UM

240 14 0
                                    

Enrico Valentini

— Sua irmã me odeia. — Disse a Lorenzo entrando em sua sala e me jogando no sofá.

Eu entendo o ódio de Giovanna, mas também entendo que não poderia assumir ela. Por causa de tudo o que vivo, Lorenzo e eu temos a cabeça premiada para qualquer maluco e assumir Giovanna em um relacionamento seria colocar mais um alvo em suas costas.

— Você quer motivos para ela te odiar? A gente pode passar o dia aqui falando. — Lorenzo é debochado e revirei os olhos.

— Você não pode me odiar Bertinelli.

— Eu não odeio, só quero meter uma bala no meio da sua testa por machucar minha irmã. — Ele deu de ombros e o encarei. — Mas não preciso fazer isso sendo que ela te mata só com o olhar.

— Vocês, Bertinelli, são demais para mim. — Me levantei saindo da sala de Lorenzo indo para a minha.

Tranquei a porta e sentei na minha cadeira relaxando. Nunca quis machucar Giovanna, minha morango é uma das pessoas mais importantes para mim, vivo com ela desde que me entendo por gente e fui seu primeiro em tudo, tenho um amor por ela que é inexplicável. Mas como eu disse, ela já tem muitos alvos nas costas, não precisa de mais um.

🍓

Giovanna Bertinelli

— Srta. Bertinelli, com licença. — Lucca bateu a porta e entrou com medo, levantei um pouco da cabeça e abaixei os óculos o encarando. — O Sr. Bertinelli está a esperando na sala de reuniões para uma reunião de última hora. — Ele avisou e concordei com a cabeça.

Lucca saiu da minha sala e fechei o catálogo em minha mesa, estava dando uma olhada nos antigos modelos feitos e as ideias eram boas, apenas mal construídas, nada que eu não possa dar um jeito. Me levantei da cadeira e peguei meu tablet e um caderno de anotações para a reunião. Meu irmão adora reuniões de última hora, já eu? Às odeio porque o trabalho todo fica para mim e tenho que ficar igual louca trabalhando em cima da hora.

Sai da minha sala e passei por meu secretaria que se encolheu na cadeira, segui para a sala de reuniões que fica no mesmo andar que meu escritório e do meu irmão. No fim do corredor entrei na sala onde todos já me esperavam, Lorenzo, Catarina, alguns membros do conselho e lógico o cadelinha do meu irmão que também é vice-presidente, Enrico.

— Boa tarde! — Cumprimentei eles e me sentei na cadeira direcionada na ponta da mesa.

— Vamos começar a reunião? — Lorenzo toma a palavra e todos nós concordamos. — Bem, como vocês já sabem minha irmã recentemente voltou a Los Angeles e agora ela irá assumir o cargo de estilista chefe. Nos últimos meses, nossa empresa teve uma queda brusca de quase cinquenta por cento em suas vendas. Temos que melhorar isso e rápido, a Expo é uma das empresas mais importantes do ramo da moda, estando no ranking com Prada, Gucci e Channel.

— Quando cheguei vi que o serviço iria ser pesado e bom, vai ser. A antiga estilista tinha ideias boas, mas não sabia usá-las, já eu, posso usar o que ela deixou e melhorar para não sairmos da linha de raciocínio do catálogo dessa estação. A próxima coleção será com os meus desenhos e minhas ideias. Catarina, preciso de toda equipe de marketing em cima da divulgação, da produção e de colocar os novos modelos na internet.

— Pode deixar. — Catarina anotava tudo o que lhe era passado.

— Tyler quero modelos, não padrões, quero mulheres de todos os tipos, quero investir nas coleções para todos os tipos de pele, cor e corpo. — Ordenei ao moreno que concordou.

— Srta. Bertinelli, acredita que essa ideia dará certo? Temos que subir a porcentagem de lucros da empresa ou a Expo irá afundar. Usar mulheres não padrões é um pouco demais, não acha? — Masha, perguntou com certa desconfiança.

— Eu estou aqui Masha. Essa empresa irá lucrar mais do que você imagina. E não existe essa de "mulheres não padrões", existem mulheres que seguem os estereótipos que vocês querem. — Fui grossa. Nunca gostei dela mesmo.

Recolhi minhas coisas e sai da sala sem esperar o fim da reunião. Voltei ao meu escritório e pedi para Lucca me trazer um chá e uma torta de morango, preciso me conectar às ideias e nada melhor do que chá e morango.

🍓

O passar do dia foi bem rápido, foquei tanto em resolver tudo para o lançamento da coleção que não sai nem para almoçar, comi apenas a torta e o chá que Lucca me trouxe.

Olhei para as pastas de desenhos em minha mesa e fiquei feliz em finalmente conseguir terminar com os desenhos e deixar tudo organizado apenas para a produção. Relaxei na cadeira e respirei fundo, olhei as horas em meu celular e já era dez e meia da noite. Uau, eu esqueci de viver por hoje.

— Está fazendo o que ainda aqui? — Lorenzo entrou em minha sala preocupado.

— Não vi a hora passar, foquei tanto em terminar todos os desenhos para mandar para a produção que não tive tempo nem para almoçar.

— Não pagamos horas extras para CEOs. — Meu irmão riu.

— Não sou CEO, sou funcionária e irmã do CEO. — Sorri de lado.

— Vamos jantar em casa. Melinda fez um carbonara maravilhoso. — Ele me pediu e sorri largo.

— Que saudades de Melinda e da comida dela.

— Pode ir para minha casa, irei resolver algumas coisas antes, mas pode ir na frente.

— O que está aprontando senhor Lorenzo Bertinelli? — Arqueei a sobrancelha curiosa.

— Nada grave, preciso resolver algumas pendências da Cosa Nostra.

— Tudo bem, senhor mafioso. — Desliguei meu computador e recolhi minhas coisas. — Só não demore muito ou não sobrará jantar para você. — Sorri e passo por meu irmão.

— Nem ouse em não deixar um pouco de carbonara para mim. Arranco sua cabeça. — Meu irmão brincou comigo e saímos da sala juntos.

Lorenzo se despediu de mim no corredor e voltou para sua sala para pegar suas coisas. Entrei no elevador e apertei o botão do estacionamento. Assim que a porta se fechou esperei chegar no subsolo.

As portas voltaram a se abrir e sai no estacionamento, mas estranho ao ver que há três carros aqui. O meu, o de Lorenzo e um outro desconhecido. Caminhei vagamente até meu carro, mas mantendo a atenção no outro, algum funcionário deve estar aqui ainda. Quando estava preste a entrar em meu carro, uma mão me tocou e com o susto enforquei a pessoa.

— Cazzo, Giovanna. Sou eu. — Enrico bateu a mão em meu braço e o soltei.

— Mais o que? O que faz aqui? Você me assustou. — Senti meu coração acelerando.

— E você está bem treinada. — Ele massageou seu pescoço e vi as marcas leves de dedos.

— O que quer?

— Conversar com você. — Ele cruzou os braços e abri a porta do carro jogando minha bolsa.

— Enrico, para você evitar gastar saliva. Não temos nada para conversar. — Disse a ele e entrei em meu carro, mas ele segurou a porta.

— Isso já tem seis anos Giovanna. — Ri nasalmente com sua desculpa.

— E em seis anos você ficou pior do que era. Nunca se desculpou e muito menos foi atrás. Se você mudou, eu fico feliz, mas eu também mudei e cansei de ser seu fantoche.

Puxei a porta e fechei com força, dei partida e saí do prédio deixando Enrico para trás.

Uma Mafiosa Irresistível - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora