estava grudada em mim como um carrapato, o que ajudava com o frio noturno

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Quando acordei a noite já havia caído e Anna estava grudada em mim como um carrapato, o que ajudava com o frio noturno. Ainda assim, minha cabeça doía e meus pensamentos voltaram a tona, me deixando um pouco exausto.

Decidi me levantar e tomei um pouco d'água, tentando acalmar meu peito acelerado e minha respiração descompassada. Eu não entendia bem o que estava me deixando tão nervoso.

Deixei a cabine e fui até o convés tomar um pouco de ar. A maioria dos homens parecia já estar dormindo, mas encontrei Sahaja Donkhor sentada relaxadamente sobre um caixote, enquanto bebia e fitava as estrelas. Me aproximei devagar, mas ela não demorou a me notar.

— Não consegue dormir? — Perguntou.

Me sentei sobre um caixote, de frente para ela, e a observei. Olhando com cuidado era fácil encontrar semelhanças com Bisonte. Seu olhar insistente, esperando uma resposta, era algo que Bisonte tinha com frequência. Suspirei.

— Tenho algumas coisas na cabeça...

Geralmente não diria nada, mas a semelhança com seu irmão me fazia me sentir estranhamente confortável.

— Algo a ver com sua esposa voltando dos mortos? — Ela questionou. Meu olhar surpreso a fez acrescentar: — Os soldados também ficaram surpresos com a volta dela.

Fitei o chão roto de madeira do navio, iluminado por uma lamparina em um canto. O ranger constante, o cheiro úmido de mar e o leve balanço faria alguém com estômago fraco ficar enjoado.

— Essa é definitivamente uma das coisas na minha cabeça... Como alguém deveria reagir quando algo assim acontece? — Me vi perguntando, apesar de não gostar de conversar sobre a minha vida com estranhos.

— Hmm... Não sei dizer. Nunca experimentei algo assim. Mas acho que qualquer pessoa demoraria algum tempo para se ajustar e entender os próprios sentimentos.

Seus olhos brilhantes me encararam com o que parecia pena. Eu devia mesmo estar em um estado deplorável sob o ponto de vista dos outros.

— Se dói tanto sua cabeça pensar sobre isso, esqueça a sua esposa um pouco. Finja que nada disso está acontecendo, assim vai poder descansar. Depois de descansar, poderá voltar a pensar nisso com mais calma.

Seu conselho, apesar de bom, parecia duro demais. Como eu poderia fingir que nada daquilo estava acontecendo e me esquecer de Anna, sobre quem passei um ano inteiro pensando a respeito? Talvez fosse justamente essa a questão...

— Me esquecer, huh? Seria bom se eu pudesse tirá-la da minha cabeça e não pensar sobre nada.

— Por que não me conta um pouco sobre suas histórias com meu irmão? Quero muito saber.

Seus olhos pareceram ganhar vida ao falar de Bisonte. Sorri pequeno ao me lembrar dele, e contei algumas de nossas aventuras que fizeram Sahaja ter o mais diverso tipo de reação.

A Guerra dos Impérios - Volume III: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora