Capítulo 16

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     Thomaz acordou com o sol ainda tímido, a iluminar o quarto. Ao seu lado, Emma dormia profundamente, parecendo serena. Ele sentio-se o homem mais feliz do mundo. Depois de tanto tempo de espera, finalmente pôde chama-la de esposa. Fechou os olhos para melhor apreciar a lembrança latente da noite anterior que começou na sala e se repetir no quarto.

Levantou-se, vestiu sua camisa, calça e arrumou o quarto em silêncio. Não queria acordar Emma, mas ao olhar para a janela, pensou que seria um belo gesto preparar-lhe o café da manhã na varanda. Sabia que ela iria gostar.

Desceu até a pequena cozinha do chalé sem fazer barulho, apanhou o que precisava e, com os pés descalços, carregou tudo até a varanda. Lá, ajeitou a toalha branca e a louça limpa que as criadas haviam deixado, mas que ele agora, colocava num arranjo diferente para impressionar a sua amada.

Empurrou a mesa e a ajeito no lugar que julgava ser o melhor para apreciar a vista, pôs os pratos e utensílios sobre  ela, colocou as xícaras de porcelana e serviu um delicioso café fumegante. Era um dos talentos que ele havia desenvolvido durante os anos em que viveu sozinho.

Voltou rapidamente para o quarto e delicadamente sacudiu Emma, que esboçou um sorriso antes mesmo de abrir os olhos.

— Bom dia, minha querida esposa - Disse, beijando-lhe os lábios ainda semicerrados.

— Bom dia, marido... - Respondeu ela com voz sonolenta, mas com um sorriso no rosto.

— Preparei o café da manhã na varanda. Vá lá, quero que veja.

    Emma levantou-se sorrateiramente e vestiu uma bela camisola branca que havia deixado sobre a poltrona. Thomaz a acompanhou até a varanda, ansioso pela reação dela.

— Oh, Thomaz, que lindo! Não precisava se esforçar tanto.

 Ele apenas riu, ajeitando a alça da camisola no ombro dela, antes de sentar-se à mesa.

— Não sabia que tinha me casado com um homem tão prendado.

— Tudo pela minha bela dama. - Respondeu ele puxando a cadeira para Emma.

— Quero ouvir mais sobre como se sentiu a noite passada. - Disse ele, servindo-lhe o café.

 E assim, eles conversaram pela manhã, desfrutando do café com ovos e bacon que Thomaz havia cozinhado, envoltos na felicidade do momento e desejando que aquela paz e amor nunca acabassem.

Quando finalizaram, Emma tinha um sorriso provocativo no rosto.

— Me diga o que tem em mente meu amor. - Thomaz perguntou.

— Que tal se subissemos. Ainda temos tempo antes de irmos à  casa principal. Podíamos tomar um banho juntos. O que acha?

— Tentador. Sabe que ele acabará sendo frio né?! Não podemos aquecer a água se quisermos  chegar a tempo no casarão.

Emma levantou-se e caminhou até Thomaz lhe dando a mão e o fazendo levantar.

— Não precisamos disso pra deixar as coisas quente.

Thomaz nem tentou resistir aquilo. Deixou-se levar. Não demorou para que a banheira se enchesse. Emma despiu-se e ajudou o marido a fazer o mesmo. Ela entrou primeiro e deixou que ele se acomodasse  atrás de si.

— Eu disse que ia ficar quente. -Emma comentou ao sentir as mãos de Thomaz percorrerem sua carne desnuda.

— Não temos muito tempo meu anjo.

— Temos o suficiente. - Respondeu ela se entregando completamente a ele.

           《《》》《《》》《《》》

      Emma parou diante das várias opções de vestido que tinha e os observou.

— Devíamos ir combinando. - Thomaz sugeriu lhe beijando o ombro. — Escolha qualquer um, não importa a cor, ficará lindo em você de qualquer jeito.

— Vamos com o verde então.

— Ótimo. Tenho algo que combina perfeitamente.

     Não demoraram muito para se por a caminho do casarão. Emma conhecia aquele lugar como a palma de sua mão. Mas, para Thomaz era tudo novidade.

— Meu amor, você viu a cara do meu pai ontem quando todos os criados e empregados entraram na cerimônia? Fiquei com medo dele ter um ataque cardíaco! - Disse Thomas rindo.

— Eu percebi que ele não estava muito feliz, mas não sei dizer se foi por conta dos criados terem sido convidados ou se foi porque realmente nos casarmos.

— Também fiquei com dúvidas.

— Falando em nosos amigos,  acho que a Margareth roubou a cena com aquele vestido todo pomposo.

— Nem me fale! Parecia que ela estava mais animada do que muitos dos nossos convidados. Até dançou uma valsa comigo. -Thomaz sorriu com a lembrança.

— Pelo menos ela não soltou nenhuma piada constrangedora durante o discurso do meu pai. Se bem que ia adorar ver a cara dele se isso acontecesse.

— Ah, como se alguém pudesse ignorar as piadas da Margareth. Ela sempre encontra uma maneira de nos fazer rir.

     Ambos seguiram felizes de mãos dadas e logo chegaram ao grande casarão. Uma construção  com uma fachada imponente de pedra calcária cremosa. O telhado inclinado em estilo mansarda é coberto com telhas de terracota e interrompido por altas chaminés de tijolos. As janelas são grandes e redondas, com molduras delicadas em tons pastéis de verde-azulado, e estão alinhadas em perfeita simetria.

 Ao entrarem, o que veem a sua frente é saguão espaçoso e luminoso, com um lustre de cristal cintilante pendurado no teto alto. Os pisos de mármore brilham sob os pés e as paredes claras são decoradas com pinturas a óleo emolduradas. Uma escadaria curva leva ao andar de cima, enquanto portas duplas se abrem para a elegante sala de jantar à direita.

— Meu amor! Que bom que vieram. - Marie os recebeu abraçando a filha.
— Meu genro querido. Entre.

— Espero não estar atrasado. — Thomaz a cumprimentou com carinho.

— De maneira alguma Meu jovem. Até pensei que iriam chegar mais tarde. Casais recém casados quase não saem de casa. Afinal, possuem coisas mais interessantes para fazer. - Antonie surgiu no patamar superior da escadaria.

— Pelo amor de Deus homem, seja mais discreto. - Marie o repreendeu

— E quais seriam essas atividades mais interessantes papai? Estou curiosa. - Lola perguntou já ao lado do pai.

— Viu o o que fez? Você é essa sua boca grande. Eles jogam minha filha. No caso de sua irmã, é  um jogo intelectual. Vamos encerrar essa conversa sem pé nem cabeça. — Ela finalizoi os conduzindo para a sala de jantar.

    O cômodo era  um oásis de opulência, com um teto alto com molduras douradas, revestimento de madeira escura e uma mesa retangular de carvalho com tampo de mármore branco. A iluminação suave era fornecida por um grande candelabro suspenso, enquanto as cadeiras estofadas em veludo vermelho-escuro convidavam  a se sentarem e desfrutarem de uma refeição majestosa.

À esquerda do saguão, uma porta dupla levava à sala de estar confortável. As paredes eram pintadas de um verde suave, destacando o mobiliário  rico em madeira de mogno. A lareira de mármore cinza claro era o ponto focal da sala, com dois sofás e várias poltronas em torno dela.

Assim que se acomodaram em seus devidos lugares, os vários empregados vieram cumprimentar Emma e Thomaz por tê-los  convidado para a cerimônia. Isso não era comum entre as famílias ricas, na verdade, talvez, aquela tenha sido a primeira vez que algo assim aconteceu.

— Onde está Margareth? - Thomaz perguntou. — Gostaria que ela se sentisse conosco.

— Eu despedi aquela mulher  escandalosa. - A voz profunda e grotesca de Lorrence adentrou de maneira perfurante nos ouvidos de todos os presentes.

— O senhor fez o que? - Perguntou Emma.

   

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