Capitulo 9

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Henrique

O final da tarde já havia chegado e junto com ele os convidados indo embora, havia sobrado muitas poucas pessoas e foi quando eu soube que estava na hora de ir também, passei um com tempo admirando Ada, ela andava pela festa segurando o banco imobiliário e quando não estava com ele estava correndo por aí

Fred: Vamos nessa ?!

Acenei concordando e me levantei ajeitando minha camisa

Henrique: Vou avisar Maitê que estamos de saída

Os dois acenaram enquanto eu sai andando pelo espaço aberto procurando por ela, quando vi que não estava do lado de fora entrei na casa vendo Maitê parada com a amiga

Mônica: Seus pais já foram, como você vai fazer ? Está sem carro !

Maitê: Eu peço um uber, ou algo do tipo

Mônica: Nenhum uber vai entrar em meio de mata May

Maitê: Se sua moto couber mais duas pessoas e muitos presentes eu posso ir com você

Mônica soltou um estralo com a língua e voltei pros meninos vendo eles me olharem com questionamento

Henrique: Vem ! Vou deixar vocês na estrada e de lá vocês pedem um uber

Mateo: Huuum ... e porque podemos saber ?

Henrique: Não ..

Caminhamos até meu carro e entramos, a trilha até a estrada dava quase dez minutos e assim que deixei os dois em frente a um posto voltei pra chácara, o lugar dessa vez já estava praticamente deserto e a noite começava a cair, assim que desci do carro vi Maitê terminando de empilhar os presentes de Ada em um canto e a menina dormindo na rede, caminhei até ela vendo ela se virar de uma vez

Maitê: Que susto

Henrique: Está devendo ?

Maitê: Você não ?

Seus olhos pousaram em Ada e depois em mim

Maitê: Acho que não vai conseguir se despedir dela hoje, ela literalmente apagou

Henrique: Vou levá-las pra casa

Ela me encarou surpresa e me aproximei pegando algumas sacolas dos presentes

Henrique: Eu sei que você precisa de uma carona .. então ..

Estava esperando ela brigar, resmungar, mais ela fez o contrário, agradeceu e começou a me ajudar com as sacolas, meu porta mala estava realmente lotado e então voltamos pra casa onde a vi começar a fechar a casa

Henrique: Posso levá-la pro carro ?

Perguntei vendo Ada dormindo e Maitê apenas concordou, fui até a pequena e peguei no meu colo a levando pro carro e a deitando no banco de trás, havia algumas bolsas minha com uniforme, roupas casuais que normalmente deixava dentro do carro e as mesmas serviram pra proteger Ada de cair no chão caso seu corpo rolasse.
Em cinco minutos estávamos saindo da estrada de terra e pegando uma das vias da cidade

Maitê: Você não precisava se incomodar em levar a gente

Henrique: Sua amiga estava certa, um uber não entraria ali à noite

Ela apenas acenou, meus olhos voltaram pro banco de trás vendo Ada dormir

Maitê: Pode perguntar

Henrique: Não é da minha conta, mais o pai dela ...

Maitê: Eu era imatura na época, tinha 19 anos quando engravidei, estava passando por um momento complicado com a minha mãe, Phill se metendo na história e estava tudo um caos

Henrique: Phill é seu pai ?

Maitê: Pra sociedade ele se enquadra como padrasto, mais eu o considero meu pai, afinal, pai também é aquele que cria e nem sempre só oque faz

Henrique: Entendo

Maitê: Viajei pra casa de uma tia em outro país, sai com minha prima, conheci um homem que era do círculo de amigos dela, uma coisa levou a outra e umas semanas depois descobri que estava grávida ... O procurei e o mesmo disse que não queria ser pai muito menos queria envolvimento

Henrique: Está falando sério ?

Maitê: Ele arcou com os custos da gravidez, meus exames, consultas, hospital, comprou algumas fraldas e roupas e então achou que era o pai do ano, quando Ada nasceu ele a olhou, chorou, disse que era a coisinha mais bonita que já tinha visto mais depois sumiu

Henrique: Você não foi atrás dele ?

Maitê: Não ! Não sou do tipo que cobra obrigações de quem não quer nada, ele liga uma vez ou outra pra falar com ela, na verdade em seis anos de vida ele ligou pra ela apenas três vezes, perguntou se ela estava bem e desligou

Henrique: E ele te ajuda com os gastos dela ?

Maitê negou !

Maitê: Como te disse, na cabeça dele passa que como ele pagou tudo na gravidez não tinha que ajudar mais, eu estava na faculdade e parar não era uma opção, foi quando eu e Phill começamos a melhorar nosso relacionamento, minha mãe trabalhava a noite e Ada chorava que era uma maravilha

Foi inevitável não sorrir em imaginar Ada um bebê chorão

Maitê: Ele me ajudou muito, então desde então sempre fomos nós duas, querendo ou não, o genitor dela é quem sai perdendo, porque ela é especial

Henrique: Nisso eu posso concordar

Ela sorriu e então seguimos em silêncio, depois de um tempo estávamos em frente a sua casa, peguei Ada no colo enquanto Maitê abria a porta e acendia as luzes, caminhei até o quarto da pequena e a depositei com cuidado na cama, o dia realmente tinha sido cansativo já que ela sequer abriu o olho pra nada hora nenhuma.
Quando voltei pra sala Maitê já havia tirado os presentes do carro, olhei ao redor pela primeira vez absorvendo a decoração do lugar

Henrique: Sua casa é bonita

Ela sorriu enquanto fazia um coque mal feito

Maitê: Obrigada

Um clima estranho se instalou quando respirei fundo e andei em direção a porta

Henrique: Você tem meu numero, qualquer coisa me ligue princesa

Ela revirou os olhos e caminhou até mim e me pegou de surpresa ao depositar um beijo em meu rosto

Maitê: Obrigada pela carona Ogro, e também por ter ido a festa

Assenti e abri a porta indo até meu carro, quando me virei ela ainda estava parada na porta e então entrei no meu carro meio que contra minha vontade e fui embora

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