Capitulo 19

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Henrique

Estávamos sentados no sofá e Maitê me encarava com atenção, uma perna estava embaixo do seu corpo enquanto a outra estava dobrada diante do seu corpo, um dos braços escondidos entre seu tronco e a perna e o outro esticado sobre o sofá

Maitê: Ela é uma de suas antigas conquistas ? Se for não me envolva, não quero confusão

Ergui a sobrancelha vendo que ela me encara de um jeito que não sabia decifrar

Maitê: Oque foi ?

Henrique: De onde tirou essa aliança ?

Meu olhar agora estava fixo no anel em seu dedo, ela ergueu a mão olhando pro mesmo e depois fez um sinal com a mão de desdém

Maitê: É só um anel comum, teve uma boa serventia além de apenas enfeitar minha mão

Henrique: Nunca a reparei aí

Maitê: Acredito que você repare apenas no que lhe convém

Dei um sorriso sabendo da duplicidade da sua frase

Maitê: Agora não me enrola ! Quem é a mulher ? Uma namorada? Ex namorada ?

Fiz uma careta com nojo

Henrique: É a minha mãe !

Maitê me encarou com os olhos arregalados, sua boca se abriu várias vezes e nenhum saiu, não sabia qual era o choque da vez mais ela se encostou no sofá e vi sua testa se franzir levemente

Maitê: Sua mãe ? Porque você estava aos berros com ela ? Eu saí correndo do chuveiro achando que a casa estava pegando fogo

Ergui a sobrancelha e sorri

Henrique: Sua preocupação foi tanta que deu tempo de vestir uma roupa bonitinha e ainda arrumar o cabelo ?

Ela jogou uma almofada em minha direção rindo também

Maitê: É sério ! A briga parecia ser feia

Henrique: E era, você ouviu oque a maluca disse antes de ir embora ?

Maitê: Que você estava noivo ? Eu ouvi

Henrique: Ela quer que eu me case apenas pra unir duas familiar e manter o dinheiro na conta dela, faça me o favor

A raiva começava a transbordar de mim novamente, sentia cada músculo do meu corpo se tensionar

Maitê: Você ia machucar sua mãe, você está ciente disso ? Porque tanto rancor ?

Henrique: Já te falei o porque

Maitê: Oque você me contou não justifica o fato de ver você apertando o pescoço da mulher

Henrique: Tem muito mais por trás da minha história May

A vi me encarar de um jeito debochado por ter usado um apelido mais não me importava

Maitê: Estou ouvindo !

Henrique: Não tenho oque reclamar da minha infância, ficava o dia na escola e a noite só queria dormir ou brincar, não sentia falta dos meus pais como crianças normalmente sentem, a base que fui crescendo fui percebendo como meus pais eram, meu pai um grande bastardo, aproveita da reputação que tem para trair minha mãe com qualquer rabo de saia que passe em sua frente e minha mãe se finge de cega apenas para não deixar de ser bancada

Ouvi ela fazer um som com a língua mais continuei com minha história

Henrique: Quando comecei a entrar na adolescência eu não aceitava muito menos entendia muitas coisas que aconteciam e foi quando nossos desentendimentos começaram, o tempo foi passando e as coisas só foram piorando, meu pai queria que eu assumisse seu legado enquanto eu queria coisas totalmente diferentes, minha mãe me apresentava a cada garota que podia na intenção de querer me casar com alguma, enquanto fazia a faculdade trabalhei para outra empresa que não do meu pai como te disse e foi quando as coisas pioraram de vez, meu pai pirou, literalmente .. Ele perdia a razão e me lembro de uma noite ele vir pra cima de mim querendo me bater

Maitê: E oque aconteceu ?

Henrique: Foi instintivo, desviei do soco dele mais acabei revidando, o acertei tão bem que quebrei seu nariz e foi quando ele me colocou pra fora de casa

Maitê me encarava com atenção como se aquilo pudesse explicar alguma coisa

Henrique: Dois dias depois minha mãe me buscou e disse que meu pai se arrependia e então eu voltei pra casa, as coisas realmente deram uma mudada mais quando aceitei o cargo de delegado as coisas novamente mudaram, meu pai sabia que eu sairia das "asas" dele, ele sabia que eu me tornaria independente e não precisaria mais dele já que tanto ele quanto minha mãe sempre queriam ditar oque eu podia ou não fazer e sempre jogar na minha cara que eu comia e bebia de graça.
Uma semana depois que assumi o posto de delegado notei que vinha sendo seguido, até que um dia entrei em um cruzamento e um carro me fechou e deram inúmeros tiros no meu carro, de início achei que era algum caso no qual eu estava trabalhando, mais depois descobri que o mandante nada mais era que meu pai

Maitê: Que absurdo! Ele é louco ?!

Henrique: Naquele dia fui até ele para resolver de vez as pendências, e encontrei minha mãe em casa, ela estava com algumas amigas, encheu as amigas de ilusões dizendo que eu era delegado, que iria fazer a diferença no mundo, que em breve seria um homem comprometido e toda aquela baboseira, mais quando vi meu pai eu perdi a cabeça, brigamos feio e cada palavra que ele pronunciava me doía a alma e minha mãe o apoiava, gritava ao fundo para soltá-lo, que eu era um ninguém, um bastardo, que deveria ter me matado quando descobriu a gravidez e coisas assim

Maitê: Eu sinto muito ..

Henrique: Assim que a briga cessou minha mãe fez exatamente a mesma coisa que fez aqui hoje, me olhou como se tivesse alguma influência ou poder sobre mim, disse que eu me casaria e me tornaria um homem direito, naquele dia mandei os dois irem ao inferno e cortei os laços que possuíamos, cinco anos sem nos vermos ou falarmos e ela teve a ousadia de vir aqui hoje e dizer que irei me casar, vou me casar o escambau, se um dia eu casar vai ser porque eu quero com alguém que amo e não porque ela quer

Maitê me encarava como se colocasse tudo em uma balança, ficamos por cinco minutos apenas encarando um ao outro quando ela se levantou e bateu as mãos no corpo como se tirasse alguma poeira dali

Maitê: Sua mãe é doida, e seu pai faço nem questão de conhecer ... Mais me diga uma coisa, sente falta de uma família ?

Henrique: Quem não sente ? Eu queria uma família que não fosse paranóica

Maitê: Pois bem, vamos sair

A encarei sem entender e me levantei rapidamente enquanto ela apontou em direção ao quarto

Maitê: Vá tomar um banho

Henrique: Onde iremos ?

Maitê: Vou te apresentar sua nova família, agora vamos, anda !

Ela começou a me empurrar em direção ao banheiro e assim eu fiz mais confesso que ainda não havia entendido oque ela queria dizer

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