Capitulo 18

31 9 2
                                    

    Ambos ficaram abraçados por um tempo e quando Emma percebeu que o marido havia se acalmado, disse: – Preciso ver como sua mãe está. Se quiser ir na frente para o chalé, fique a vontade.

— Viemos almoçar com seus pais e faremos isso. Mas concordo que precisamos ver se minha mãe precisa de algo. - Respondeu ele lhe beijando a bochecha direita.

Emma adentrou ao quarto onde a sogra estava e logo notou que suas coisas já estavam arrumadas e que a mulher tentava de alguma forma disfarçar o grande vermelho que se formou na boca.

— Se veio tentar ma convencer que devo de alguma forma abando...

— Não foi pra isso que vim. - Emma a interrompeu. – A escolha é sua. Por mais que deteste meu sogro com todas as minhas forças, não posso obriga-la ao que não deseja. - Emma se aproximou. – Deixe que eu faço isso.

    A luz suave  entrava pela janela do quarto de Edith, iluminando suas feições abatidas. Emma retirou o pano das mães dela e começou a delicadamente aplicar sobre o ematoma que se formara no rosto da sogra.

— Obrigado por isso, minha querida. - Disse Edith com um sorriso imensamente grato. – Você é muito gentil.

— Não sou tão gentil assim, sogra. Na realidade, acho que sou bruta. - Emma baixou o olhar e depois voltou a encarar a sogra. – Está tudo bem?

Edith suspirou, seus olhos cansados se voltando para o teto antes de finalmente responder: — Eu sei que parece absurdo, Emma, mas eu amo o meu marido. Apesar do que ele faz, eu realmente o amo.

— Mas ele está te agredindo, Edith! - exclamou Emma angustiada.

— Eu sei, eu sei. Mas é assim que as coisas são, Emma. Os homens batem em suas esposas sem consequências. Apesar de tudo, sei que ele me ama.

Emma balançou a cabeça em incredulidade. – Tem certeza? Amor e agressão não combinam.

Edithe sentou-se ao lado de Emma e respirou fundo antes de começar a explicar. – Querida, a situação para uma mulher que tenta o divórcio será bastante difícil, para dizer o mínimo.

— Por que isso? ‐ Perguntou Emma, ela sabia de muitas coisas, mas, nunca se interessou  muito por esse aspecto.

— Bem, o divórcio é limitado a casos extremos. Adultério, impotência ou violência física  e mesmo nestes casos, a aprovação dos tribunais são raras. Disse Edithe, suspirando profundamente. – Além disso, as mulheres que pedem o divórcio são mal vistas pela sociedade e pelos tribunais. Elas são consideradas rebeldes e impróprias, e muitas vezes são acusadas de violar seu dever sagrado de respeitar seu marido e manter-se em seu lugar.

— Injusto e abominável. - Era visivel a irritação de Emma. – Então simplesmente  precisam se sujeitar?

— Muitas mulheres simplesmente suportam a infelicidade, e outras encontram maneiras de se separar informalmente de seus maridos. - Explicou Edithe. – Algumas inventam doenças e partem para o interior por "recomendação medica". - Antes que Emma pudesse falar, Edith  continuou. – Mas, este não é  meu caso. Só sairei do lado dele quando a minha hora chegar. A mulher levantou-se e fechou a última mala que ainda estava sobre a cama.

— Eu só quero que saiba, Edith, que estou aqui para apoiá-la. Se você mudar de ideia e quiser conversar sobre sair desta situação, eu estarei ao seu lado. - Disse Emma colocando a mão no ombro da sogra. Edith apertou a mão de Emma, sorrindo suavemente.

— Obrigada, minha querida. Só o fato de saber que tenho alguém para conversar já me ajuda muito.

     Emma desceu na frente e tratou de pedir ao cocheiro da família que a levasse de volta a Marselha, retornando somente no dia seguinte.

Além Da EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora