Stupid Girlfriend - The College Untold Story

Capítulo 2 - Pesadelo

"Não, não, não pode ser!" Foi o primeiro pensamento de Luiza quando viu Valentina entrando por aquela porta da sala de aula e se direcionando até sua mesa:

- Parece que vamos ser colegas de turma, acho que não vou conseguir te deixar em paz.

Luiza ficou muda diante daquelas palavras. Qual o prazer que essa garota teria em lhe atormentar se elas nem se conheciam, e o pouco que se conheceram foi ódio a primeira vista? Não ia se deixar abalar por aquela situação, não foi nada fácil conseguir entrar na faculdade que tanto queria, e não seria uma desconhecida prepotente que iria atrapalhar seus planos de ser bem sucedida na faculdade, afinal tinha que se manter na linha, devido a sua bolsa de estudos, sabia que nada vem fácil quando se tem que batalhar demais.

Valentina foi para o fundo da sala, com aquele ar prepotente, de quem sabe que chama atenção. Sempre foi assim. Valentina era do tipo charmosa que sabia o que queria, como queria e tinha tudo que queria. A única coisa que estava fazendo sem querer fazer era a faculdade de direito, que por pressão familiar acabou acatando e ingressando naquele lugar. Vinha de uma família bem sucedida na área de advocacia, os Albuquerques, com escritório renomado, Igor já estava seguindo os passos dos seus pais, quem seria ela pra ser a filha que iria se rebelar? No fundo, no fundo, queria ser essa rebelde, queria se dedicar ao que mais ama fazer desde a adolescência, fotografar. Mas pra todo mundo, fotografia era só um "hobby", onde já se viu não continuar o legado precioso de seus pais? Frustração, era o sentimento que a definia. Pensou enfim, e jogou as coisas na mesa, sentou e não prestou atenção em nada, nada além dela. A morena do cabelo ondulado, a dançarina dos seus sonhos, a marrentinha mais linda que já tinha visto. Como podia, ser tão linda bravinha daquele jeito? Sorriu com aquele pensamento, e aí que no meio da aula, quando Luiza expressava sua opinião sobre política de cotas:

- Eu discordo da minha nobre colega. Acho que a política de cotas promove ainda mais uma segregação, além de que não ajuda em nada a combater o verdadeiro problema nesse país, que é o ensino público básico. Se todos tiverem um ensino bom, não há necessidade de cotas. É simples gente.

Luiza só faltou voar no pescoço de Valentina diante daquele absurdo, ainda mais sendo bolsista, aquilo lhe feriu pessoalmente.

- Simples? Pra você, que aparentemente teve tudo do bom e do melhor, é simples mesmo não é? E não falo só de ensino não, falo na vida pessoal mesmo. Ou você acha que alguém que mora na periferia, que tem que trabalhar desde cedo para ajudar em casa, e não tem tempo para estudar, pra se dedicar, tem as mesmas condições que você? Mesmo que o ensino público básico fosse classe mundial, se a pessoa não tivesse condição social, ela não estaria disputando de igual pra igual com qualquer outro filhinho de papai. 

- Nossa, mas qual é desse ódio à classe de filhinhos de papai que você tem? Não precisa jogar culpa dos problemas do mundo em quem tá correndo atrás como todo mundo. Vai cobrar mudanças de quem você votou pra te representar, eu hein. - Valentina deu de ombros, um sorrisinho sarcástico e uma piscadinha pra Luiza que só não partiu pra cima da Valentina pra não começar de maneira errada seu período letivo.

Ao fim da aula, Valentina já estava do lado de fora conversando com alguns amigos, quando Luiza e Duda passaram por ela no corredor. Duda não perdeu a oportunidade de jogar umas indiretas pra cima de Valentina:

- Como tem gente que se acha mas nunca saiu da bolha social que vive né. A hora que essa bolha estourar, se é que vai um dia, vai pagar por cada merda que falou na vida.

Valentina apenas sorriu, já tinha conseguido atingir seu objetivo do dia, irritar a mulher mais linda que já viu na vida porque ela ficava ainda mais linda irritada. E tinha conseguido com êxito. Não era a favor de nenhum dos argumentos que utilizou pra confrontar Luiza, inclusive tinha a mesma opinião daquela militantezinha, mas sabia articular e argumentar como ninguém, então foi fácil fazer aquela marrenta perder a compostura.

- Ai Duda, parece que eu tô vivendo um pesadelo tendo que conviver na mesma turma que essa garota, e olha que só conheço ela faz dois dias. Será que vai ser assim durante a faculdade inteira? Eu juro que eu surto. - Luiza falava enquanto caminhavam pela faculdade.

- Amiga, não dá bola, essa Valentina parece que gosta de chamar atenção, se você der palco pra essas bobagens, ela sempre vai conseguir o quer, aparecer. Não liga, se você não der bola, uma hora ela para.

- Você não sabe o ódio que eu fiquei dela defender aquele macho escroto na festa, e agora com essas palhaçadas de todos tem a mesma condição de se dar bem na vida. Que ódio! Vontade de voar na cara dela.

- Maravilhosa, vamos espairecer então e colar no barzinho ali da rua um pouquinho, conhecer mais do pessoal.

- Vamo sim, to precisando de uma cervejinha, porque olha!

Duda e Luiza seguiram pelo corredor, quando trombaram com Igor, que por um acaso do destino, era o cara que Duda tinha ficado durante a festa de recepção. Os dois continuaram trocando mensagens depois daquele dia, e aparentemente estavam se dando muito bem:

- Eai, como foram as aulas? - Igor perguntou sorridente.

- Tranquilo, alguns debates calorosos já no primeiro dia, mas até que foi divertido. Tem alguma coisa importante pra fazer agora, estamos querendo ir no barzinho ali da esquina pra fazer uma social? - Duda continuou a conversa.

- Não, nada. De repente um barzinho é uma boa agora. Só vou ali falar com a minha irmã, e já encontro com vocês então.

- Ok gato. Vamos esperar lá. Bora Luiza?

As duas seguiram enquanto Igor foi de caminho oposto rumo ao encontro de Valentina, que o encontrou já abraçando.

- Eai Teco, como foram as aulas? Diz que gostou um pouquinho pra eu não me sentir culpado de ter ajudado a te convencer a vir estudar direito. - Igor falou como um cãozinho sem dono

- Ai Tico, posso falar? As aulas são um porre, mas não foi de tudo ruim, descobri que aquela marrenta, aquela que discutiu comigo na festa, lembra? Então, ela é da mesma sala que eu, acredita? A única parte feliz do meu dia foi ficar olhando pra ela durante as aulas, e irritar ela, mas só porque ela é uma belezinha quando tá bravinha. - Sorriu

- Só você mesmo e seus métodos bem estranhos de conquista. - Igor deu risada. - Aqui, to querendo colar ali no barzinho da esquina, aquela gata que eu fiquei na festa vai estar lá, acabou de me chamar, você não quer ir não? De lá, depois a gente vai embora.

- Nossa, por favor, já deu minha cota de direito por hoje.

Duda e Luiza chegaram no barzinho, e enviaram mensagem para Carol encontrar com elas por lá também. Igor tinha mandado mensagem avisando que já estava chegando, que ia com sua irmã e uns amigos. Luiza não conseguiu segurar a zoeira pra cima da Duda:

- Amiga, mal ficou com o cara e já vai conhecer a cunhadinha? Semana que vem já vai tá sendo convidada pra almoço em família, com o andar da carruagem.

- Ai Luizaaaa, não amola, conhecer irmã não é nada demais, ainda mais quando se é da galera tá meu bem. Mas sim, não dá pra negar que Igor é super gente boa, e tem uma pegada ma-ra-vi-lho-sa, não dá pra resistir, até se ele convidar pra conhecer a família semana que vem.

As duas riram, e logo chegou Carol e Roger que se juntaram a elas na mesa. Estavam jogando conversa fora, falando sobre o dia, sobra a primeira impressão da faculdade, das pessoas. Até que Duda avistou Igor, que acenou e foi indo em direção a mesa delas, com uma pessoa logo atrás dele.

- Eai galera, tudo bem? Essa aqui é minha irmã, Valentina.

Luiza e Valentina se encararam e os olhares pegaram fogo. Não era possível que a melhor amiga estaria de rolo com o irmão da sua maior inimiga dentro da sala? O pesadelo não ia acabar? Não teria pra onde fugir?

- Luiza, Duda!! Que coincidência maravilhosa!! - Valentina cumprimentou as duas dando o maior dos sorrisos.

- Ué, vocês se conhecem? - Igor estava confuso

- A gente tá na mesma turma, gato! Tudo bem Valentina? - Duda fez a simpática e sorriu.

Luiza apenas desejou que tudo isso fosse só um pesadelo e queria acordar o quanto antes.