https://open.spotify.com/playlist/6OeiH6P5fYZ4cqe199spCI?si=RYjUH9djTbeJZp7_dQFSZw
Eu não sei onde estava com a cabeça ao decidir ir para aquele aniversário. Senti que iria para o lugar errado, com a roupa errada, o presente errado... sendo a pessoa errada.
Antes, eu estava tão tranquila, com um pouquinho de ansiedade, mas nada fugisse do meu controle... tá, toda vez que pensava nesse aniversário eu ficava ansiosa. A cada hora que se passava ele se aproximava, e, no que pareceu um simples piscar de olhos, sexta-feira chegou.
A única certeza que eu sei é que tenho que ir - e meu presente, o qual fiz questão de guardar em um envelope pardo; não consigo imaginar a vergonha que seria entregar um desenho de seu rosto sem nada para cobrir, minha mãe me mataria se eu entregasse dessa forma.
Dei uma última checada em meu visual, ajeitando o cabelo pela décima vez, peguei meu celular, o envelope e sai do quarto.
Ouvi os roncos do meu pai vindo da sala. Todas os cinco dias da semana eram assim; ele chegava do trabalho, almoçava, deitava no sofá e cochilava até dar o horário do segundo emprego - seis em ponto. Eu acabei acostumando a ter uma relação pai-filha nos finais de semana, e às vezes nem assim porque eu preferia ficar com Jaesuk e Miyeon rodando pela cidade.
Passei por ele, deixando um afago em seu cabelo ralo, fui para cozinha e encontrei minha mãe escrevendo em seu bloco de notas. A mão apoiada na cabeça e a cara de preocupação me fez deduzir que ela estava fazendo as contas do mês.
- Estou indo pra um aniversário. - avisei.
- De quem? - ela perguntou sem olhar para mim.
- Uma colega da sala.
Ela murmurou, largando o lápis e sorrindo para mim, as rugas nos cantos dos olhos à mostra.
- Vai precisar de dinheiro?
É sempre bom ter um dinheiro sobrando e infelizmente eu estava com o dinheiro contado para a ida e a volta de ônibus.
Ainda de longe, passei o olho no bloco; graças a letra enorme dela, pude ver a conta de energia mais alta que o normal. Minha mãe pôs a mão em cima, mas eu já tinha visto.
- Não, eu ainda tenho.
Eu conhecia ela como ninguém. Ela me deu aquele olhar "desculpa, queria poder te dar mais".
- Seu pai ainda deve ter alguns trocados...
- Não quero acordar ele. - eu disse. - Já vou.
- Vou te esperar. - ela usou a frase habitual de quando saio.
Quando estava indo para o ônibus, recebi uma mensagem de Jaesuk me chamando para a casa dele e avisando que Miyeon tinha chegado de viagem.
Há um grande viaduto que separava a vizinhança pobre ou classe média baixíssima da vizinhaça rica. Passei por debaixo sem pressa ou medo de ser assaltada pelos moradores de rua; fui praticando frases para quando visse Jennie e nenhuma soava legal em minha mente.
- Por que ainda dou a mínima? - bufei, apertando os passos, irritada comigo mesma.
Como eu ainda tenho tempo até a festa, acho que não faz mal dar uma passada na casa de Jaesuk. Eu estava com uma saudade enorme de Miyeon como se eu não a visse a semanas.
Os pais de Jaesuk eram a definição de podre de ricos. A casa deles dava um quarteirão inteiro, tinha câmeras de segurança que se movimentavam vinte e quatro horas.
Antes de tocar a campanhia, algo me ocorreu ao olhar para a outra mão. O que eles diriam quando vissem meu presente? Eu poderia inventar algo, mas eu odeio mentir para eles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Two Sides of the Coin. | Jensoo
RomanceOnde Jisoo, uma aluna mediana, não entendia porque todos se encantavam pela presidente do grêmio estudantil e acreditava que era por isso que a odiava. ||jensoo||short!fic||