Alicia podia sentir seu corpo inteiro vibrar enquanto os dedos de Danton gentilmente colocavam uma mexa de seus longos cabelos tão escuros quanto a noite, atrás de sua orelha. Suspirou quando, quase sem querer, ele lhe encostou no rosto.
Fazia pouco mais de uma semana que decidira se encontrar as escondidas com o rapaz e Thomaz por vezes era seu cúmplice.
Hoje o local escolhido era próximo a grande pedra aonde,0 tão sabiamente havia sido aconselhado por Emma.
— Acredito que estão se tocando o suficiente. Não acham? - Questionou ele, franzindo isso senho.
— Tão ciumento. - Brincou sua irmã, com um sorriso no rosto. Sorriso esse que enchia o coração de Thomaz. Amava ver aquele brilho nela. Contudo sabia que logo ele desapareceria por completo.
— Fica melhor sorrindo senhor Savói. Deveria lhe puxar as orelhas por estar utilizando meu lugar secreto. Só não o faço em respeito aos dois. - Emma estava parada bem atrás do rapaz de braços cruzados e feições contrariada.
— Pequena Emma? Achei que não se importaria. Afinal me ajudou tanto. - Thomaz já estava acostumado com o gênio da criança, porém sua irmã não.
— Vai deixá-la falar assim? - Questionou sem entender.
— Vou e você também vai. Se estão aqui agora foi graças a ela que me convenceu a deixar você mesma escolher... Pelo menos por enquanto.
Claramente não era a resposta que Alicia esperava. Deu um passo a frente e avaliou a menina que retribuiu o olhar.
— Você é uma criança ainda. - Finalmente disse algo.
— Tenho nove anos. Sei perfeitamente o meu tamanho, ainda assim posso ser muito perspicaz. Não gosto de ser julgada por minha idade ou por qualquer coisa. - A língua de Emma estava pronta para dizer o que viesse a sua mente e quase que prevendo isso Thomaz a intrometeu.
— Menina acalme-se. Alicia, os pais de Emma a educam para ser a herdeira dos negócios da família. Não será inteligente trocar farpas com ela. Emma ignore a falta de bom senso de minha irmã. Ela não sabe que existe um ser como você.
— Vou tomar isso como um elogio. Podemos ser amigas e eu deixo vocês usarem meus esconderijos. - A menina esticou a mão num claro sinal de paz e esperou pacientemente.
— Nunca conheci uma menina com tamanha liberdade. Queria ser assim. - Alicia deu dois passos a frente e apertou a mão de Emma e lhe fez um carinho na cabeça na sequência.
— Ótimo. - Thomaz comemorou.
— Esse é Danton...
— Sei bem quem é. Achei corajoso seguir algo diferente do que seu pai faz. Direito é algo complicado e bons advogados são raros especialmente no que tange aos trabalhadores.
— Como sabe que eu... Só meu pai sabe.
— Ele contou ao meu quando trouxe o retrato de Lola e talvez eu estivesse por perto.
— Trabalhei naquele retrato. Ainda o ajudo no ateliê. Não queria decepciona-lo. - O jovem respondeu sem jeito.
— Ele disse isso e parecia muito orgulhoso enquanto o fazia. - Emma pareceu satisfeita ao ver o espanto misturado com felicidade crescendo no rosto do rapaz
— Estou adorando a conversa, sério. Mas nosso tempo é curto e eu gostaria...
— Alicia! Olha os modos. - Thomaz ficou corado com a atitude da irmã.
— Não seja tão antiquado Savói. Vamos apenas nos sentar ali e deixar os dois conversar. - Emma começou a puxar o rapaz.
— Nunca em um milhão de anos você só tem 8 anos.
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Além Da Eternidade
FanfictionA jovem Emma Solpel sempre foi considerada por todos a sua volta uma rebelde causadora de problemas. Muito a frente de seu tempo e disposta a enfrentar os padrões de 1861. Thomaz Savói é o herdeiro de uma das famílias mais tradicionais de Paris. C...