XXIV - PENÚLTIMO - REGRA NÚMERO UM: EU TE AMO, SOMOS IGUAIS, SOMOS IRMÃOS

19 4 1
                                    


Liam recebeu um balde água gelada na cara pela milésima vez, depois de não responder a simples pergunta de Derek.

— O Nathan mandou vocês? – O Hale perguntou, vendo o loiro tossir a água e apertar os olhos na intenção de afastar as gotas que caíram no rosto.

— Onde está a Hikari, ela é humana – novamente, o Dunbar ignorava a pergunta do outro, para zelar pela amiga. Mas cada vez que ele conseguia ajustar a visão naquela sala mal iluminada, recebia outro balde, e mais pedras de gelo junto ao líquido.

  Derek suspirou, jogando no chão o balde. O plástico se bateu no canto da sala, em estalos de rompimento, e com um fraco som de agitação do restante do líquido que estava alí dentro.

— Eu não vou perguntar de novo – O alfa avançou tão brutalmente. Os dedos se pregando no queixo do beta, apertando de forma irritada — Olha aqui, cuidamos dos nossos, Liam, e se você acha que pode chegar aqui exigindo coisas sem dar explicações, vai sair m-

— Mas o que você está fazendo!? –O barulho da tranca da porta morreu ao ser consumido pela zoada maior da voz jovem.
 
  Derek se afastou do Dunbar, que apertava as janelas doloridas. O Hale parecia pronto para se virar para quem quer que tenha chegado, quando o rapaz foi mais rápido o puxando pelos ombros.

— Quem deixou você entrar? – as asas da harpia encolheram ao ouvir a voz do homem. Como um beta revelando sua submissão. Mas era tosco, a raça dele não se curvava para ninguém, ao menos, era o que Liam sabia sobre.

— O que você está fazendo com ele? –  os dedos descendo do corpo do outro. Enquanto os olhos castanhos e dóceis se moveram para o loiro presente, com pena se distribuindo sobre o ar — Derek, é o jornalista – retornou a visão para o Hale, que parecia ciente, mas não ligava — Ele pode ferrar com todo o abrigo, por sua causa.

— Justamente por ele ser alguém capaz disso, me pergunto o que ele quer com você – disse apressado, empurrando o Stilinski para trás, como se fosse impedir que o terceiro presente acabasse ouvindo eles — O que eu disse sobre sua antiga família?

— São perigosos, eu sei. Mas...

— Sem “Mas”, Stiles. Eu não vou deixar ele sair, sem que explique exatamente o que quer aqui – afirmou, batendo os dedos no peito do Stilinski, de forma que o garoto tropeçou um pouco para trás — Agora saia – mandou, mas o ordenado nem se moveu — Stiles, vá! – a harpia olhou novamente para o preso, Liam pode ouvir o coração despencando em batimentos relutosos, e estranhamente viu parte de Theo naquele rapaz, ele sabia que aquele era quem ele procurava — Agora...

  O de asas saiu dali, com as penas ouriçadas e contando os dedos, completamente dolorido. O Eugene sorriu, mesmo que voltasse a receber uma corrente elétrica pelo corpo, e que Derek realmente não parecesse disposto a parar, até que ele fosse um cadáver de lobo frito.

[...]

  Lilith agarrou o rosto de Nolan, olhando profundamente nos olhos do garoto. Ainda podia lembrar da primeira vez que viu aquele rosto. Como o garoto chorava ao ponto de suas pálpebras inferiores estarem assadas, e as bochechas vermelhas como quem estivesse sendo sufocado. Seu garoto havia de ter crescido rápido, forte, leal...

  — Viva, Nolan – o Shadowhunter abaixou as sobrancelhas, sem entender o que significava as palavras soltadas pelos lábios escurecidos por um batom preto — Eu liberto a sua alma, pequenino. Ela é sua e somente sua, pelo restante de sua vida.

— Mas mãe...

— Shiu! – ela beliscou a bochecha dele, antes de soltar — Nunca me contrariou – aconselhou, o braço voando para se cruzar com o de Eliz, que ainda tinha o rosto de Theo — Por que faria isso agora?

Thiam - Ink Wings Boy Onde histórias criam vida. Descubra agora