Assuntos mal resolvidos do passado sempre voltam

88 8 5
                                    


Os dias foram passando, aquele pedófilo desgraçado foi preso e não vai sair da prisão tão cedo.
Eu e o Beck estávamos dividindo os dias para ficar com a Laura. Até agora ela não entendeu o que está acontecendo, nem eu e nem o Beck conseguimos arrumar um bom jeito de contar isso pra ela.
Ultimamente tenho me olhando pouco no espelho. Minha aparência continua a mesma, mas eu já não me reconheço mais. É como conhecer pela primeira vez alguém e sentir que já o encontrou antes.
Hoje, pela primeira vez, eu aceitei me encontrar com o Moose. Fui até o barzinho onde estava marcado para nos encontrarmos. O lugar é bem bonito, as paredes são pretas, tem um pequeno palco com holofotes azuis. Me sentei ao lado do balcão de bebidas e esperei por ele.
Eu não sei direito o que estou fazendo, não tenho certeza disso. O meu coração está aos pedaços, mas aqui estou eu, atrás de outra pessoa. Eu só quero parar de sentir coisas pelo Beck, não quero sentir, não quero nem mesmo sequer lembrar do nome dele.

— Oii – eu levei um leve susto, saindo de devaneios, quando o Moose apareceu do meu lado – Desculpa, eu te assustei? – ele se sentou na banqueta ao lado da minha.

— Não, tudo bem – dei um sorriso um pouco forçado.

Nós começamos a conversar. Eu tentava expulsar o Beck da minha cabeça, mas estava se tornando impossível. É impossível não ficar imaginando ele com aquele mulher. Ela deve ter algo de muito especial, ou, talvez o Beck apenas tenha parado de me amar mesmo. Tudo o que ele diz, todas as palavras, pra mim não passam de míseras mentiras. Cada palavra saída da boca dele é como uma facada. Espero que pelo menos ele esteja se divertindo com a outra mulher, pois ele me perdeu pra sempre.
Na tentativa de parar de pensar, me aproximei do Moose e o beijei. Ele correspondeu no mesmo segundo. Senti uma pressão no peito e no estômago, como se eu estivesse cometendo um erro um enorme. O beijo encaixou, foi bom, mas não era igual ao do Beck.

*Beck on*

Eu não estou conseguindo dormir desde que ela foi embora. Quando eu finalmente consigo fechar os olhos, eu imagino a Jade entrando pela porta e voltando para os meus braços, mas logo eu acordo angustiado pois sei que isso não vai acontecer. Eu quero ir atrás dela, mas agora meu orgulho está me impedindo. Como ela conseguiu me superar tão rápido? Eu só queria poder explicar tudo e, então ela saberia que eu não a traí. Eu errei em não ter contado tudo pra ela desde o início. Ela sempre será o amor da minha vida, mas agora o amor da minha vida já seguiu em frente.
A cama agora se tornou tão vazia e fria sem ela. Sinto falta do abraço dela, do seu cheiro e até mesmo das brigas. As madrugadas me lembram ela. O silêncio, que não é silêncio. O frio escuro.
Apesar de tudo... Eu acho que ela merece uma explicação, é o direito dela saber. Ela está se afundando em um poço de novo, não posso ficar parado vendo isso acontecer sem fazer nada.
Levantei da cama, Calcei os chinelos e fui até o quarto da Laura, ela estava dormindo igual um anjinho. Ela tem o sono pesado, então sei que não tem perigo dela acordar e não ter ninguém em casa. Saí de casa e fui até o carro, de pijama mesmo. Tentei ligar o carro, mas não estava pegando. Tentei duas, três, quatro, cinco vezes e nada! Eu precisava ver ela, agora. Peguei meu celular pra pedir um carro pelo aplicativo, mas ele estava sem bateria. Deixei meu celular dentro do carro e saí. Começou a chover. Eu só tinha uma escolha se eu quisesse falar com ela agora...

  *Beck off*

  *Jade on*

Eu desisti do encontro com o Moose, dei uma desculpa esfarrapada e saí do bar. O encontro estava bom, mas o problema é que o Beck não saía da minha cabeça. Eu preciso ver ele, nem que se for para matar ele. Eu preciso tirar ele da minha cabeça, preciso saber qual é a explicação que ele queria me dar aquele dia. Mesmo que seja mentira, eu preciso saber. Entrei no carro e tentei ligar, mas ele não estava funcionando.
"Droga!" Resmunguei.
Peguei meu celular no porta-luvas pra pedir um carro pelo aplicativo, mas ele estava com apenas 1% e assim que eu o peguei, ele desligou. Não é possível que tudo esteja dando errado.
"Tem como piorar?" Falei pra mim mesma. Eu saí do carro e começou a chover.
Olhei para os lados. Eu não estava tão longe da casa dele. Comecei a andar contra a chuva, acelerei meus paços. Eu não deveria ter escolhido usar saltos hoje. Parei no meio da rua, tirei meus saltos e comecei a correr segurando eles nas mãos. Eu já estava correndo a algum tempo, meu cabelo estava encharcado, minha roupa grudada no corpo. Sentia o asfalto molhado sob as solas dos pés, por mais estranho que pareça, essa sensação é tão libertadora. Mais adiante, vi alguém também correndo na minha direção. O que alguém estaria fazendo correndo no meio da rua, de noite, na chuva? Só poderia ser um louco! Conforme íamos chegando mais perto, fui estreitando os olhos.
"Beck?" falei pra mim mesma.
Corri mais de pressa até ele. Ele estava todo encharcado, usando pijama. A chuva ainda caía.

As the world caves in (Bade) | 2° temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora