VINTE OITO

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Violett Ricci 

As pessoas não nascem más. Claro que não. Nenhuma criança vem ao mundo com maldade em seu coração. Na verdade, elas mal sabem o que é a vida. A maldade se desenvolve com o tempo, alimentada pelas experiências e ensinamentos que vêm de casa. 

Meus pais sempre me cobraram perfeição, sem espaço para erros, sem falhas. Desde pequena, isso foi incutido em minha mente como uma verdade absoluta. Aos três anos, já trabalhava como modelo. Cercada por empregados, minha vida sempre foi meticulosamente planejada. Alimentação restrita, rotina de exercícios rigorosa, tudo milimetricamente controlado. Não como mais do que está escrito na minha dieta. E nunca, nunca erro. Sempre fui a quase perfeita. Desfiles, concursos, programas de TV, tudo era meu palco.

Quando completei dezesseis anos, meus pais firmaram um contrato com a Cosa Nostra. Eu me casaria com Enrico Valentini. A ideia era simples: ser a esposa troféu, viver uma vida de luxo e poder, garantindo o futuro da nossa família. Parecia perfeito. Até que eu o conheci. 

No jantar de noivado, vi Enrico pela primeira vez. E, ó céus, aquele homem parecia ter roubado toda a beleza e encanto do mundo. Meus olhos caíram sobre ele como os de uma criança faminta por um doce. Eu me apaixonei imediatamente. 

Mas havia um pequeno, porém crucial, detalhe que atrapalhava minha felicidade: Giovanna Bertinelli. A herdeira perfeita dos Bertinelli. A querida princesa da máfia. Estilista renomada, seu rosto estampava outdoors pelo mundo inteiro. Como eu odiava aquela mulher! Ela sempre me tirou do primeiro lugar. Desde crianças, eu era condenada a viver à sua sombra. Ela era sempre a favorita, sempre a estrela, enquanto eu ficava com o segundo lugar.

E como se isso não bastasse, ela destruiu meu noivado com Enrico. Por causa dela, eu perdi a chance de ser a futura senhora Valentini, de ter o poder e a influência que meus pais tanto almejavam. Um contrato milionário se desfez, e meus pais me desprezaram por isso.

Mas eu nunca desisti. Guardei meu rancor por todos esses anos, prometendo a mim mesma que faria Enrico ser meu, de qualquer maneira. E então, quando a ruiva voltou para os Estados Unidos, eu sabia que minha oportunidade havia chegado.

Eu planejei cada detalhe. Sequestrar Giovanna, ameaçar Enrico... tudo foi obra minha. Não foi difícil encontrar alguém disposto a ajudar, especialmente quando se tratava de alguém com problemas com a Cosa Nostra. Eu sabia que o momento de vencer finalmente havia chegado.

— Coloquem ele aqui — ordenei aos meus seguranças, enquanto deitavam Enrico inconsciente em minha cama.

Eu sabia de cada passo dele. Coloquei escutas em seu apartamento graças ao zelador, que teve acesso à sua casa durante uma inspeção. Ouvi tudo: sua conversa com Emily e, claro, seus encontros com Giovanna.

— Agora, saiam e não deixem ninguém entrar — mandei, trancando a porta do quarto assim que os seguranças saíram.

Olhei para Enrico, que dormia tranquilamente. Um sorriso satisfeito surgiu em meu rosto. A vitória finalmente era minha. Tirei o sobretudo preto, revelando a lingerie vermelha rendada que havia escolhido para a ocasião. Subi na cama, me aninhando ao lado dele.

Com um gesto suave, beijei sua boca e deixei minha mão deslizar pelo seu rosto, como se aquele momento fosse perfeito, como se ele fosse meu de verdade. Peguei seu celular e, com sua digital, o desbloqueei facilmente. Encontrei a conversa com Giovanna. 

Um sorriso cínico se formou em meus lábios. 

— Ah, querida Giovanna... desta vez eu ganhei.

Tirei uma foto nossa, Enrico adormecido ao meu lado, e a enviei diretamente para ela. Não demorou muito para que Giovanna visse a mensagem. Desliguei o celular, satisfeita com meu golpe. 

Deitei ao lado dele, sentindo o gostinho da vitória. Finalmente, depois de todos esses anos, eu tinha Enrico ao meu lado... e Giovanna não poderia fazer nada para mudar isso.

Deitei-me ao lado de Enrico, observando seu rosto sereno enquanto ele dormia, sem a menor ideia do que acabara de acontecer. A brisa suave que entrava pela janela balançava as cortinas, criando uma atmosfera tranquila, quase irônica, considerando a tempestade que eu acabara de provocar. A sensação de triunfo pulsava em meu peito, enquanto eu me aconchegava mais perto dele.

Agora, Giovanna sabia. Ela havia visto a foto. O impacto que isso teria sobre ela me trazia um prazer perverso. A imagem estava cravada na tela de seu celular, como um veneno que eu destilei cuidadosamente. Ela sentiria o gosto amargo da derrota, assim como eu senti durante todos esses anos.

Fechei os olhos por um momento, deixando que o som das ondas distantes e o calor do corpo de Enrico me envolvessem. Eu havia arquitetado tudo com precisão. Desde a chantagem até o sequestro de Giovanna, cada detalhe foi friamente calculado. Mas isso era apenas o começo. Ainda havia muito mais a ser feito. Eu estava apenas aquecendo.

De repente, senti Enrico se mexer levemente ao meu lado. Ele soltou um suspiro baixo, seus músculos relaxando ainda mais sob os lençóis. Fiquei quieta, observando-o, esperando para ver se ele acordaria. Mas ele continuou dormindo, sem nenhuma ideia do que estava por vir.

Meu celular vibrou no criado-mudo, quebrando o silêncio. Peguei o aparelho e li a mensagem rapidamente. Era o meu cúmplice, o "amigo" que havia me ajudado a sequestrar Giovanna.

"Tudo pronto. Giovanna está lidando com a mensagem, mas ela não está sozinha. Não vai demorar até que comecem a procurar por ela."

Soltei um riso baixo. Claro que começariam. Mas eu estava pronta para isso. Tudo fazia parte do plano. A próxima fase estava prestes a começar.

Deslizei para fora da cama silenciosamente, tomando cuidado para não acordar Enrico. Fui até o espelho, observando meu reflexo. A lingerie vermelha me caía perfeitamente, o símbolo da vitória que eu tanto desejei. Minha mente, no entanto, já estava um passo à frente, planejando o que viria a seguir.

Enrico poderia não estar ciente agora, mas logo acordaria. E quando isso acontecesse, ele estaria no centro de uma tempestade que eu mesma criei. Ele e Giovanna não tinham ideia do que eu ainda era capaz.

— Agora é minha vez de brilhar, Giovanna — murmurei para mim mesma, enquanto me virava para dar uma última olhada em Enrico. Ele continuava alheio ao caos que eu havia trazido para nossas vidas.

Satisfeita, voltei para a cama e me aninhei ao lado dele mais uma vez, esperando o momento em que tudo começaria a ruir... exatamente como eu planejei.

Uma Mafiosa Irresistível - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora