Capítulo 20 - A tribo dos Mamba Chou

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Outro dia se passou antes que nos movêssemos

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Outro dia se passou antes que nos movêssemos. Issachar queria esperar que Bisonte estivesse bem, mas na verdade se esperássemos por algo assim, demoraríamos no mínimo um mês para nos movermos, o que era tempo demais. Bisonte pareceu notar aquilo, pois no dia seguinte propôs que partíssemos.

Issachar quis discutir e sugerir um pouco mais de descanso. Bisonte estava magro e mancava. Sua pele estava ferida e a boca rachada. Os olhos amarelados denunciavam que algo não estava bem, e talvez ele precisasse de atenção médica. Mas o mahin talvez estivesse se movendo com base no ódio que sentia pelo sistema podre mukantagariano, que permitia que seu povo e o meu fossem escravizados.

Eu me lembrava das aulas de história que Mãe Pietá me obrigara a ter quando eu era criança. A tutora me ensinara sobre todos os países importantes das Terras Alvoras e sua situação política. Eu não havia me esquecido de Mukantagara porque era graças as terras sulistas que um dia Tortanan havia sido o império mais rico do mundo.

Isso antes dos Blumes decidirem conquistar o Leste e dominarem todo o continente, e da família real que vivia em Mukantagara declarasse independência da dominação tortanenha, apesar de todos os nobres mukantagarianos terem sangue lestino.

Meu avô havia abolido o sistema escravista em Antar, o que fez com que em quase todo o continente lestino a escravidão desaparecesse lentamente, exceto por Tortanan.

O problema das tribos sulistas, que havia permitido que fossem dominadas por tortanenhos, apesar de serem em maior número, era o fato de que não eram unidos. As tribos guerreavam entre si, e já existia escravidão antes de Tortanan invadir. Porém, um escravo no sistema tribal sulista e um escravo tortanenho eram diferentes. Escravos tribais eram tomados após uma tribo perder a guerra, e apesar de serem chamados de "escravos", viviam como servos e eram capazes de conquistar status e crescer na tribo que os recebeu.

Um escravo tortanenho, porém, era um produto, sem direito algum de existir sem a vontade de seu senhor. E essa crueldade estava enraizada em toda a sociedade mukantagariana. Por isso eu sabia bem, que mesmo que derrubássemos Mukantagara, o sistema voltaria, a não ser que um novo governo surgisse.

Porém, diferente dos outros Blumes que vieram antes de mim, elogiados por serem grandes conquistadores, eu não tinha vontade de conquistar nada, e nem de aumentar o território antariano. Eu não sabia em que estado estavam as coisas em Antar, mas eu sabia que guerra custava muitos blumios, e gerenciar um povo tão grande já era um grande desafio.

Meu desaparecimento havia deixado uma batata quente nas mãos de Issachar, e eu tinha um pouco de receio de perguntar como ele havia lidado com um império em guerra e com a morte da última Blume. Talvez após resolvermos as questões no Sul, poderíamos conversar sobre tudo aquilo. Por hora, eu queria acreditar que a presença animada de todos os soldados e cavaleiros era um sinal de que as coisas iam bem no império.

Fitei meu rosto no espelho e me deprimi um pouco ao ver quão magra eu estava. Já havia alguns meses que eu até mesmo havia parado de sangrar, o que me preocupava, pois temia que não pudesse mais ter filhos devido às condições precárias pelas quais passei. Acariciei minha barriga e senti meus olhos arderem, pensando sobre como eu nunca havia conversado sobre aquilo com Issachar... Sobre termos filhos. Mas grande parte da aliança entre o Vale e Antar se apoiava no fato de que teríamos um herdeiro Blume-Felkor.

A Guerra dos Impérios - Volume III: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora