Cicatrizes que jamais poderão ser curadas

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*Flashback on*

Desci pro andar de baixo e a Chloe já estava me esperando, ela parecia muito ansiosa.

- Eu não vou com vocês duas porque vou visitar minha mãe no hospital, está bem?

- Descobre o que aquela louca estava fazendo no telhado da casa dos meus pais. Eu bem que poderia ir com você pra colocar o travesseiro contra o rosto dela até ela morrer asfixiada.

- Nós já conversamos sobre isso.

- Espera, você realmente teria coragem de matar ela? - Chloe perguntou um pouco assustada.

- Acho que sim, aquela mulher é um monstro!

- Bom, eu vou indo. Boa sorte pra vocês - ele desejou antes de sair pela porta.

Eu e a minha irmã seguimos pra empresa do meu pai. Minha mãe não conseguiu vir com a gente, mas eu consigo lidar com isso sozinha (eu espero).

*Flashback off*

Entramos na sala do meu pai, ele parecia estar de mau humor, pra variar.

- O que vocês estão fazendo aqui? Eu estou muito ocupado - ele perguntou, sem tirar os olhos dos papéis em sua mesa.

- Nós viemos pra falar sobre a Chole, aquilo que o Steven falou no jantar de ontem - ele nos encarou.

- Mas eu tenho certeza que essa história é mentira, não é Chole?

- É verdade - ela respondeu quase em um sussurro.

Meu pai se levantou da cadeira, olhou pela janela e respirou fundo.

- Será que eu não vou ter nenhum filho que me dê orgulho? Vocês duas só me decepcionam, eu espero que o Steven seja diferente.

- A Chloe gosta de garotas e de garotos também. Ela continua sendo sua filha, isso não muda nada.

- Não muda nada? - ele riu - Eu tenho no...

- Cuidado! - interrompi bruscamente - Por favor, tenha cuidado no que vai dizer. Algumas coisas que são ditas, nunca mais conseguem ser esquecidas. Não marque a alma dela com cicatrizes que jamais poderão ser curadas.

Meu pai pareceu pensar um pouco, mas certeza que estava pensando merda.

- Eu conheço um internato que garante a conversão dessa coisa - eu e Chloe nos olhamos incrédulas.

- Pai? - Chloe se aproximou dele, com lágrimas nos olhos - Você não me ama mais?

- Se a sua mãe estivesse viva...- todas as lágrimas que ela segurava, desabaram - Ela saberia concertar isso. Eu te amo, mas essa não é minha filha.

- Mas, pai...- fui até ela e abracei enquanto a mesma chorava.

- Você é muito babaca! - uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- Me respeite, Jade! Eu sei o que é melhor pras minhas filhas.

- Se você não me reconhece como filha, eu também não estou mais te reconhecendo como pai - ela disse entre soluços e depois saiu correndo.

- Você cometeu um erro enorme.

- Eu? Sua irmã que está se tornando um erro.

- Você é um homofóbico de merda! Por isso eu nunca me assumi pra você. Eu também sou bissexual, assim como a Chloe - ele me olhou confuso - Você é um babaca, ignorante. Eu tenho nojo de ter como pai - ele me deu um tapa forte no rosto.

- Saia agora daqui, não admito que fale assim comigo.

Olhei pra ele com os olhos ardendo em raiva. Cuspi na roupa dele e fui me virar pra ir embora, mas ele puxou meu cabelo com tanta força que eu jurei que iria arrancar da minha cabeça. Comecei a chorar.

As the world caves in (Bade) | 2° temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora