Enrico
Despertei lentamente, como se eu estivesse emergindo de uma névoa espessa e sufocante. Minha cabeça latejava de maneira insuportável, e cada batida do meu coração parecia ecoar em meu crânio, agravando a dor. Pisquei várias vezes, tentando abrir os olhos por completo, mas meus pensamentos estavam embaçados, e tudo ao meu redor parecia distorcido.
Onde eu estou?
O quarto em que acordara não me parecia familiar. As cortinas eram de um tom escuro, pesadas e fechadas, bloqueando qualquer luz do lado de fora. A mobília era minimalista, mas elegante demais para ser um hotel comum. A cama sob mim era macia, mas desconfortavelmente estranha. Sentei-me, sentindo a vertigem girar minha visão por um momento. A minha mão foi instintivamente à cabeça, massageando as têmporas.
"Que diabos está acontecendo?"- Pensei, lutando contra o enjoo que ameaçava vir. Flashes do dia anterior começaram a surgir em minha mente, mas eram fragmentados, como uma fita quebrada de lembranças. Me lembrei de estar em meu apartamento, ligando para Giovanna... e depois, senti uma dor e tudo ficou borrado.
Pisquei novamente, meus olhos lentamente focando no ambiente ao redor. Não estava em casa. Isso era claro.
A porta do quarto se abriu de repente, e a figura de Violett apareceu. Seu rosto exibia um sorriso largo e forçado, quase... triunfante. Ela estava usando um robe de seda preta, ajustado ao corpo, os cabelos presos atrás da orelha. Seus olhos brilharam de maneira perigosa quando ela me viu acordado.
- Bom dia, amor - Ela disse, caminhando em minha direção com uma leveza perturbadora. - Eu estava esperando você acordar.
Franzi o cenho com a palavra "amor" soando completamente errada e a figura de Violett em minha frente. Confuso e ainda zonzo, recuei instintivamente na cama.
- Amor? O que você está falando, Violett? - Minha voz estava rouca, e passei a mão pelo rosto, tentando clarear a mente. - Onde eu estou? O que está acontecendo?
Ela se aproximou mais, sem dar ouvidos à minha confusão, e antes que eu pudesse reagir, ela se inclinou para me abraçar. O perfume dela, doce e intenso, invadiu meus sentidos, mas o cheiro me enjoou. A sensação do corpo dela contra o meu era desconfortável, invasiva.
- Enrico, relaxa. - Violett sussurrou, passando os braços ao redor de meu pescoço, como se estivéssemos em um momento íntimo. - Agora podemos ficar juntos. Não precisamos mais nos preocupar com ninguém... com ela.
Ao ouvir essas palavras, eu congelei. Giovanna... As imagens da noite anterior começaram a se formar com mais clareza em minha mente. Tentei me levantar, mas Violett me mantinha próximo, como se estivesse tentando convencer-me a aceitar aquela realidade.
- Violett, sai de cima de mim! - Gritei, empurrando-a com força. Ela foi jogada para trás, chocada com minha reação. - O que você fez comigo? - perguntei, meus olhos agora alertas e furiosos.
Ela se recompôs, o sorriso desaparecendo de seu rosto enquanto eu a observava com um olhar gélido.
- Eu não fiz nada além do que precisava ser feito - respondeu ela, a voz agora fria e calculista. - Você estava confuso, Enrico. Eu só te ajudei a ver o que é melhor para você. Ela nunca te mereceu. Nós tivemos um encontro e para os aqui.
Levantei-me apressado da cama, sentindo o corpo ainda pesado, mas minha mente começava a clarear. Eu olhou em volta, vendo suas roupas espalhadas no chão, mas ainda usando o mesmo que vestia no dia anterior.
Ainda sentia a cabeça latejar enquanto observava Violett, que se mantinha de pé, agora com os braços cruzados, os olhos fixos em mim como se estivesse esperando algo. Cada palavra dela até agora me deixava mais confuso, mas eu sabia que algo estava terrivelmente errado. A dor em minha cabeça misturava-se com a raiva crescente dentro do meu peito.
- O que você quer dizer com "nós tivemos um encontro"? - Perguntei, com a voz fria e dura, ainda tentando me lembrar dos detalhes da noite anterior. - Eu não me lembro de nada, Violett.
Violett deu um sorriso tenso, ajustando o robe em um movimento calculado, tentando mostrar controle da situação.
- Nós nos divertimos ontem à noite, Enrico - Ela disse, com uma doçura venenosa. - Você apenas está confuso. Tivemos uma noite maravilhosa juntos... você só precisa se lembrar.
Enrico franziu o cenho, os flashes de memória começaram a surgir com mais força. Eu me lembrei de sair do apartamento e ir ao estacionamento. Mas depois disso? Tudo estava embaçado. A sensação de algo errado tomou conta de mim quando percebi que os buracos na sua memória não eram normais. Eu tocou a cabeça, tentando forçar as lembranças a se conectarem.
Giovanna.
Eu se lembrou de Giovanna, de que havia marcado de vê-la no dia anterior. As peças começaram a se encaixar, e o meu sangue gelou quando percebi o que havia acontecido. Não era apenas confusão... eu havia sido drogado. Eu olhei para Violett, que agora me observava com uma calma perturbadora.
- Eu... - começou a falar, mas interrompeu-se. A fúria explodiu dentro dele, seu olhar queimando de raiva. - O que você fez, Violett?
Ela manteve o sorriso no rosto, mas havia algo frio e calculista por trás de seus olhos.
- Fiz o que era necessário, Enrico. Você estava resistindo ao que nós poderíamos ter. Eu só ajudei você a ver o que é melhor para nós dois.
Dei um passo à frente, meus punhos cerrados, lutando contra o impulso de gritar. O coração batia descontrolado.
- Você me drogou? - Minha voz era baixa, mas carregada de uma fúria contida. - É isso? Você me drogou e me trouxe para cá? Que tipo de jogo doentio você acha que está jogando?
- Você não entende! - Gritou ela, a máscara de serenidade caindo. - Eu fiz isso por nós! Por você! Giovanna nunca te mereceu... ela sempre foi um obstáculo. Eu precisava te tirar de perto dela, precisava que você visse que nós somos perfeitos juntos!
- Perfeitos? - Eu ri, mas a risada era seca, sem humor. Eu dei mais um passo, a raiva fervendo. - Eu nunca te amei, Violett. Nunca houve "nós". Você armou isso... mentiu, manipulou, e agora quer colocar a culpa em Giovanna? - Eu balançou a cabeça, incrédulo. - Você está completamente louca.
Violett apertou os punhos, seu rosto contorcendo-se em uma mistura de dor e ódio.
- Ela te roubou de mim! Desde o começo, ela sempre esteve entre nós. Desde que éramos jovens, Giovanna sempre te teve. Mas eu... eu esperei. Esperei por anos, Enrico. E quando ela foi embora, eu pensei que, finalmente, teríamos a chance de ficar juntos. Quando o contrato veio, eu esperava ter uma vida com ela.
Eu recuei, sentindo o estômago revirar ao ouvir as palavras dela. Cada vez mais, as intenções de Violett se revelavam como algo sombrio e distorcido.
- Você está colocando a culpa na pessoa errada - Disse a ela, meu tom mais firme agora, controlando a raiva. - Giovanna nunca foi o problema. O problema é você. Eu não amo você, Violett. Nunca amei. Eu amo Giovanna. E se você achou que faria isso e sairia impune, está muito enganada.
Os olhos de Violett brilharam com uma mistura de desespero e raiva. Ela deu alguns passos na minha direção, como se quisesse forçar-me a mudar de ideia.
- Você vai voltar para mim, Enrico - sussurrou ela, como uma promessa sombria. - Quando ela não estiver mais no caminho, você vai ver... você vai perceber que sempre fomos feitos um para o outro.
Balancei a cabeça, completamente decidido. Eu pegou sua jaqueta, ignorando completamente as palavras dela.
- Não conte com isso - ele disse, sem nem olhar para trás. - Eu vou procurar Giovanna agora, e nada que você faça vai me impedir.
Sem esperar por uma resposta, sai do quarto, deixando Violett sozinha com suas ilusões e mentiras.
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Uma Mafiosa Irresistível - Livro 02
Storie d'amoreLivro 02 da série: Senhores da Máfia "Se toda ação tem uma consequência, acredito que a minha consequência tenha sido confiar em você." Giovanna Bertinelli desde sempre acreditou que o amor fosse algo real, algo inexplicável e delicioso, mas sabia t...