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Como se não bastasse ter desenhado traços de seu rosto, Jennie ainda fez uma visitinha através de um sonho. Nele estávamos no colégio e corríamos de alguma coisa, eu podia escutar meu coração martelando meus tímpanos e a respiração ofegante de Jennie; segurávamos as mãos com uma força tão intensa que eu podia sentir os nós dos meus dedos ficarem brancos. Entramos no corredor da sala onde tínhamos aula de inglês e a coisa parecia nos alcançar, não importava quanto corressemos.
O corredor foi ficando cada vez mais longo e o tamanho começou a diminuir. Pelo que observei, acabaríamos correndo até o teto nos esmagar, não vi perspectiva de fim. Parei de repente e Jennie me encarou, não disse nada mas seus olhos amedrontados praticamente gritavam "por que parou de correr, sua idiota?". Eu neguei com a cabeça, querendo convencê-la a aceitar nossa fim enquanto a coisa se aproximava.
Em um piscar de olhos o que quer que seja aquilo estava parado em nossa frente. O corpo e fisionomia entregavam que se tratava de uma garota, sua pele coberta por uma camada de sujeira lhe dava um tom escuro, ela não nos olhava, mas algo pingava vindo de seu rosto; verde e gosmento, caia no chão e produzia um som estranho. Cada vez que acontecia a região ia se abrindo. Veneno.
Estávamos mortas, eu sabia, não tínhamos chance alguma, mas eu quis dar mais tempo para que Jennie fugisse daquele coisa.
A coisa levantou a cabeça e eu paralisei de vez. Era eu. Uma versão medonha e mortal.
Acordei ensopada pelo meu suor. Tateei minha cama afim de checar se eu estava em casa, no meu quarto, a salva de mim mesma. Meu coração errou um compasso quando o despertador tocou, já eram seis e meia? Pareceu que eu dormi cinco minutos.
Mesmo exausta me obriguei a fazer todo o velho processo matutino e fui me arrastando para os confins do Inferno. Hoje era um daqueles dias em que você só está respirando porque é algo involuntário.
Nem mesmo a aula de Artes me animou.
No almoço, me escondi dos meus amigos para evitar a irritação que eu tinha certeza que sentiria quando desabafasse com eles sobre meu sonho. O único lugar que ficava vazio nesse horário era a biblioteca - com exceção do período de provas, os mais desesperados almoçavam enquanto estudavam.
Fui para a última seção e encontrei Jennie murmurando com o celular na orelha.
- Sim, senhora. Não esqueci. Tudo bem, limparei tudo assim que chegar. Tchau. Eu te...
Ela fitou o aparelho. Quem quer que seja, desligou na cara dela antes que terminasse a declaração.
- Acho que é a primeira vez que vejo você quebrar uma regra. - eu disse alto, a assustando.
Jennie levou a mão ao peito e fechou os olhos.
- Fala baixo! - ela olhou atrás de mim. Provavelmente checando se a bibliotecária não me escutou. - Eu não ia atender, só que era importante...
- Tá, tá. - eu disse impaciente. - Eu não deveria estar surpresa em você estar aqui, não é?
Ela me olhou inexpressiva.
- Eu vim pegar um livro. - ela murmurou e só então eu reparei que tinha um livro debaixo do braço. - Sexta eu vou ter que resolver um problema em casa. A gente pode estudar lá?
Jennie está me chamando pra estudar na cada dela. É aquele tipo de momento em filmes dos anos 2000 em que a pobre vai visitar a rica.
Eu posso estar me precipitando, afinal, eu não tenho a menor ideia da condição financeira de Jennie, mas tenho certeza que é boa somente pelo fato de estudar aqui.
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The Two Sides of the Coin. | Jensoo
RomanceOnde Jisoo, uma aluna mediana, não entendia porque todos se encantavam pela presidente do grêmio estudantil e acreditava que era por isso que a odiava. ||jensoo||short!fic||