Lorrence manteve um rosto inexpressivo, mas Emma conseguia ver o ódio crescente em seus olhos e isso, por um momento, a fez estremecer. Mariana e sua mãe nada disseram, porém tanto Emma quanto Thomaz notaram as trocas de olhares cheios de segundas intenções.
— Oh... e quando seríamos informados disso? - Edithe é a primeira a falar alguma coisa. Mantinha um sorriso sem graça no rosto e não ousava olhar para o marido.
— Estava planejando fazer isto ainda neste fim de semana. Como já estão aqui e ouviram a conversa... - Explicou Thomaz.
Edithe no fundo estava feliz pelo filho, pois sabia o quanto a morte da irmã o impactou. Ouvir da boca dele que jamais se casaria a machucou muito.
A mulher aproximou-se de ambos e os parabenizou e neste momento seu marido tomou uma atitude que surpreendeu a todos.
— Essa é uma excelente notícia meu filho. - Disse ele, repousando a mão no ombro de Thomaz que recuou involuntariamente. – Que tal se marcarmos um jantar em nossa casa Edithe? Assim podemos ficar a par dos preparativos e também aproveitamos para anunciar o noivado aos mais íntimos. - Edithe forçou um sorriso e concordou. – Se me der sua permissão, converso eu mesmo com Antonie a respeito.
— Não será preciso. - Marie respondeu. — Se Thomaz e Emma concordarem será um prazer. - Disse isso os olhando intensamente como se os apoiassem. Emma então deu um passo a frente e se aproximou ainda mais de seu futuro sogro.
— Ficarei encantada. - Respondeu e Thomaz compreendeu que a noiva fazia um esforço tremendo para manter uma harmonia que nem ele sabia se existia.
— Muito bem. Então Edithe irá organizar tudo. - Mesmo com uma fala mansa, Thomaz conseguia sentir o rancor na voz do pai. O homem fez um breve cumprimento e seguiu seu caminho.
Mesmo aceitando a escolha de Emma, Thomaz tinha dúvidas se deveriam mesmo comparecer a esse jantar. De tão tenso que caminhava, Marie logo tratou de tranquiliza-lo.
— Não fique tão nervoso meu jovem. Seu pai não fará nada estúpido.
— Não tenho tanta certeza minha sogra.
— Acredite, seu pai não é tolo e no fim, para ele, tudo gira em torno do dinheiro e de status social. - Thomaz a olhou ainda desconfortável.
— No final das contas ainda sou uma herdeira. - Emma completou o pensamento da mãe e voltou a caminhar, agora um pouco mais a frente. Sua cabeça estava a mil. Sabia muito bem que não podia confiar no homem e odiava saber que ele, de alguma forma tentaria obter alguma vantagem com seu casamento.
Thomaz observou a noiva de perto, mas, chegou a conclusão que não era hora de tentar entrar em sua zona de conforto. Ele sabia que quando ela estivesse pronta iria compartilhar o que a preocupava.
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Lorrence caminhava a passos largos na direção oposta com as mulheres tentando o acompanhar.
— Vai mesmo oferecer um jantar a eles? - Elaine, mãe de Mariana logo questionou irritada. – Não me ignore Lorrence. - O homem então parou e a fitou finalmente. – O senhor me prometeu um casamento. - Cochichou ela ao perceber que estavam sendo observados.
— Não só vou oferecer o jantar como também vou ser solícito.
— Melhor irmos mamãe.
— Sugiro que vocês sejam cordiais também. O melhor jeito de afastá-los é nos infiltrando no convívio deles. Dividir e conquistar.
— Muito bem. Acho que podemos fazer isso. Afinal, minha filha possue muitos encantos. - Elaine disse acariciando o rosto de Mariana. – E quanto a Solpel?
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Além Da Eternidade
FanfictionA jovem Emma Solpel sempre foi considerada por todos a sua volta uma rebelde causadora de problemas. Muito a frente de seu tempo e disposta a enfrentar os padrões de 1861. Thomaz Savói é o herdeiro de uma das famílias mais tradicionais de Paris. C...