VINTE QUATRO

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Giovanna

Acordei com uma sensação de confusão e dor. O teto branco e estéril acima de mim, o som distante de máquinas bipando, o cheiro inconfundível de hospital... Tudo isso foi invadindo meus sentidos aos poucos. Pisquei várias vezes, tentando entender onde estava e por que meu corpo parecia tão pesado.

— Giovanna. — Ouvi uma voz familiar e preocupada ao meu lado. Virei a cabeça devagar, sentindo uma pontada na nuca. Enrico estava ali, sentado ao meu lado, com um semblante tenso e os olhos fixos em mim. Ao perceber que eu estava acordada, um sorriso aliviado se espalhou por seu rosto, mas algo em seus olhos não combinava com a expressão de alívio.

— Enrico...— Minha voz saiu fraca, quase um sussurro. Tentei sentar, mas meu corpo não colaborou. — O que... o que aconteceu?

— Você está no hospital, Giovanna. Houve um... incidente no estacionamento da Expo.— Ele escolhia as palavras com cuidado, como se estivesse andando em um campo minado. — Mas está tudo bem agora, você está segura.

Segura? Eu não me sentia segura, não com a maneira como ele estava falando, não com as lembranças vagas do que havia acontecido voltando à minha mente. A pancada, a escuridão súbita... E agora, o rosto preocupado de Enrico ao meu lado. Eu sabia que ele estava escondendo algo.

— Incidente?— Minha voz saiu mais forte dessa vez, cheia de desconfiança. — Isso é tudo o que você vai me dizer? Enrico, o que está acontecendo? Por que você está aqui, me olhando desse jeito, como se... como se houvesse algo que você não quer me contar?

Ele desviou o olhar por um momento, o que só aumentou minha irritação.

— Giovanna, agora não é o momento de discutir isso. O importante é que você descanse e se recupere.

— Recuperar do quê? Você acha que eu vou ficar deitada aqui, ignorando tudo? Eu me lembro de algo me atingindo na cabeça, e agora estou no hospital, e você está aqui, agindo como se estivesse escondendo o apocalipse de mim! — Minha voz subiu, mas eu não me importava. Precisava de respostas, não de meias-verdades.

Ele suspirou, visivelmente desconfortável.

— Eu só quero protegê-la, Giovanna. Há coisas acontecendo... coisas que não quero que você se envolva. Não agora.

— Proteger-me de quê, Enrico? Do que você tem tanto medo? Eu não sou uma criança que precisa ser protegida de monstros imaginários. Preciso saber o que está acontecendo! — Meu coração batia mais rápido, não só pela situação, mas pela frustração de estar sendo mantida no escuro.

Enrico finalmente voltou a olhar para mim, seus olhos revelando uma mistura de culpa e preocupação.

— Giovanna... eu... Prometo que vou te contar tudo, mas precisamos tomar cuidado. Isso é maior do que nós dois. É mais perigoso.

— Eu sabia que você estava escondendo algo. E agora, mais do que nunca, você precisa ser honesto comigo. — Eu respirei fundo, tentando acalmar meu tom. — Se há algo que preciso saber, Enrico, você tem que me dizer. Não quero ser pega de surpresa de novo.

Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse considerando minhas palavras. Finalmente, ele assentiu, sua expressão suavizando um pouco.

— Tudo bem, Giovanna. Eu vou te contar.

Enrico respirou fundo, como se estivesse se preparando para uma batalha interna. Eu podia ver em seus olhos que ele estava finalmente decidido a me contar a verdade. O alívio de que ele iria parar de me proteger do que quer que fosse estava começando a se instalar em mim.

Uma Mafiosa Irresistível - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora