O Medo Bate a Porta (Concluido)

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Gotas de água banhavam meu corpo, era gelado e isso forçava meu cérebro a funcionar, acordei atordoada e imediatamente quis correr, mas um braço forte me impedia de realizar qualquer movimento que não fosse ficar em baixo d'água.

  Meu cérebro estava em choque, toquei meu corpo e constatei que ainda estava vestida, minha visão ainda estava turva, mas podia enxergar com dificuldade as pequenas manchas vermelhas formadas na água, era sangue, o desespero me tomou novamente então forcei meu corpo para levantar, juntei todas as minhas forças para fazê-lo, mas no instante em que levantei minhas pernas fraquejaram e cai trazendo comigo o corpo de quem estava me mantendo em baixo da água.

— arg Josephine. — exclamou ele em tom de reprovação.

Era ele. Sim, era ele. A voz de Anthony ativou meus neurônios instantaneamente, um choque invadiu meu corpo me dando coragem de olhar em seus olhos, e mesmo o vendo ali, impassível como sempre, meu cérebro não queria aceitar que era verdade, sabia que a qualquer momento acordaria daquele sonho então apenas me deixei sentir como se estivesse em seus braços novamente.

  Anthony estava de joelhos dentro do box do banheiro, a camisa social branca agora marcava todo seu peitoral, seus braços seguravam os meus na tentativa de me manter em baixo d'água, não queria sair dali, só queria me envolver em seus braços e foi o que fiz, me aninhei em seu peito e estremeci quando seus braços fortes me abraçaram, se era miragem, foi a mais intensa que já vivi em todo esse tempo.

O sol brilhava fortemente através das cortinas, eu podia senti-lo sobre minha pele, era tão reconfortante, meu cérebro ainda não funcionava corretamente, mas mesmo assim ainda o forçava para lembrar do que havia acontecido na noite anterior, sentei na cama e olhei ao redor em busca dele, mas algo gritava que era apenas um sonho, ele não estava aqui! Jamais viria por mim!

  O desespero me tomava enquanto esperava o recepcionista do hotel fechar a conta, eu não tinha dinheiro o suficiente para pagar uma noite se quer naquele Hotel, estava vivendo bem, mas não tanto, era caríssimo e eu estava entrando em desespero, pedi a conta e ele simplesmente disse que pediria ajuda ao gerente após fuçar todo o computador, estava aérea, já tinha perguntado para todos os funcionários que vi sobre como cheguei aqui, mas ninguém falava nada, todos disseram não ter visto nada, se quer o nome de quem estava a reserva "sabiam".

Irritada, questionei novamente sobre o valor da estadia, mas recebi o sorriso falso do atendente seguindo de uma desilusão, a resposta me deixou ainda mais intrigada.

— Senhorita sinto muito pela demora, bom todos os custos já foram acertados.

— Mas eu não paguei, paguei? — Questionei confusa.

— Ao que parece foi tudo pago no ato da reserva e bom... não tem mais nenhuma informação.

— Olha gostaria do nome de quem pagou ou o número do cartão de crédito se puder me ajudar.

— Segundo as informações contidas no nosso sistema o pagamento foi realizado em dinheiro, o único nome no registro é o seu, senhorita, ajudo em mais alguma coisa?  — Perguntou com ar de cansado.

— Não, obrigada!

Sai apressada em busca de um táxi, não foi tão difícil de encontrar em alguns longos minutos estava em casa, meu apartamento era como um ponto de paz para mim, tudo se acalmava quando estava lá dentro, sentia meu corpo e minha mente desacelerar, gostava da sensação de paz que aquele pequeno ambiente me trazia, embora hoje não fosse possível, era o grande dia a formatura de Josephine Ressel ou Jessica Romano, eu sonhei tanto com esse momento, juro que acreditei que seria um dia incrível, mas tanta coisa dominava minha mente, não tinha mais nenhuma expectativa para esse dia tão sonhado.

Os meus olhos refletiam tudo que eu sentia, olho atentamente no espelho em busca de um semblante alegre, estava envolta de um vestido vermelho lindíssimo, colado em todo o corpo com algumas pregas na cintura, era lindo, uma fenda ia de baixo até próximo da coxa o que aumentava a sensualidade do vestido, outra coisa que não me agradava era o decote, os seios um pouco avantajados me deixavam desconfortável, mas segundo Lucca hoje eu deveria brilhar como nunca, quase tudo fora escolhido por ele, inclusive o salto preto com brilhos cravejados por toda a correia amarrada em meus pés, meu cabelo está preso num coque despojado, com fios rebeldes na frente formando ondas que desenham o meu rosto, e ao contrário dos outros dias hoje optei por uma maquiagem mais marcante algo que possa disfarçar um pouco a falta de ânimo em meu rosto, tudo em contraste com o batom vermelho carmim que meus lábios carregam.

— Estou pronta — Sussurrei para mim mesma em frente ao espelho.

  Sorri forçadamente e caminhei até a sala em busca da bolsa que havia separado, o interfone tocou em seguida avisando que o táxi já estava me esperando, antes de trancar a porta uma sensação estranha me inundou, meus fixaram cada carinho do meu apartamento, estava feliz, mas a sensação era de uma despedida, fechei os olhos e respirei fundo.

  O Oxford gran Salom estava cheio tudo estava lindo, a sofisticação estava espalhada apor cada canto, busquei a mesa em que tínhamos reservado e fui de encontro aos meus amigos, o microfone havia sido acionado e logo o cerimonialista declarou que em breve iniciariam a entrega dos diplomas, esse momento era marcante e todos estavam esperando, cada familiar estava sendo direcionado ao palco para se preparar e organizarem-se para a entrega dos diplomas.

Pedi antecipadamente para que tirassem meu nome, não tenho ninguém, não que me conhece de verdade, todos aqui acreditam numa ideia falsa de quem sou, aquilo que criei recentemente, uma tentativa ridícula de fuga de um homem por quem em apaixonei, mas sabia que seria inviável uma vida com ele, porque sua escolha sempre seria honrar o pai e a família, nunca fui importante e a cada dia que passava sentia que estava mais distante, talvez poderia chamar de algum tipo de síndrome, já não me importava mais, eu já estava distante dele e de tudo que envolvia meu passado estava bem, ou pelo menos gosto de acreditar que estou.

Alguns minutos após as homenagens começou a entrega dos diplomas, todos estavam lindos os olhos brilhavam a cada nome mencionado.

— Lucca Rabello Feres, recebe seu diploma dos Pais Augusto Rabello e Diana Feres — Chamou a cerimonialista.

  Lucca estava radiante o sorriso era estonteante, estava lindo em seu impecável terno de rico, eu gostava muito dele, por vezes pensei em contar um pouco da verdade, mas sabia que estaria o colocando a beira da morte.

— Gostaríamos de chamar ao palco Jessica Romano — O susto estava estampado em meu rosto, provavelmente uma dos meus amigos aprontou comigo.

  Embora estivesse em estado de desespero caminhei vergonhosamente até lá, em busca de um dos meus amigos, com certeza eles me entregariam o diploma, já que fizeram essa "surpresa", mas não os encontroe em lugar algum, subi os degraus e o perfume era o perfume dele, invadiu minhas narinas e se instalou por lá, o cheiro estava próximo era como se eu pudesse sentir sua presença ali, uma lágrima ameaçou cair quando percebi que estava fantasiando com o seu abraço naquele exato momento, mas por mais que meu coração o quisesse meu cérebro sabia que era uma loucura, agitador atentamente o nome de quem em entregaria o diploma e sorrindo a cerimonialista declarou.