Giovanna Bertinelli
Por isso disse a Lorenzo que não queria vir nessa viagem com Enrico, por isso pedi para vir sozinha, eu conheço Valentini e sei o quanto ele iria ficar inconformado essa viagem inteira, mas a forma como ele está agindo é assustador e diferente do que eu estava acostumada.
Suspiro pesado após chegar em meu quarto ao final do jantar com Colds, que homem insuportável Deus. Nunca tive que fingir tanto para alguém como para ele, suas cantadas baratas e seu jeito de se exibir só mostram o quão metido e inseguro ele é. Após um banho tranquilo, relaxo me sentando em minha cama finalmente em paz ou talvez eu acredite nisso, Enrico com seu temperamento bipolar ainda me perturbam. A discussão com Enrico me rendeu uma ótima crise de enxaqueca que duvido passar tão cedo. Ótimo era só isso que faltava hoje para fechar o pacote.
Essa viagem, Colds, Enrico, os negócios a serem fechados, nova colação para lançar, o tanto de burocracia em Los Angeles, nunca imaginei que viveria tanta emoção de uma vez só. Eu só queria descansar, é pedir muito?
- Amanhã será um novo dia, e precisarei enfrentar tudo novamente. - Digo a mim mesma tentando me acostumar com esse fato.
Os eventos do dia reverberavam, e eu me peguei pensando nas escolhas que fiz, nas dinâmicas complicadas dos relacionamentos e nos desafios que o mundo dos negócios impunha.
- Mas, por agora, só preciso deste breve momento de respiro. Preciso encontrar a força para enfrentar o que está por vir.
Estava disposta a ir dormir preciso acordar cedo amanhã, então quero estar com a mente e o corpo descansados. Afundo-me na cama macia e confortável me desligando de tudo o que aconteceu, mas para a ironia do destino, meu celular começou a tocar, interrompendo a tranquilidade.
- Quem pode estar ligando a essa hora?
Ao atender, a voz de Enrico soou do outro lado da linha, mas algo estava profundamente errado. As palavras saíam emboladas, e a confusão era evidente. Ele estava... bêbado?
- Giovanna, eu... preciso falar... com você. - Sua voz saia completamente arrastada.
- Enrico? O que está acontecendo?
A ligação continuava, mas as palavras eram um borrão ininteligível. Eu podia sentir a urgência em sua voz, mas as frases se perdiam em uma mistura indistinta de álcool e emoção. Mal conseguia entender parte do que ele falava, misturava os idiomas e me perdia na conversa.
- Eu... sinto muito, Giovanna. Por tudo.
- Enrico, você está bêbado. Onde você está? Precisa de ajuda?
As tentativas de decifrar suas palavras eram em vão, até que, no final da chamada, uma declaração emergiu claramente, cortando através do caos.
- Eu te amo, Giovanna.
- O quê? - Senti meu coração desacelera por alguns segundos com tais palavras.
As palavras ecoaram no silêncio do quarto, um contraste marcante com a confusão que precedeu. Uma onda de emoções me atingiu, da surpresa à preocupação, enquanto eu processava o significado do que acabara de ouvir.
- Enrico, você... você está bem? Onde você está?"
A ligação permaneceu em silêncio por um momento, e a realidade da situação começou a se manifestar. As palavras de Enrico, mesmo distorcidas pela embriaguez, carregavam um peso significativo, e a revelação de seus sentimentos adicionava uma camada complexa à nossa já tumultuada dinâmica.
A linha ficou muda e percebi que a ligação caiu, meu desespero tomou conta, não por suas palavras, mas por suas condições, provavelmente ele saiu sem seguranças e com seu carro. Enrico sabe ser irresponsável quando quer. E estamos na Itália o perigo que ele corre é dobrado.
Minha consciência começa a pesar, apesar de eu não ter culpa, mas me preocupar com as pessoas me causa culpa. Após a ligação se encerrar, tento ligar novamente para Enrico, uma... duas... três, vezes e nada dele atender, a ligação caia direto na caixa postal. Bufo irritada com a situação, Enrico Valentini, onde você se enfiou? A única pessoa que posso contar nesse momento está a nove mil setecentos e quinze quilômetros de distância, mas vai ser meu anjo da guarda.
Pego o celular discando o número de Pietro e ligo para o mesmo que no quarto toque atende com a voz animada.
- O gênio lhe concede três desejos. Me diga o que quer, que lhe darei o que deseja.
- Pietro preciso que encontre Enrico, não há tempo para explicar.
Digo a ele de uma vez evitando sua brincadeira. Sinto meu corpo tenso, mas tento ficarc calma.
- Me dê dez minutos.
- Você tem dois.
Desligo a chamada sem esperar sua resposta.
Vou até minha mala e abro a mesma pegando um par de roupas me trocando rapidamente, calço meu tênis, e quando pego meu celular chega uma notificação com a mensagem de Pietro.
Geniozinho
Geniozinho: Travessa doze quilômetro vinte e um, sentido norte.
Eu: Obrigada, não deixe Lorenzo ou o conselho saber o que está acontecendo.
Saio com pressa do meu quarto e desço até o estacionamento pelo elevador. Ao chegar no estacionamento, vou até o carro que aluguei para mim aqui e entro no mesmo dando partida e saindo cantando pneus pela avenida após colocar o endereço no GPS.
Minha preocupação com Enrico só aumenta ao saber que essas suas passeatas noturnas pode o prejudicar e prejudicar a Expo. O caminho até o destino é demorado, fica quase do outro lado da cidade quando paro em um semáforo, meu celular começa a tocar e atendo o mesmo vendo o nome de Enrico brilhar no visor do telefone.
Ligação on:
- Enrico pelo amor de deus, onde você está?
- Senhorita? Aqui é do Hospital Central de Milão.
- Hospital? Espera como assim?
- O senhor Enrico sofreu um acidente de carro e foi trazido para cá. A senhorita é o contato de emergência dele.
Por um momento parei de ouvir qualquer coisa ao meu redor. As palavras da pessoa do outro lado da linha ecoam na minha cabeça me aterrorizando.
- Qual o hospital mesmo?
- Hospital Central de Milão
- Estou indo.
Ligação off.
Desligo a chamada e dou a volta com o carro voltando o caminho e seguindo para o hospital com o coração apertado.
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Uma Mafiosa Irresistível - Livro 02
RomanceLivro 02 da série: Senhores da Máfia "Se toda ação tem uma consequência, acredito que a minha consequência tenha sido confiar em você." Giovanna Bertinelli desde sempre acreditou que o amor fosse algo real, algo inexplicável e delicioso, mas sabia t...