Uma única certeza

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 Saí do quarto da Chloe e desci as escadas. Meu coração estava apertado depois daquela conversa, mas vou estar do lado dela nessa jornada.

O Beck estava me esperando na porta com a Laura. Me despedi da minha mãe e até mesmo do meu irmão. Minha mãe disse que iria falar pro meu pai que eu havia mandado um abraço, assim que ele voltasse do trabalho, mas aquilo pouco me importava. Se ele realmente quisesse me ver, ele daria um jeito de estar ali. Mas ele não quer, não o suficiente, nunca quis.

Fomos para casa. Passei o caminho todo olhando a vista pela janela. O silêncio naquele carro estava demais. A Laura havia dormido no banco de trás.

Olhei para o Beck, respirei fundo e saí do carro.

— Deixa que eu pego ela – ele disse. Eu apenas fiquei em silêncio e caminhei até ele.

— Me dê a chave – estendi a mão. Ele pegou a mesma no bolso da calça e me entregou.

Assim que entrei pela porta de casa, fui direto para o meu quarto, que já não era mais tão meu. Arranquei aquela blusa do corpo. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Vi os curativos através do espelho. Coloquei a mão na boca para abafar o choro. Assim que ouvi passos, enxuguei meu rosto às pressas. Cobri meus seios com os braços. Abri a porta do guarda roupa e me escondi atrás dela. Espiei e vi o Beck na porta, segurando a Laura nos braços.

— Está tudo bem? – ele me perguntou. Eu assenti, mentindo. Ele me encarou por mais alguns segundos e foi levar a Laura pro quarto dela.

Eu estava tudo, menos bem. Dizer a ele não iria mudar nada. Me sinto tão, tão vazia.

Eu estou segura, em casa, mas mesmo assim não estou me sentindo em casa.

Não sinto que pertenço a nada, a nenhum lugar, a ninguém. Sinto que não mereço nada de bom. Me sinto indigna. Me sinto a porra de um pedaço de merda. Eu só quero desaparecer.

Peguei uma camisa qualquer do Beck e vesti. Ouvi batidas na porta e me assustei levemente.

— Desculpa, eu não queria te assustar – o Beck disse – A Laura já está na cama, segura – dei um pequeno sorriso – Você não vai passar frio só com essa camiseta? Não quer um moletom emprestado?

— Não, eu tô bem assim.

— Deita na cama, vou preparar alguma coisa pra você comer, você deve estar com fome.

— Eu quero comida de verdade, não suco.

— Não é suco, só não é sólido.

— Não quero, prefiro passar fome – cruzei os braços. Ele virou os olhos.

— Você precisa se alimentar, pra melhorar.

— O que eu preciso é de um cigarro – ele fechou os olhos e passou as mãos no rosto. Visivelmente ele estava com raiva.

— Okay, eu tenho tentado ser paciente com você por todos esses dias, mas não dá mais. Você não é nenhuma criança...

— Não sou mesmo.

— Porra, Jade! – os olhos dele se encheram de lágrimas – Por que você é assim? – ele virou as costas e saiu do quarto. Fiquei me perguntando o que foi que eu tinha feito.

Me sentei na cama e respirei fundo. Fiquei olhando pra parede por alguns segundos, até que ouvi minha barriga roncar. Levantei da cama, devagar, e fui até às escadas. Eu estava indo em direção a cozinha quando vi o Beck sentado no sofá segurando uma latinha de cerveja na mão. Nossos olhares se cruzaram brevemente, mas ele logo voltou a atenção para o celular em sua mão.

As the world caves in (Bade) | 2° temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora