Já haviam se passando dois dias desde que Liam voltou para casa, e nada era exatamente igual, sem a presença de Theo lá.
Ele sentiu até falta da produção o avisando que “Seu namoradinho tá aí na porta, ele trouxe seu almoço. Deixamos ele entrar?” que se era repetido todo meio-dia, em que Liam ficava confinado com sua colega, ajudando nos editoriais para o site.
Ele amava apresentar, claro. Ser o rostinho que estava lá na frente, toda tarde, era legal, ele fez por merecer. Mas também amava pesquisar, investigar, entrevistar, escrever e avaliar textos.
— Oh, onde está o Theo agora, para trazer seu expresso puro, e meu milk shake de café? – a garota empurrou a cadeira rodante, para longe da escrivaninha, deixando o teclado para as mãos agoniadas de Liam, que adulterava todas as gírias que ela tinha posto do texto, de forma assustada.
Ele tinha certeza que a mulher tinha feito de propósito, mas não podia deixar de escandalizar os olhos para tela, se questionando se poderia usar aquilo para conquistar a demissão da parceira. Não que se odiassem, eles só viviam tentando irritar o outro da forma mais compulsiva que existe, enquanto procuravam razões para fazer um deles xingar, e fazer acusações do tipo “Estou no meu ambiente de trabalho, e eu não vou aceitar ser tratada dessa forma”.
— Eu fico me perguntando como você conseguiu sua vaga – Ele respirou fundo, negando com a cabeça para os mínimos erros de pontuação.
A mulher jogou a cabeça para trás, deixando as madeixas escuras cairem para as costas da cadeira. Ela fechou os olhos, como se pudesse dormir alí, mesmo com a voz de Liam a chamando a cada segundo, e repetindo partes do texto que, de acordo com ele, eram “estupidamente estúpidas”, mesmo que logo em seguida elogiasse a escrita dela, como se as palavras anteriores fossem capaz de desestabilizar o complexo de ego e autoestima dela.
Sua pele amarela, pareceu descansar, e os indicativos de sorriso, dos seus lábios finos, desapareceram. Mesmo que não fosse admitir em voz alta, era reconfortante ter o Eugene alí, ela parava de roer as unhas pela taxa de audiência, e a sensação de que ela devia fazer algo para manter o legado erguido pelo Dunbar, desaparecia.
— Se você fosse homem, eu te bateria! – Liam disse, um pouco indignado, por olhar para trás e ver que ela nem prestava atenção nele.
— Ainda bem que eu sou mulher – finalmente sorriu, antes de voltar com a cadeira para o computador de tela fina — Não pensa muito, é só apertar – ela levou as unhas estilete avermelhadas, para o botão de enviar, teclando como se nunca tivesse mexido em um teclado antes. Quase como uma criança curiosa, encostando onde a mamãe falou para não encostar — Pronto!
Liam abriu a boca, assustado com o que ela fez, as mãos pararam estéticas no ar, na ação que ele fazia quando ia reclamar sobre espaço pessoal. Os olhos azuis estavam desacreditados com a forma que uma bolinha azul de carregamento trabalhava, mostrando que realmente estava sendo enviado.
— O que você fez? – ele questionou, assustado, olhando agora para as teclas — Ainda não estava pronto.
— Liam – ela chamou, de forma estendida, mas teve que puxar o amigo pelo braço, para ter os olhos castanhos encarados.
As janelas de Liam, capturando o queixo triangular, que lembrava Alexander. A mente dele já tinha pensando algumas vezes como a pele da amiga era lisa, jovem, e agora parecia lembrar daquilo.
— Dois dias sem pau, e você já enlouqueceu? – ela questionou, olhando para ele como se dissesse um “Fala sério, né, amor” — É a droga de um e-mail, para uma pessoa normal, não para o presidente – ela fez uma careta ao final da frase, e talvez aquilo tenha puxado o Licantropo para realidade.
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Thiam - Ink Wings Boy
FanfictionCriaturas da noite se escondem nas periferias dos países da América, ordenando suas vidas juntas as dos seres humanos, que descobriram de sua existência e destilam ódio pelos sobrenaturais. As Harpias - aves de rapina com rosto e corpo humano...