Capitulo 04

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    Os raios de sol tocavam gentilmente  o rosto da jovem e um lindo sorriso se abriu ali. Thomaz retribuiu com o mesmo gesto. Fazia 10 anos que havia partido e em todos os seus momentos difíceis pensava no que Emma  lhe diria caso  pudesse lhe aconselhar. Observou com calma os grandes olhos esverdeados da jovem e os cabelos que agora estavam soltos e dançando junto com a brisa gentil daquela manhã.

— Pretende me segurar por quanto tempo? - Perguntou ela ao perceber que ainda estavam próximos demais.

— Perdão. - Disse ele a soltando delicadamente.

— Não me entenda mal, seus braços são bem confortáveis senhor, entretanto, ainda pretendo me refrescar. - Continuou ela adentrando nas águas calmas do lugar. – Devia se juntar a mim. Ou pode simplesmente sentar aí e me contar as boas novas.

— A-acho que vou apenas me sentar e... sim, aqui está confortável. - Disse sem jeito. Mesmo sabendo o quão diferente era Emma das demais jovens, Thomaz ainda se surpreendia.

Estava nervoso, afinal foram 10 anos e ao longo deles, mesmo longe, ouviu falar de Emma. Do quão bela tinha ficado. Corria a boca miúda, que o que ela tinha de bela tinha de atrevida e no fundo sempre que ouvia isso sorria com sinceridade, pois lembrava com carinho de sua velha amiga.

— Longos 10 anos. Por onde devo começar?

— Pelos maus momentos. - Sugeriu ela. – Assim os bons que vieram depois nos deixarão felizes. - Nadou alegre de uma margem a outra.

— Depois daquela noite parti para Paris e de lá fui a América. Terra estranha e viagem longa. Acabei adoecendo  ainda dentro do navio. Em resumo foram meses de febre e delírio. Quando voltei passei por maus bocados. Parece que meu pai decidiu que tornaria meus dias os mais infelizes possíveis. Fora isso tentei ficar o mais longe possível do convívio social da cidade.

— Deixe-me dar um palpite aqui. - Pediu a jovem saindo do rio e andando em sua direção. — As mães de Paris são ainda piores que as de Marselha?!

     Thomaz concordou corando. Virou o rosto, retirou suas vestes e as ofereceu a Emma que ergueu uma de suas sobrancelhas sem entender.

— Estão transparentes. Suas... Roupas. - Disse ainda sem jeito.

— Parece que o senhor ficou mais envergonhado com a idade. - A jovem aceitou de bom grado e sentou-se ao lado do velho amigo.

— Está me chamando de velho? - A resposta foi uma alegre gargalhada.

— De modo algum. Está  um belo Jovem. - Respondeu sem maldade. — Papai me contou que o senhor Savói  tentou de tudo para prejudicar seus negócios. Lembro-me do quão revoltado ele estava quando descobriu que o senhor havia fechado uma parceria de exportação para a América. Tentou me tirar do escritório a força.

— Meu pai fez isso? Espero que não tenha lhe machucado.

— Relaxe Thomaz. Papai me ensinou a colocar qualquer homem em seu devido lugar.

— O que a senhorita fez? - Perguntou divertido.

— Disse a ele que estava pisando em terreno perigoso e que se não parace de jorrar besteiras por entre os dentes perderia nosso apoio. - O rosto de Thomaz estava uma mistura divertida entre risos e apreensão. — Acredito que seu pai me odeie já que papai me apoio e sejamos francos, nenhum homem de nossa sociedade espera ser repreendido por uma criança de 13 anos correto?!

 As gargalhadas de Thomaz podiam ser ouvidas reverberando por todo o imenso campo.

— Espero que as coisas tenham melhorado meu amigo. Agora me conte as boas notícias.

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