O Ato da Deflagração

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De histórias vive o contador.
De mentiras vive o fingidor.
De farsa vive o ator
De detalhes sem pudor.
De sentimentos vive a dor...
E viveu também um dia o amor.

O escárnio grita ao som do rouxinol,
Igualmente o peixe ao toque do anzol.
Ilumina-se à luz do farol
Guardando o ardor sob o lençol,
Protege-te a ti com o cachecol
Enrolado, colorido de sol.

Ressoa nos ouvidos o som
Do júbilo e do temor de um dom.
Permanece em pleno tom
De doce beijo o batom
Por baixo daquele maldito edredom
Ali, aquilo, deveras tudo de bom.

Mundo doce, mundo cruel.
Fostes o mais puro mel
E comprometeu-se, infiel!
Praguejada em um réliz bordel,
Embriagada de venoso hidromel,
Aqui, entregastes a mim brilhante anel.

Coletânea de PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora