Casa de espelhos

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Acordei com uma dor de cabeça latejante, insuportável. Eu abri os olhos e olhei ao redor, não estava reconhecendo o lugar. Era um quarto comum, mas nenhum no qual eu já tivesse estado antes. Levantei da cama, o chão estava gelado. Vi meus sapatos no canto da cama. Calcei meus sapatos e andei até a porta. Olhei para os lados, mas eu não conhecia aquela casa. Havia uma escada amadeirada para o andar de baixo, então eu fui até ela.

— Você acordou! – levei um susto quando eu ia começar a descer os degraus e ouvi uma voz. Era o mesmo homem do bar, ele deve ter a minha idade. Ele é bem alto, loiro, de olhos azuis e forte.

— O que eu tô fazendo aqui? – perguntei, mas tentando não demonstrar estar assustada.

— Você ficou muito bêbada, praticamente desmaiou lá no bar. Eu ia tentar ligar pra alguém que você conhece, mas você tava sem celular.

O que me assusta é não lembrar de nada, não saber o que ele pode ou não ter feito comigo enquanto eu estava inconsciente.

— Tá, tchau – falei, descendo as escadas, apressada. Eu não ia ficar na casa daquele estranho nem mais um segundo.

— Espera, você não está com fome?

— Não – menti.

— Deixa que eu te levo pra casa – ele se colocou na frente da porta e nessa hora me deu um pouco de medo.

— Não, eu preciso voltar pro bar. Meu carro está lá.

— Tá bom, eu te levo – bufei. Eu estava sem meu celular e sem dinheiro. Ele deve ter pagado minha conta ontem. Não me sobrava muitas opções.

Ele dirigiu em direção ao bar, não ficava tão longe assim. Eu estava olhando a vista através da janela do carro

— Seu namorado deve estar preocupado – olhei confusa pra ele – Sua aliança – ele apontou para a minha mão.

Eu olhei aquilo no meu dedo, que agora pra mim não se passava de um anel como qualquer outro. Eu abaixei o vidro, arranquei o anel do meu dedo e joguei pela janela.

— Agora eu entendi porque você ficou daquele jeito. Ele não te merece, né?

— Cuida da sua vida – ele bufou e parou de falar.

Assim que ele estacionou o carro em frente ao bar, eu estava pronta para descer mas ele colocou a mão sob a minha, chamando minha atenção.

— Eu ia te falar isso no bar, mas nem deu tempo porque você ficou bêbada – fiquei encarando ele esperando que ele prosseguisse – Você é muito linda, muito! Eu queria saber se você não quer sair algum dia desses pra tomar alguma coisa.

— Não – falei seca e abri a porta do carro.

— Espera! – virei os olhos e me voltei pra ele – Você nem está mais namorando, precisa seguir em frente – fiquei pensativa.

Eu não quero seguir em frente, eu não quero mais ninguém. Não quero fazer isso de novo. Só quero que todos esses sentimentos ruins desapareçam de uma vez por toda. Mas talvez, em parte, ele tivesse rasão. Talvez isso me ajude a esquecer um pouco o Beck e tudo isso. Eu só preciso disso, esquecer.

— Tá, pode ser – ele anotou o meu número no celular dele.

— Antes de você ir... Será que eu posso te dar um beijo?

— Não! – falei simples.

— No rosto só – eu não respondi mais nada e ele entendeu. Ele se aproximou de mim e beijou minha bochecha, aquilo foi estranho. Ele desceu pro meu pescoço e começou me dar um chupão, mas eu me afastei quando não aguentei mais aquilo.

As the world caves in (Bade) | 2° temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora